18/02/2013

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

União Europeia vai impor “restrições severas” às remunerações dos banqueiros 

Apesar da oposição de Londres, a União Europeia está pronta para avançar com legislação para limitar as remunerações dos gestores da banca. O valor dos bónus não poderá superar o salário.
A União Europeia vai avançar com legislação para limitar as remunerações dos banqueiros que, de acordo com o Financial Times, inclui as “restrições mais severas” desde que teve início a crise com origem no sector financeiro, em 2008.

De acordo com o jornal britânico, as negociações para adoptar uma maior restrição às remunerações dos banqueiros terá nesta uma semana decisiva, com Londres aparentemente a ser derrotada num assunto deveras importante para a City da capital do Reino Unido.

A iniciativa de adoptar esta legislação mais restritiva tem sido liderada pelo Parlamento Europeu e tem agora o apoio da França, bem como da Alemanha, que não quer que este tema dos bónus dos banqueiros comprometa a adopção de regras de capital mais exigentes para o sector financeiro.

A Irlanda, que tem neste semestre a presidência rotativa da União Europeia, confia que tem já o apoio da maioria dos países sobre esta legislação, pelo que pretende passar a proposta de legislação ao Parlamento Europeu nesta quinta-feira.

Uma das regras propostas passa por limitar o valor dos bónus pagos aos banqueiros ao valor dos seus salários. O valor do bónus só poderá no máximo duplicar o salário caso tenha um apoio de uma grande maioria dos accionistas do banco em causa.

Actualmente grande parte das remunerações dos banqueiros advém de prémios e bónus. É precisamente isto que Bruxelas pretende contrariar, impedindo assim os banqueiros de adoptarem uma gestão mais arriscada para ganharem prémios em prazos curtos.

Na City os banqueiros estão em “pânico”

Londres está contra a imposição deste rácio entre bónus e salários, argumentando que o resultado será a subida acentuada do valor do salário fixo mensal dos banqueiros. “Sempre fomos a favor de um regime mais rigoroso, mas temos que ter a certeza que uma reforma não crie incentivos involuntários que venha a resultar no contrário daquilo que se pretende”, refere o Governo britânico num documento sobre esta proposta, citado pelo FT.   

Se neste rácio a probabilidade de Bruxelas ceder a Londres é diminuta, há outras pretensões britânicas que podem ser acolhidas. Uma delas passa por não obrigar os bancos europeus a aplicar estas restrições salariais às filiais que detêm fora da União Europeia.

Na City em Londres a proposta legislativa está a ser muito mal recebida. “Os bancos estão em pânico”, disse ao FT um diplomata envolvido nas negociações. “Sempre pensaram que o Reino Unido e a Alemanha os iriam salvar”, acrescentou.   

De acordo com o jornal britânico, Berlim estará ao lado do Parlamento Europeu nesta temática dos salários dos banqueiros, para garantir que os deputados não bloqueiam a imposição de rácios de capital mais robustos ao sistema financeiro.

O ministro das Finanças britânico tem mantido conversações com o seu homólogo alemão sobre os salários dos banqueiros, mas sem o apoio de Wolfgang Schäuble, George Osborne não deverá enfrentar sozinho esta batalha na União Europeia, na qual poderia sair derrotado e com a imagem de ser defensor dos grandes bónus para os banqueiros.

 * Só  Jardim Gonçalves continua incólume na indignidade salarial

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