23/11/2012

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Papa diz que Jesus 
não nasceu no dia de Natal

 Cristo nasceu anos antes do que sempre se disse, segundo o papa Bento XVI. Afinal onde estava o menino a 25 de Dezembro? 

“Naquele tempo César Augusto emitiu um édito para que se recenseasse todo o império. Todos se iam registar, cada um na sua cidade. José, que era descendente de David, teve de ir para Belém, para lá se registar com Maria. Enquanto estavam nesta cidade, Maria teve o seu filho primogénito. Embrulhou-o em paninhos e deitou-o numa manjedoura pois não havia lugar para eles na hospedaria.”

Esqueça tudo isto. Aparentemente, o Evangelho de São Lucas está cheio de imprecisões e de interpretações erradas de factos, locais e datas.
O que o édito exigia era que todos participassem no censo com o objectivo principal de pagar impostos. Isto porque as despesas militares com as legiões romanas atingiam valores exorbitantes e César Augusto estava desesperado para resolver essas carências de fundos, destinadas a suportar as suas tropas espalhadas pelo mundo “habitado” (Dio Cassius, “História de Roma”).

Para equilibrar esse défice, Augusto “estabeleceu uma taxa de 5 por cento sobre heranças e legados deixados pelas pessoas que morriam, com excepção das muito pobres”. Mas como o dinheiro não chegava lançou mão de uma colecta obrigatória em todo o império, uma espécie de pagamento especial por conta.

Na verdade, não há nenhuma prova de que tivesse ocorrido um censo populacional em todo o Império Romano, pois de contrário teria havido registos históricos do acontecimento noutras partes desse vasto império. Em segundo lugar, Quirino não foi nomeado governador da Síria e da Judeia antes do ano 6 a. C.
Dúvidas deste tipo há às dezenas, mas o papa Bento XVI tornou-as desnecessárias ao escrever no seu livro “Jesus da Nazaré - A Infância de Jesus” que o salvador nasceu anos antes do que se pensava. O calendário cristão terá sido baseado num erro inicial de cálculo, declara o papa.

“O cálculo do início do nosso calendário, baseado no nascimento de Jesus, foi feito por um monge nascido na Europa do Leste”, afirma.
O “culpado” está assim encontrado. Tratou-se de um monge do século vi chamado Dionísio, o Pequeno, o responsável pela enorme trapalhada que o antigo cardeal Joseph Ratzinger vem agora esclarecer. “A verdadeira data do nascimento de Jesus foi vários anos anterior.”
As consequências deste pequeno esclarecimento serão doravante imprevisíveis e monumentais para cristãos e até não cristãos.

A afirmação de que o calendário está errado não é nova e tem sido defendida por historiadores de diferentes épocas. Alguns afirmam que Jesus nasceu algures entre os anos 7 a. C. e 2 d. C.
A data do nascimento de Cristo não é a única grande controvérsia criada pela obra do Papa. Bento XVI também escreveu que a tradicional cena do presépio, com um burro e uma vaca no estábulo, representando a Natividade, não se passou assim. Nem a terra de nascimento, nem a data, nem o bafo quente dos animais sobre o menino enregelado nas palhinhas deitado!
Para concluir, a noção de que Cristo teria nascido a 25 de Dezembro é falsa. A festa está apenas ligada ao solstício de Inverno e a celebrações pagãs. Lá se vai definitivamente o conceito da infalibilidade dos papas (dos que antecederam Bento XVI).

Afinal, o poeta Ary dos Santos tinha razão: “Natal é em Dezembro, mas em Maio pode ser/Natal é em Setembro/É quando um homem quiser..."

* Uma mentira  com mais de dois mil anos que agora é reconhecida.
Uma mentira que o governo determina como feriado e recusa a verdade do 5 de Outubro.

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