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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Juiz conselheiro do Constitucional
Recolha de imagens pela polícia
na RTP "é ilegal"
O juiz conselheiro do Tribunal Constitucional Guilherme da Fonseca afirmou hoje que a atuação policial de 14 de novembro e a recolha de imagens não editadas na RTP "são ilegais" e "só podem explicar-se com um interesse ilegítimo" da polícia.
"A conclusão que
eu tiro é que [se tratou de uma] atividade ilegal e ilícita das
autoridades policiais, com violação do direito ao sigilo profissional
dos jornalistas", afirmou Guilherme da Fonseca, durante uma iniciativa
organizada pela Comissão de Trabalhadores da RTP.
Para o juiz
conselheiro, esta atuação "só pode explicar-se por um interesse
ilegítimo das autoridades policiais para a possível identificação de
suspeitos que participaram nestes acontecimentos".
No entanto,
explicou o responsável, salvaguardando que falava a título pessoal, "a
obtenção destas imagens na RTP não vale nada, é ilegitima e é passível
de juízos criminais".
O juiz conselheiro considerou ainda que
houve "vários patamares de ilegalidade e de ilegitimidade" nos
acontecimentos de 14 de novembro, dia de greve geral, frente ao
parlamento.
"As atuações policiais [foram] excessivas e
desproporcionadas, contrariam os limites constitucionais. Esta atuação
policial, pelo excesso que revela, merece a censura constitucional e não
tem cobertura na lei de segurança interna", afirmou.
Relativamente
ao acesso por parte das autoridades policiais às imagens não editadas
recolhidas pelas equipas de reportagem da RTP, Guilherme da Fonseca
referiu que, "no que toca à obtenção das imagens, não há nenhuma
cobertura legal", uma vez que esse acesso "não foi precedido de nenhuma
autorização das autoridades judiciárias competentes", explicou.
O
juiz conselheiro disse ainda que estes direitos "podem conflituar" com o
direito à justiça: "Mas, neste caso, é fácil, porque não há
verdadeiramente nenhuma confrontação entre os direitos fundamentais e o
direito à justiça", defendeu Guilherme da Fonseca.
O responsável
participava no debate "Caso Brutosgate: perspetivas jurídicas e
deontológicas", uma iniciativa promovida hoje pela Comissão de
Trabalhadores da estação pública de televisão.
No final de
novembro, a administração da RTP emitiu um comunicado no qual afirma que
os "responsáveis da direção de informação facultaram a elementos
estranhos à empresa" imagens dos incidentes ocorridos a 14 de novembro,
dia da greve geral, em frente ao parlamento e adianta que foi aberto um
inquérito. Na sequência desta polémica, o diretor de informação da RTP,
Nuno Santos, anunciou a sua demissão do cargo, rejeitando essa acusação.
Num
esclarecimento divulgado após notícias sobre a alegada cedência pela
RTP de imagens da manifestação do passado dia 14, a PSP refere que "não
possui, nem nunca teve na sua posse, quaisquer imagens dos operadores
televisivos que não sejam as emitidas pelos diversos canais dessas
televisões".
* Que não se olhe para os polícias como os responsáveis por estes visionamentos, porque os orquestradores são os mesmos que lincharam Nuno Santos, era incómodo, os novos chefes são fiéis a Relvas.
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