21/11/2012

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HOJE NO
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Censos 2011. 
Metade dos portugueses 
não produzem riqueza 

 Em 2001, 44,2% dos portugueses eram economicamente inactivos. Em dez anos, o número já representa metade da população Há cada vez mais portugueses a receber reformas, pensões e subsídios e menos pessoas a trabalhar e a gerar riqueza. Segundo os resultados definitivos do Censo de 2011, divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), só 48% da população auferia, no ano passado, rendimentos provenientes do trabalho. E quase metade das pessoas, 49,4%, eram economicamente inactivas.

Segundo as estatísticas, em 2011, 27% dos portugueses recebiam pensões ou reformas, 18% da população com mais de 15 anos estava dependente da família (não auferindo rendimentos próprios), 3,3% viviam do subsídio de desemprego e 1,1% do rendimento social de inserção (RSI).

No espaço de uma década, e comparando as estatísticas mais recentes com as do Censo de 2001, aumentou o número de portugueses a receber reformas (de 23,8% em 2001 para 27% em 2011), a receber o rendimento mínimo (0,5% para 1,1%), a receber subsídio de desemprego (2,2% para 3,3%) e a cargo de familiares (17,7% para 18% em 2011). Contas feitas, no ano de 2001, 44,2% dos portugueses não geravam riqueza e uma década depois o número já representa quase metade da população (49,4%). Já o número de portugueses que trabalham baixou de 52,6% para 49,9%.
Numa altura em que está lançada a discussão em torno da sustentabilidade do Estado social, as estatísticas revelam ainda que há cada vez menos população activa em Portugal em relação ao número de idosos: em 2011 houve mais pessoas a sair do mercado de trabalho do que a entrar e há uma década por cada 100 trabalhadores que saíam entravam 143, mas no ano passado o índice de rejuvenescimento da população activa foi, segundo o Censo, de apenas 94. Isto é, por cada 100 pessoas que deixaram o mercado de trabalho só entraram 94.

O próprio ministro das Finanças mostrou-se anteontem preocupado com estes desequilíbrios. Na intervenção do sexto exame regular do programa de ajustamento económico, Vítor Gaspar referiu--se, pela primeira vez, aos indicadores demográficos do país. “A evolução social e demográfica em Portugal coloca um peso crescente sobre a despesa pública”, considerou o ministro.

Segundo os resultados do Censo, Vítor Gaspar tem razões para estar preocupado: se por um lado a população portuguesa até aumentou 2% na última década (há mais 206 mil habitantes que em 2001), o índice de envelhecimento da população agravou-se, passando de 102 para 129. Ou seja, o ano passado por cada 100 jovens existiam 129 idosos. O Alentejo é a região mais envelhecida. No total, a percentagem de jovens diminuiu de 16% para 15% e a de idosos cresceu de 16% para 19%, acentuando a tendência para o envelhecimento da população verificada nas últimas décadas.

As estatísticas mostram que o aumento da população se ficou a dever sobretudo à entrada de 188 652 imigrantes em Portugal e não tanto ao saldo natural (número de nascimentos menos o de óbitos), que foi de apenas 17 409 pessoas. Por outro lado, a média de idades da população portuguesa subiu, num espaço de dez anos, de 39 para 42 anos.

Meio milhão de analfabetos  
O Censo mostra que cerca de 500 mil portugueses não sabem ler nem escrever. O número de analfabetos caiu para metade na última década, mas Portugal continua a ser o país da Europa com a maior taxa de analfabetismo. Ainda assim, o número de portugueses com mais de 23 anos que completaram o ensino superior duplicou, passando de 9% para 15%. A maioria dos licenciados, 60%, são mulheres.
 O que também aumentou significativamente foi o número de famílias monoparentais, que subiram 36% face a 2011. Metade dos portugueses vivem, por outro lado, concentrados em apenas 33 dos 308 municípios existentes em Portugal: Santa Cruz, Mafra, Alcochete e Sesimbra são os concelhos que ganharam mais habitantes.

* Um retrato pouco simpático do país.

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