20/03/2013

RITA LELLO

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Outplaced’ 


 Avanços e recuos na privatização da RTP aparte, surge finalmente a proposta daquilo a que o Governo chama reestruturação do canal público de televisão.

Relvas diz que, nos momentos difíceis por que passamos, o orçamento de Estado não aguenta que lhe seja retirada uma parcela para suprir os desequilíbrios financeiros e operacionais da RTP. 

Estabelecem-se valores teto e metas, aplaude-se a mobilidade interna e o ‘outplacement', aumenta-se a contribuição audiovisual que pagamos mensalmente na factura da EDP - não se retira do orçamento para que já contribuímos, retira-se mesmo directamente do nosso bolso, outra vez - e o Governo, aplaudindo, chuta para a mandatada administração da empresa a responsabilidade da execução do plano de reestruturação - vulgo despedimentos em forma de rescisão amigável mas se não chegar avança-se mesmo para o despedimento colectivo.

Esta reestruturação não tem senão como objectivo garantir a competitividade que permitirá que a empresa seja uma boa aposta quando voltar ao mercado. É simples o processo, e aliás coerente com a prática do Governo nas mais variadas áreas: afunda-se a RTP e depois, alegando insustentabilidade, afirma-se que não há solução senão a privatização. Porque é esse o objectivo do Governo desde a sua formação, privatizar a RTP e acabar com o serviço público.

Só que o serviço público de televisão, a cultura e a informação não são um buraco negro de escoamento dos recursos públicos. O serviço público é um pilar da democracia e é nos momentos de crise que o Estado mais deve apoia-lo e garantir a sua existência.

O serviço público existe para promover a divulgação e a democratização da cultura erudita, para elevar a qualidade na cultura mediática de massas e para ser o garante de uma informação pluralista. Ora a persecução destes objectivos só pode ser assegurada por uma empresa pública, uma televisão com meios e capacidade para garantir a sua própria e autónoma produção de qualidade.
 
Actriz 

IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
18/03/13 

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