20/01/2013

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ESTA SEMANA NO
"VIDA ECONÓMICA"


Administração Pública e banca são os principais responsáveis pela fraca prestação do mercado das TI 

Mercado nacional das Tecnologias de Informação caiu 4% em 2012 

O mercado nacional das Tecnologias de Informação caiu 4% em 2012, segundo as contas da IDC, uma das principais analistas e consultoras do setor tecnológico. A “Vida Económica” esteve à conversa com Gabriel Coimbra, o diretor-geral em Portugal, que nos explicou o que passou em 2012 e nos deu algumas luzes do que o ano que agora entrou nos reserva. Uma coisa é certa, as Tecnologias de Informação vão ter uns árduos 12 meses pela frente, até porque a Administração Pública, responsável por grande parte dos gastos nacionais de TI, está – não é novo – a reduzir despesa.
O ano de 2012 não foi propriamente simpático para as Tecnologias de Informação. Os números da IDC – que são provisórios, já que nem todas as empesas publicaram os seus relatórios de contas – apontam para uma retração de 4% na despesa total. Uma tendência que se tem vindo a registar nos últimos anos, pois Portugal já vinha de quebras de 11%, 7% e 8% em 2011, 2010 e 2009 respetivamente. Feitas as contas, o mercado de TI vai perder mais de um quarto do seu valor em cinco anos (2009 – 2013). Ou seja, mais de 1,2 mil milhões de euros. E, diz a IDC, esta despesa só volta a crescer em 2014 e, mesmo assim, em uns tímidos 2,2%. Mais contas: a crescer 2,2% ao ano vamos necessitar de 15 anos para recuperar o que perdemos em cinco. Tão “simples” quanto isto.

A liderar esta prestação negativa esteve o hardware, com uma retração de 5,2%, software -4,4 e serviços -2,1, acabando por ser este setor o que menos performance negativa teve. “É o quarto ano que temos vindo a decrescer. Para este ano, continuamos a prever que mercado caia mais ligeiramente, cerca de 1,6%. Ou seja, se olharmos para os últimos cinco anos, tivemos uma quebra superior a um quarto do valor de mercado, o que é muito significativo”, disse à “Vida Económica” Gabriel Coimbra, diretor-geral da IDC Portugal.

Crise, crise e crise
A prestação menos positiva do mercado português foi explicada por Gabriel Coimbra obviamente com a crise financeira, económica e política que continua a ter impacto na performance nacional. “Os anos 2007 e 2008 foram de crescimentos bastante significativos, acima do que acontecia na Europa, já que nessa altura tivemos fortes investimentos por parte da Administração Pública. Nomeadamente no Plano Tecnológica da Educação, no e-escolas, no e-escolinhas… Ou seja, o investimento da AP, mais o investimento no mercado do consumo, mais o crescimento do mercado empresarial fez com que 2007 e 2008 apresentassem taxas de crescimento muito significativas e até superiores às registadas no resto da Europa”. Em 2009, já se verificou uma retração por parte do mercado empresarial e de consumo, sendo que 2010 e 2011, com o agravar da crise económica, as reduções assolaram todos os segmentos: consumo, investimento por parte das empresas e investimento por parte do Estado.

Estado e banca responsáveis por metade dos gastos em TI
Gabriel Coimbra reitera que a crise económica é a principal razão para a contração do mercado, sendo a redução do investimento da Administração Pública nas Tecnologias de Informação um dos fatores mais relevantes e impactantes. Até porque, diz Gabriel Coimbra, o Estado e o setor financeiro representam quase 50% dos gastos em tecnologias de informação em Portugal. “A crise financeira afetou sobretudo a banca, mas a crise económica e a posterior intervenção do FMI acabou por ter um efeito muito grande na AP. Ou seja, estes 50% do mercado reduziram de forma bastante acentuada nos últimos anos. Depois, os restantes setores acabaram por sentir estes efeitos. Houve apenas alguns nichos de mercado que continuaram a crescer, mas, na sua globalidade, todos os setores apresentaram quebras”.

Investimentos estagnam em 2013
Para 2013, Gabriel Coimbra profetiza que os dois setores, quer a AP quer o setor financeiro, vão estabilizar. “Há três anos que estes setores têm grandes quebras. Acreditamos que em 2013 vão estar estagnados, sendo que deverão investir mais ou menos o mesmo do que em 2012. Já estivemos a olhar para o Orçamento de Estado e o valor do investimento em Tecnologias de Informação é ligeiramente maior do que o do ano passado. Provavelmente porque alguns dos projetos não foram concretizados em 2012, transitando para o corrente ano”.
Já o consumo vai continuar a retrair e em termos de empresas haverá um misto, segundo a IDC. Algumas empresas vão aumentar ligeiramente o seu investimento em TI – pois haviam reduzido muito nos últimos anos – e outras vão continuar a reduzir ou mesmo desaparecer, consoante o contexto económico. “O número de falências tem um impacto muito grande, pois são empresas que simplesmente deixam de investir em TI. De consumir TI. Nas grandes organizações, prevemos um crescimento em algumas áreas, muito influenciado pelo facto de também elas terem reduzido brutalmente os seus investimentos neste setor nos últimos anos”. Tudo isto basicamente para dizer que o mercado vai uma vez mais retrair. Este ano em 1,6%.


Explicação convincente

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