HOJE NO
"PÚBLICO"
Governo não conseguiu extinguir
27 fundações
Oposição das autarquias, governos regionais e universidades travou parte das extinções propostas pelo executivo.
Das mais de 400 fundações avaliadas no processo de revisão dos apoios
financeiros, o Governo não conseguiu extinguir 27 entidades sob alçada
das universidades, autarquias e governos regionais, que travaram a
proposta do executivo, seja porque rejeitaram esse cenário, seja por
ausência de resposta.
No caso das fundações que
estão fora da Administração Central do Estado, o Governo teve de obter
luz verde das universidades, das autarquias e dos governos regionais
para avançar com extinções, agora que o diploma foi publicado em Diário da República, nesta sexta-feira.
Ao todo, foram 27 as entidades que permanecem como fundações,
apesar de o Governo ter proposto que fossem extintas. No caso das
autarquias e governos regionais, foram rejeitadas 12 propostas (entre
elas, a Fundação Bienal de Arte de Cerveira, do Município de Vila Nova
de Cerveira) e quatro também não vão desaparecer por falta de resposta
às recomendações do executivo (é o caso da Fundação Madeira Classic, sob
alçada do Governo Regional da Madeira).
Quanto às universidades,
sete fundações evitaram a extinção porque as instituições de ensino
rejeitaram esse cenário. Assim aconteceu com a Fundação Carlos Lloyd de
Braga (Universidade do Minho), a Fundação Cultural da Universidade de
Coimbra, a Fundação Museu da Ciência (Universidade de Coimbra), a
Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Fundação
da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a
Fundação Luis de Molina (Universidade de Évora) e a Fundação para o
Desenvolvimento da Universidade do Algarve (Universidade do Algarve).
Por
ausência de comunicação sobre a proposta do executivo, o mesmo sucedeu
com quatro fundações de instituições superiores: Fernão de Magalhães
para o Desenvolvimento (Instituto Politécnico de Viana do Castelo),
Fundação Gomes Teixeira (Fundação da Universidade do Porto), Fundação
Instituto Politécnico do Porto (Instituto Politécnico do Porto) e FNE —
Fundação Nova Europa (Universidade da Beira Interior).
Feitas as
contas, autarquias, governos regionais e universidades aceitaram 20 das
59 propostas de extinções, cortes nos apoios públicos ou cancelamento de
registo (como fundação).
Poupança de 150 milhões de euros
Na resolução publicada em Diário da República,
constam decisões sobre a extinção ou redução total ou parcial do apoio
financeiro a 423 fundações. Com o processo, o Governo prevê uma poupança
anual na ordem de 150 milhões de euros.
No que diz respeito às
fundações sob a administração central do Estado, em que a decisão do
Governo prevalece (ao contrário do que aconteceu com todas as propostas
feitas às autarquias, regiões autónomas e universidades), a resolução
agora publicada determina, como o PÚBLICO avançou quando o dossier foi
levado a Conselho de Ministros, a extinção definitiva da Fundação Cidade
de Guimarães, da Fundação Alter Real e da Fundação para a Computação
Científica Nacional.
Há outras 14 fundações que deixarão de
receber qualquer apoio público, como é o caso da Fundação Oriente e da
Fundação para as Comunicações Móveis. Quanto a cortes no financiamento,
apenas uma entidade sofrerá uma redução de 20% (a Fundação Centro
Cultural de Belém) e outras 43 terão 30% das verbas do Estado
canceladas. Deste grupo fazem parte, por exemplo, a Fundação Serralves e
a Fundação Mário Soares. Há ainda um corte de 50% para a Fundação
Portuguesa das Comunicações.
O Governo decidiu ainda cancelar os
apoios públicos a dez fundações da administração central do Estado por
falta de reconhecimento e ainda cancelar o estatuto de utilidade pública
a outras três entidades, como a Fundação Manuel Simões e a Fundação
Frei Pedro.
As propostas de decisão sobre as fundações já tinham
sido aprovadas em Conselho de Ministros a 25 de Setembro, na sequência
de uma análise efectuada desde o início de 2012, mas foi depois
determinada uma fase de audiências prévias aos interessados, seguindo-se
uma avaliação final de um grupo de trabalho.
A avaliação, segundo adianta o Governo em Diário da República,
foi feita com base nas prioridades de cada sector, na premência da
redução de despesa pública e na procura de equidade, tendo em conta a
capacidade de autonomização das fundações. O Governo vai reavaliar as
decisões tomadas agora no próximo ano.
Entre 2008 e 2010, os
apoios públicos concedidos a fundações ascenderam a cerca de 820 milhões
de euros, o que representa apoios de cerca de 275 milhões por ano. Os
150 milhões de poupança anual estipulados pelo Governo representam um
corte de cerca de 55% nas verbas concedidas a estas entidades.
* 27 fundações para dar jobs aos boys.
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