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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
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Submarinos
Miguel Horta e Costa admite terem
sido pagas falsas contrapartidas
O consultor admite contrapartidas fictícias cobertas por facturas no caso dos dois submarinos alemães vendidos a Portugal em 2004.
A inquirição da testemunha Miguel Horta e Costa, à data dos
factos consultor da ESCOM, revelou-se bastante atribulada, com a
testemunha a esquivar-se às perguntas do procurador Vítor Pinto e a ser
advertido pela juíza Judite Fonseca de que tinha que responder
diretamente e com verdade às perguntas.
"A inquirição desta forma é perfeitamente anormal", comentou, a certa
altura a juíza presidente, observando que estava a obter declarações a
"saca-rolhas". Miguel Horta e Costa revelou que entrou em "total
desacordo" na fase final do negócio das contrapartidas, quando a empresa
alemã Ferrostaal mudou de direcção e passou a ser o arguido H.Wereteck a
liderar as negociações, que envolviam o consórcio português ACECIA do
ramo automóvel.
Segundo a testemunha, ouvida durante a manhã nas varas criminais
de Lisboa, a nova equipa da Ferrostaal "tinha ideias opostas" e
basicamente "procuravam encontrar soluções baratas", o que motivou
"discussões" e "discordância permanente".
Confrontado com um documento que consta dos autos sobre uma reunião
com os alemães da Ferrostaal e com a ACECIA, representada por Palma
Féria, a testemunha reconheceu ter dito na altura que havia facturas que
estavam a ser passadas a "coberto de contrapartidas".
"Ninguém gostou do que eu disse", recordou a testemunha, vincando que
sempre se preocupou com os interesses de Portugal no negócio. À saída
do tribunal, Miguel Horta e Costa recusou-se a dizer se com isso estava a
confirmar a burla imputada pela acusação aos arguidos deste processo,
num caso que envolve ainda o crime de falsificação de documentos.
Diante do coletivo de juízes, a testemunha chegou a dizer,
a propósito das suas divergências com a Ferrostaal, que "não conseguia
fazer contrapartidas que não fossem as que Portugal precisa", criticando
a forma como a nova equipa da Ferrostaal abordou o problema e os
interesses portugueses.
Miguel Horta e Costa, que esteve envolvido no negócio das fragatas no
anos 80 e que propôs à ESCOM negócios como o novo aeroporto de Lisboa ,
submarinos e helicópteros, referiu contudo que a Ferrostal foi muito
"injustiçada" no trabalho feito na Lisnave, durante a era Guterres.
A testemunha continua a ser ouvida durante a tarde de hoje. O
processo das contrapartidas dos dois submarinos envolve 10 arguidos
(três alemães e sete portugueses) que estão acusados de burla
qualificada e falsificação de documentos, num processo que terá lesado o
Estado português em mais de 30 milhões de euros.
O Estado português contratualizou com o consórcio GSC a compra
de dois submarinos em 2004, por 1000 milhões de euros, quando Durão
Barroso era primeiro-ministro e Paulo Portas era ministro da Defesa
Nacional.
* Vigarices de gente muito bem e bem na vida.
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