04/03/2013

SILVIA MARTINS

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"Croniquites"

Existem poucas coisas na nossa vida que nos ajudem a pôr as prioridades em ordem como uma doença. A rapidez com que nos deparamos com a fragilidade de cada um de nós e a efemeridade das nossas vidas é estonteante a por vezes atordoadora.
Infelizmente, a doença faz parte da vida, bem como a morte, por muito que tentemos esgueirar-nos dela, esquivar-nos dela, ignorá-la, não pensar nela… mas a realidade é tão simples como isto… todos morremos.
Todos temos um fim físico para os corpos que usamos para passear a alma nestas vidas e encararmos isso, dói.
A nossa própria degradação física, as nossas limitações, mais ou menos temporárias, mais ao menos definitivas, custam-nos, mas lidar com isso é inevitável.
Esta semana, por um problema de saúde, como já perceberam, fui levada a “testar” o serviço nacional de saúde, na sua quase totalidade e o balanço é muito mais do que satisfatório. A rapidez na resposta, a aplicação das terapêuticas, mas a razão porque escrevo este texto não é nenhuma das que mencionei até agora, ainda que ande de mãos dadas com todas elas… Hoje, escrevo este texto para agradecer e enaltecer os serviços prestados pelos profissionais de saúde deste país.
Habituamo-nos a criticar tudo e todos, médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde incluídos, diabolizamos os maus exemplos, criticamos as suas regalias e ignoramos propositadamente todo o seu esforço, dedicação e exemplo.
Em cada enfermeiro que conheci vi sempre um lado de empatia, de respeito pela situação em causa, de consideração pela pessoa humana, e nos médicos que me viram, apesar do típico olhar direto das lentes para o ecrã do computador, consegui vislumbrar laivos da paixão que no fundo, deveria ser aquilo que motiva todos os profissionais de saúde: a vontade de ajudar as pessoas. E não digo salvar, intencionalmente, porque muitos infelizmente não podem ser salvos e outros tantos não necessitam mais do que uma ajuda.
Realmente, valores como a compaixão e a entreajuda estão atualmente em desuso, mas é incontestável a falta e o valor que têm.
Todos ficaremos doentes, senão várias vezes, pelo menos algumas, daquelas formas que assustam, ou então, veremos alguém de que gostamos ser levado de nós nas garras destas maleitas. No final de contas, nestes momentos, muito pouco poderemos fazer, a não ser cooperar, facilitar e acreditar. E eu acredito, acredito que ao contrário do que se ouve por aí, nada acontece por acaso e acredito que há anjos na terra.
Esta semana, estou grata! Grata pela ajuda que me foi prestada, por cada palavra, por cada gesto, por cada sorriso e na ausência dele, estou grata pela compaixão demonstrada na sua abstinência.
Não se preocupem que “vaso ruim não quebra”, mas no meio de tudo isto, consegui encontrar o bem que todo este mal me fez!

IN "AÇORIANO ORIENTAL"
01/03/13

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