29/12/2012

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HOJE NO
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Partidos têm 300 mil militantes. 
PS com o dobro das novas adesões 
do PSD de Passos 

 Desde que Passos chegou ao poder, o PS conquistou o dobro dos militantes dos sociais-democratas 

Um ano e meio de governo de coligação e as contas fazem-se desta forma: 9900 novos militantes para um lado (PSD) contra 19552 para o outro (PS), desde 21 de Junho de 2011, dia da tomada de posse. 

A contabilização dos custos, ao fim de 18 meses de governação, torna evidentes as consequências para o aparelho de cada um dos dois principais partidos em Portugal, com o PSD a ficar mal na fotografia.
Nestes 18 meses, os socialistas viram o universo de novos militantes no partido crescer 23,4% (para um universo actual de cerca de 83500), ao mesmo tempo que o PSD (que, apesar de tudo, tem um número de militantes consideravelmente superior, ficando um pouco acima dos 113 mil) conseguiu reunir novos adeptos em torno da política de austeridade e aumentar em 8,75% os números de militantes, desde o dia 5 de Junho de 2011, segundo dados disponibilizados ao i pelos partidos.

Já o Bloco de Esquerda, que disponibilizou o número de novas adesões desde que Passos ganhou as eleições legislativas, a 5 de Junho de 2011, refere que entraram para o partido 613 novos militantes. Nos dados apresentados publicamente pelo PCP no último congresso do partido, em Novembro deste ano, os comunistas davam conta de 5800 novas inscrições desde o encontro anterior (que aconteceu em 2008). Em média, isso representaria 2175 novas adesões ao longo dos últimos 18 meses de governo de coligação, sendo que tinham aderido ao partido, em 2012, 1100 novos militantes. No CDS, esse número fixou-se, este ano, em 1914 novos reforços.

Se tivermos em conta os dados fornecidos ao i dos cinco partidos com representação parlamentar, existem quase 300 mil portugueses que são filiados em partidos. A maioria em partidos de direita. PSD e CDS tem juntos quase 143 mil filiados. A esquerda – PS, PCP e BE – tempouco mais de 120 mil.

PSD é o partido com mais filiados
Ao comparar o perfil dos militantes dos dois maiores partidos portugueses, a primeira imagem é evidente: o PSD deixa o PS a quase 30 mil filiados no activo de distância, com 113 161 para o primeiro e 83 524 para o segundo.
 O maior grupo de militantes social-democratas tem entre 30 e 39 anos de idade, mas há 500 militantes – 0,44% do universo – que têm entre 90 e 99 anos e três que, tendo as contas com o PSD em dia, já completaram cem anos. O segundo maior grupo de filiados é composto por elementos que têm entre 20 e 29 anos, com quase 20 600 militantes, mas a maior parte do universo – 60,16% – está actualmente abaixo dos 50 anos de idade. No extremo inferior da tabela estão os jovens com 18 e 19 anos, que não vão além dos 0,79%, correspondentes a 899 militantes.
Na dispersão geográfica, a maior concentração de filiados está no distrito do Porto, com 19 309 militantes (17,06%). A Área Metropolitana de Lisboa surge a seguir, com 13,97% do total, quase 16 mil filiados. Mas é nas regiões autónomas que surgem os dados mais curiosos: os Açores (com cerca de 247 mil habitantes, segundo o censo de 2011) tem 8,33% dos militantes sociais- -democratas (9421), enquanto a Madeira – bastião de décadas do partido –, com quase 268 mil habitantes, tem apenas 6,57% desse universo (7433).
O partido de Passos Coelho tem inscritas quase 40 mil mulheres, ou seja, 35% do total.
PS. Aposentados e funcionários públicos em força
O militantes socialista inscreve-se no partido, em média, com 39 anos, embora a média de idades dos militantes seja nesta altura de quase 50 anos.
Se olharmos para o momento em que aderiram ao partido, o 
maior número (23,53%) tem apenas o ensino primário completo, uma situação que, ressalva fonte do PS, pode ter sofrido alterações ao longo da militância, com uma evolução académica.
Feitas as contas, quando entraram para o Partido Socialista, 25,64% dos novos militantes frequentavam ou tinham já completado a frequência no ensino superior, sendo 0,24% doutorados. Por outro lado, 0,7% não tinham qualquer frequência escolar no momento inicial, e desses 0,27% não saberiam sequer ler nem escrever.
Quanto à ocupação profissional, e excluindo a categoria “outros” (com mais de 17 mil adesões), o grupo com mais militantes é o dos aposentados, com quase 9 mil. Em segundo lugar estão os estudantes (7117) e em terceiro os desempregados, que, reportando à data de adesão, contavam mais de 5700 inscrições.
No activo, a maior parte dos filiados no PS pertenciam à categoria de trabalhadores administrativos da função pública, com 4329 do total, mas há também carteiros e estafetas (1224), cozinheiros (414), empresários/proprietários (2946) e mecânicos (619).
PCP. O partido que continua a ser dos operários
O PCP tem mais de 60 mil militantes (60 484, uma informação actualizada em Setembro deste ano), pertencendo 41% desses filiados à categoria dos “operários”. 

