20/01/2013

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"SOL"

Uma casa 100% portuguesa 

Incentivar os portugueses a acreditarem nos produtos e nas técnicas das empresas do país, utilizando exclusivamente materiais nacionais, foi o objectivo para construir, no Porto, a Casa dos Portugueses.

Uma casa construída exclusivamente com produtos portugueses foi o grande desafio lançado pela Modal, uma agência criativa, ao arquitecto do Porto, Carlos Prata, e a mais 20 empresas nacionais que actuam na área da construção e materiais. Foi assim que nasceu a Casa dos Portugueses, que pretendeu acima de tudo incentivar à produção e aquisição do que é português. 

Carlos Prata, recentemente galardoado com o Prémio João Almada 2012, pela Câmara Municipal do Porto, projectou uma casa de 200 metros quadrados que esteve presente na feira da Exponor – Projecto Casa 2012.

A cortiça como material português de excelência, e cada vez com mais importância no mercado da construção; as novas soluções para os telhados e revestimentos, com cerâmicas portuguesas; ou novos materiais de alta tecnologia fabricados em Portugal, foram alguns dos produtos presentes nesta casa nacional. Para o arquitecto, o maior desafio foi o de tentar conseguir mostrar uma ‘casa’ com uma imagem de conjunto qualificada, integrando todos os produtos que os expositores pretendiam divulgar. Muitas vezes a ideia de conjunto difere bastante das intenções parcelares.

O arquitecto tem a opinião de que os portugueses são capazes do melhor que em algum lado se faça. «Basta ver na arquitectura, em que o Porto é, provavelmente, a cidade do mundo com a maior densidade de prémios Pritzker por metro quadrado. E no sector da construção produzimos materiais da melhor qualidade e construímos com uma excelência que é reconhecida internacionalmente. Apenas temos de elevar a nossa auto-estima e sermos capazes de colectivamente valorizar e publicitar o que de bom se faz», salienta.

Promover Portugal
Para Bruno Moreira, sócio-gerente da Modal, a Casa dos Portugueses surgiu com o objectivo de promover o que de melhor se faz em Portugal, na companhia de empresas portuguesas, ou então de empresas internacionais que estão sediadas em Portugal e que contribuem, diariamente, para a nossa economia.

O projecto foi pensado de origem, enquadrando os materiais de raiz, para que todos tivessem o seu devido espaço. A grande inovação da Casa dos Portugueses esteve na forma como foi mostrada ao público, dando valor à lógica dos materiais utilizados, inclusivamente na construção mais ‘bruta’ da casa.

O responsável da Modal explica que o arquitecto concebeu todo o espaço, em corte, como se estivesse perante uma casa cortada ao meio, na qual os visitantes podiam ver de perto e tocar nos materiais de construção da própria casa. «Acreditamos também que, além do conceito, todos quantos visitaram a feira ficaram com a percepção de que em Portugal se produz tudo quanto é necessário à construção. Quando decidimos construir uma casa, podemos fazê-lo utilizando o que é nosso e contribuir para a sobrevivência e o sucesso das empresas portuguesas», salienta Bruno Moreira.

Descrença no mercado
Bruno Moreira revela que a luta pelos ‘sim’ das empresas não foi fácil. Houve algumas que desde um primeiro contacto mostraram todo o interesse em participar; outras não se mostraram disponíveis para estar no projecto. «Acreditamos que a descrença na aposta no mercado português, assim como as reticências quanto a uma participação financeira, não ajudaram em muitos dos casos, mas sentimos que alguns possíveis participantes preferiram esperar para ver», esclarece.

Na verdade, as empresas portuguesas estão neste momento de alguma formar descrentes quanto ao futuro do sector, mas é nestas alturas que é necessário mostrar que Portugal tem capacidade e qualidade para ultrapassar as dificuldades. Carlos Prata reconhece que nas crises colocam-se sempre desafios à criatividade. E conhecem-se projectos inovadores nas áreas do projecto/construção e do imobiliário que mereciam ser apoiados. «Infelizmente o seu desenvolvimento é por vezes dificultado pela incapacidade dos poderes públicos o reconhecerem. E também por não existirem políticas de médio e longo prazo. Basta ver o que se passou com o entendimento sobre a investigação em energias renováveis, que rapidamente passou de estruturalmente relevante para ineficaz e sem interesse», admite o arquitecto.

Contudo, o mais importante é continuar a desafiar os obstáculos e superá-los. Para já, Bruno Moreira acredita que este projecto é um incentivo ao produto português e à capacidade das empresas nacionais de fazerem bem, de acordo com as melhores técnicas e tecnologias. É por isso que a Modal pretende consolidar este projecto. Foi apresentado na cidade do Porto, mas poderá no futuro também mostrado em Lisboa e até ir ainda mais longe, noutros países.

* Inteligência portuguesa.

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