12/11/2012

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HOJE NO
"PÚBLICO"

O lugar das mulheres chinesas é ao fogão, por isso não têm cargos políticos 

A China proclama a igualdade entre homems e mulheres e Mao Tsetung disse que elas são "metade do céu". Mas é um machismo insidioso que domina a política chinesa, um desiquilíbrio que continua com a nova equipa dirigente, que é nomeada na quinta-feira, no dia de encerramento do 18.º Congresso do Partido Comunista Chinês.

Vinte e três por cento dos mais de 2200 delegados reunidos em Pequim são mulheres. Mas a grande maioria delas tem um papel neutro, limitando-se a ratificar as decisões já tomadas nos círculos restritos e que são essencialemnte masculinos. 

Quanto mais se sobe na hierarquia política chinesa, mais a presença das mulheres se torna rara. No Comité Central do partido apenas 6% dos membros são mulheres; no Bureau político, um órgão de 25 elementos, há apenas uma mulher; o Comité Permanente (o mais poderoso na hierarquia) nunca integrou uma mulher.
Só Jiang Qing, que era a mulher de Mao, que foi presa, julgada e condenada à morte depois do marido morrer, em 1976, pertenceu à direcção suprema do PCC durante a Revolução Cultural (1966/76); o organismo era então diferente do que é hoje.

Neste 18.º Congresso está em curso uma renovação de lugares — enrte 60 e 70% dos líderes mudam. Mas a maior parte dos analistas ouvidos pela AFP diz não esperar a promoção da única mulher no Politburo, Liu Yandong, que poderá mesmo perder o posto. Antes dela, outra mulher, Wu Yi, foi vice-primeira-ministra e a revista Forbes considerou-a uma das mulheres mais poderosas do mundo pois foi ela quem negociou a entrada da China na Organização Mundial do Comércio. Era a ministra da Saúde no momento da eclosão do surto de SARS (pneumonia atípica).

Os historiadores explicam que a fraca presença feminina nos cargos de decisão chineses se deve à mentalidade. A cultura política está solidamente ancorada no universo masculino e na tradição das noitadas de homens em clubes. "Eles reinam na política chinesa onde existe uma atmosfera de clube, são todos velhos amigos", diz Leta Hong Fincher, investigadora na Universidade de Tsinghua, em Pequim, e especialista em questões de paridade.

 A agência Nova China publicou este ano um trabalho sobre o tema em que dizia que as mulheres são confrontadas com uma "sub-cultura" política, que é burocrática e tem rituais — o consumo de álcool, por exemplo, ao qual elas não aderem —, tendo por isso dificuldade em integrar-se.
 Uma sondagem/inquérito realizada pela Federação das Mulheres (um organismo do Estado) em 2010 revelou que 62% dos homens e 55% das mulheres chineses consideram que o melhor papel para a mulher é em frente ao fogão. 

Como em outros países, as chinesas deparam-se com discriminação no trabalho, sendo pagas abaixo das tabelas usadas para os homens. Ns cidades ganham 67% do salário masculino para um trabalho igual, no campo a diferença é ainda maior e ganham apenas 55%, segundo o mesmo inquérito.

"Não podemos pedir aos homens qualificados para se demitirem para entrarem mulheres para os lugares", disse Han Xiaoyun, delegada no Congresso do Povo (Assembleia Nacional Popular, o órgão legislativo que reúne uma vez por ano, em Março; este ano confirmará os nomes dos novos dirigentes). Em 1997 o Governo estabeleceu que a Assembleia Popular deveria ter no mínimo 22% de mulheres. Actualmente tem 21%.

* Mas quem pensa que a "democrática ditadura" chinesa, a quem o governo português faz a vénia, poderia ter comportamento respeitoso para com as mulheres chinesas.

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