Estes números posicionam os comunistas como o terceiro partido em Portugal, quando o critério de hierarquia se pauta exclusivamente pelo número de militantes com as quotas em dia. A realidade manteve-se mesmo depois de, na contabilização de 2008, o partido ter perdido cerca de um quarto dos militantes face ao que era esperado pela direcção nacional e face à contagem anterior, feita quatro anos antes.
No partido português com mais anos de história – faz 82, em Março de 2013 –, a maior parte dos militantes (na ordem dos 45%) tem entre 41 e 64 anos, uma percentagem que sobe para os 61% se nesta contabilização forem incluídos os militantes comunistas que têm menos de 40 anos de idade (16%), como dão conta os dados tornados públicos pelo PCP aquando do último congresso nacional, em Almada, há menos de um mês.
No seu universo de militantes, o partido conta com um rácio que, em termos simples, resulta na existência de menos de um terço de mulheres filiadas que de homens (69,9% dos militantes são do sexo masculino), facto que põe os comunistas atrás dos dois principais partidos em termos de proporcionalidade de género.
CDS. Centristas batem recorde com regresso ao governo
Porto (17,8%), Lisboa (15,2%) e Braga (8,2%) são os distritos que compõem o top 3 da militância no CDS. Juntos somam mais de 12 mil dos quase 30 mil militantes democratas-cristãos. Beja, no extremo oposto, não tem mais de 206 filiados. E, à imagem do que acontece com o PSD, o CDS tem mais militantes nos Açores (7,9% do total, correspondentes a 2340 pessoas) que na Madeira (4% e 1178 militantes).
No capítulo da formação académica, o CDS fica à frente do PS no que concerne ao número de militantes sem qualquer nível de escolaridade completa (ainda que em apenas três décimas, com 1%, contra os 0,27% dos socialistas). Mas o maior grupo de filiados é composto por aqueles que neste momento ainda frequentam, ou têm como escolaridade máxima cumprida, o ensino secundário (44%) e que, somados àqueles que assinalaram ter ficado pelo ensino primário, ascendem aos 64% do universo de militantes no Largo do Caldas. É possível que a subida ao poder tenha contribuído para isso, mas a verdade é que em 2011 o CDS aumentou 4260 novos elementos o universo de militantes, um valor sem precedentes desde a fundação do partido, ainda que desde o primeiro momento esse número tenha vindo a aumentar de forma ininterrupta. Desses militantes (excluindo “indefinidos”), o maior grupo é o dos reformados (17%), somando os bancários, os médicos e os economistas 1% cada.
BE continua longe dos outros partidos 
Talvez por ser o mais recente partido português com representação parlamentar, o Bloco de Esquerda (BE) fica em último lugar na contabilização dos militantes, tendo actualmente menos de 9 mil filiados com as quotas em dia. A média de idades, essa, fica bem perto dos 44 anos (43,8).
Sobre a ocupação profissional dos militantes, ou mesmo sobre a escolaridade que têm – ou que tinham no momento em que aderiram ao partido –, os bloquistas referem que “não existem dados fiáveis” que permitam fazer um raio X rigoroso ao seu universo de militantes.
Mas há pelo menos dados disponíveis sobre a fidelidade dos filiados. Segundo os dados disponibilizados ao i, os militantes do BE mantêm em média 5,35 anos de quotas em dia. Por outras palavras, pouco mais de cinco anos é o tempo médio de militância no BE, um partido que conta menos de 15 anos de existência – foi fundado em 1998.
Já os dados sobre a média de idades que os militantes tinham no momento em que aderiram ao partido contrastam com a imagem pública que se foi construindo à volta do Bloco de Esquerda. Em média, os novos militantes tinham 38,2 anos, um valor que não difere muito, por exemplo, da média de idades para o Partido Socialista – cerca de 39 anos.
* O que está a dar é os jovens matricularem-se nos partidos, obterem o canudo partidário e procurarem equivalências numa universidade.
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