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Estudo premiado revela que uma em cada três crianças é exposta ao fumo do tabaco
Uma em cada três crianças é exposta ao fumo do tabaco em casa e um
quarto das crianças são expostas ao fumo no carro, revela um estudo da
Universidade do Minho que acaba de ser premiado pela Sociedade
Portuguesa de Pediatria.
A investigação “Crianças expostas ao fumo ambiental de tabaco em casa e
no carro em Portugal” foi coordenada por José Precioso, do Instituto de
Educação da Universidade do Minho, e contou com mais de 3000 crianças de
nove concelhos. O trabalho permitiu concluir que uma em cada três
crianças é exposta ao fumo do tabaco em casa e um quarto das crianças
são expostas ao fumo no carro.
O Grande Prémio Sociedade
Portuguesa de Pediatria distingue anualmente o melhor trabalho ou
comunicação oral apresentado no congresso nacional desta área. A
comunicação premiada foi apresentada este mês no 13.º Congresso
Português de Pediatria, por Henedina Antunes, do Instituto de
Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho e
pediatra no Hospital de Braga.
“É fundamental que os pais
protejam a saúde dos filhos. Os pediatras devem aconselhar os pais a não
fumarem em casa. Os professores, no âmbito do programa 'Domicílios 100%
Livres de Fumo', estão já a ensinar as crianças a protegerem-se desta
agressão”, afirmou José Precioso. O investigador alertou, ainda, para a
importância de “discutir mitos e falsas crenças associados com a
exposição de crianças”, como “fumar em casa e no carro quando a criança
não está presente evita a contaminação” ou “fumar na cozinha ou perto da
janela não expõe a criança”.
Endurecer lei do tabaco
O
prémio surge numa altura em que o Governo estuda formas de apertar mais
a lei do tabaco para espaços fechados. Em vigor há quase cinco anos, a
ideia do Executivo é que a legislação fique mais dura, pelo que não está
excluída a hipótese de proibir quem transporta crianças de fumar no
carro.
Isto apesar de um estudo da Sociedade Portuguesa de
Pneumologia indicar que nos primeiros quatro anos da nova lei 64% dos
inquiridos tenham deixado de fumar quando estão ao pé de filhos,
crianças ou mulheres grávidas. Mais de um quarto dos fumadores (27,2%)
deixou de fumar dentro de casa e um quinto (19,9%) não voltou a acender
um cigarro no carro. Também um estudo da Universidade do Minho divulgado
em Maio diz que a prevalência das crianças expostas ao fumo do tabaco
diminuiu 23,3% entre 2007 e 2011.
Mães na cozinha, pais perto da janela
A
amostra do trabalho premiado contou com 3187 alunos que frequentavam o
4.º ano de escolaridade no ano lectivo 2010/2011. A equipa de José
Precioso percebeu que a exposição das crianças era mais comum nas mães
fumadoras (70%) do que nos pais (57%) e que quando os progenitores têm
menos que o 9.º ano de escolaridade a situação é mais frequente.
Quanto
a locais, as mães tendem a fumar mais na cozinha e os pais, irmãos e
convidados fumam sobretudo em zonas próximas de janelas ou quando há uma
porta aberta para o exterior. No que diz respeito aos carros, metade
dos filhos transportados por pais fumadores são expostos ao tabaco.
Já
em 2008 José Precioso tinha lançado o projecto “Domicílios sem Fumo”,
ainda em curso, e através do qual conseguiu reduzir o número de crianças
expostas ao fumo de tabaco dos pais, mesmo quando estes não deixavam de
fumar. O programa é uma adaptação mais simples de um projecto de uma
agência ambiental norte-americana e consiste na prevenção junto dos
alunos. As crianças são incentivadas a protegerem-se do fumo e a fazerem
um acordo escrito com os pais sobre o tema.
Tabagismo passivo mata 600 mil ao ano
O
tabagismo passivo provoca mais de 600 mil mortes por ano em todo o
mundo, sendo que 165 mil dessas vítimas são crianças, segundo um estudo
de 2010 da revista britânica The Lancet. As crianças são as primeiras vítimas do tabagismo passivo, uma vez que, que muitos pais fumam em casa.
No trabalho premiado, além da Universidade do
Minho, estiveram envolvidos investigadores das universidades do Porto,
Beira Interior, Santiago de Compostela, Évora, Administração Regional de
Saúde do Norte, Câmara Municipal de Viana do Castelo, Hospital de
Braga, Hospital CUF Descobertas, Instituto Catalão de Oncologia de
Barcelona e Agência de Saúde Pública de Barcelona.
* Já quase nos acusaram de anti-tabagistas primários, não o somos, mas o texto da notícia dispensa comentários.
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