HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Alexandre Relvas testa vinho
em garrafas de plástico
O projecto agrícola do presidente da Logoplaste
aumentou 15% as vendas no ano passado e prepara-se para surpreender este
sector tradicional para responder à exigência de um cliente
internacional.
A Casa Agrícola Alexandre Relvas (CAAR)
vendeu 2,5 milhões de garrafas de vinho em 2012, aumentando a
facturação em 15%, para 5,5 milhões de euros, disse ao Negócios
o administrador, Alexandre Relvas. Num ano de “consolidação de
mercados” – e são mais de 30 países –, o crescimento foi sustentado
sobretudo pela actividade no estrangeiro, que já vale 70% do negócio.
Bélgica, China, Estados Unidos, Brasil e Alemanha são os principais
mercados para os vinhos produzidos na Herdade de São Miguel e na Herdade
da Pimenta, localizadas no Redondo, onde trabalham 30 pessoas. Ao todo,
a empresa agrícola conta com 150 clientes e 15 mil postos de venda em
todo o mundo. “Pelo clima económico em Portugal e porque queremos
continuar a crescer e consolidar o projecto, os grandes caminhos de
crescimento são no mercado internacional”. A Rússia e na Coreia do Sul
serão as grandes apostas para este ano.
Questionado sobre a ligação deste negócio à Logoplaste, em que
partilha o cargo de CEO com Filipe de Botton, Alexandre Relvas revelou
ao Negócios que vai “lançar brevemente os primeiros
vinhos em PET” [Politereftalato de etileno, um polímero termoplástico],
para corresponder ao pedido “de uma grandes superfícies” com quem
trabalha no estrangeiro. “Há uma associação entre as duas actividades
[porque] alguns clientes internacionais, grandes superfícies, começam a
pedir vinhos em PET”. Outra inovação recente foi a inclusão nos rótulos de uma tinta especial que muda a cor quando o produto atinge a temperatura certa para consumo.
A operar num sector muito tradicional, que sempre engarrafou em
vidro, o empresário explicou que apenas está a “respeitar as tendências
de mercado” e não se sente “condicionado por nenhum tipo de
preconceito”. Lembrou até que a mesma resistência surgiu inicialmente
com o “bag-in-box” [vinho em caixas de cartão] ou com o uso das tampas
de rosca. “São tendências de mercado a que não se pode deixar de dar
atenção e temos de ter resposta. Somos também produtores de cortiça
[plantou 100 hectares de sobreiro], mas não podemos deixar de ter tampa
de rosca para os clientes que a solicitem”, acrescentou.
Aproveitar a boleia internacional dos retalhistas
Apesar de assentar o aumento das vendas na exportação, a CAAR também
cresceu “a uma taxa ligeiramente mais baixa” no mercado interno. Para o
ganho de quota de mercado em Portugal tem contribuído a “parceria
estreita com as grandes superfícies, como o Continente, Pingo Doce e o
grupo Auchan”, que apresentou como “parceiros comerciais sólidos e
incentivadores”. Quer aproveitar inclusive a internacionalização destas
retalhistas para colocar mais vinhos no estrangeiro, dando o exemplo da
entrada da Jerónimo Martins na Colômbia, com quem já cooperou na
Polónia.
Em 2013, o objectivo é atingir as três milhões de garrafas vendidas, o
equivalente a sete milhões de euros, e subir a quota de exportação para
75%. No médio prazo, perspectivou, quer chegar às cinco milhões de
garrafas, o que permitirá à CAAR ter dimensão e ganhar competitividade,
mas também exigirá novos investimentos.
A produção de uva nos 100 hectares de vinha não chega para as
necessidades, obrigando a comprar 70% da matéria-prima a outros
produtores da região, onde “há muita uva disponível a preços
competitivos”. Daí que não pretenda investir em vinha nos próximos anos,
concentrando o plano de investimentos na área comercial e de
vinificação.
Apesar de ter três linhas de marcas – Herdade de São Miguel, São
Miguel dos Descobridores e Ciconia – no total são sete as marcas que a
produtora tem no mercado. Isso não retira eficácia em termos de
promoção? “Traz complexidade em termos de produção, enchimento e
armazenagem e do ponto de vista comercial aparentemente não permite
investir numa marca, mas nos mercados internacionais, onde dificilmente
teremos notoriedade (só o Mateus Rose tem), esta divisão em três marcas
permite alargar o número de distribuidores e mais proximidade com os
consumidores”, respondeu Alexandre Relvas.
* Vinho e vidro casam bem...
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