29/10/2012

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HOJE NO
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Restaurante abre no Cartaxo com conceito inovador - à porta fechada e sem preços 

O aviso é prévio: “O Condestável não é restaurante, hotel, albergaria ou turismo de habitação”. É simplesmente a ‘casa’ onde se recebem, à porta fechada, os “comensais” e onde a palavra “pagar não existe”.

Autodidata na arte de cozinhar, Luis Suspiro abriu em setembro, na aldeia da Ereira (Cartaxo), no espaço ampliado do seu antigo (e primeiro) restaurante “O Condestável”, o que classifica de “conceito inovador e único”: um lugar onde se pode comer e dormir e onde não existem preços.
“É um risco calculado, porque sabemos que as pessoas que nos visitam são pessoas de bem com a vida”, responde quando questionado sobre a possibilidade de alguma das suas “visitas” não retribuir de forma justa o modo como é acolhida.
A partir de uma antiga adega, onde há 19 anos abriu o seu primeiro restaurante, o chefe cozinheiro erigiu, nos últimos três anos, um amplo espaço preenchido entre outros aspetos com salões, um jardim e sete quartos.

Místico – à entrada tem uma capela com as imagens do santo da sua devoção, de nossa senhora de Fátima e de Jesus Cristo, a quem chama os seus “sócios”.
“Este é um ato de felicidade, de quem está bem com a vida depois de ter estado às portas da morte”, disse à agência Lusa, aludindo ao combate a um cancro que travou nos últimos anos.
Na Ereira recebe informalmente quem chega – “estamos abertos para todo o tipo de pessoas, independentemente da condição social, cor política ou religiosa” -, acompanhando os pratos que serve – “é uma cozinha de cariz fortemente rural, de raiz popular, que depois refino” – de explicações – “depois de uma preparação inicial, o osso buco de vitela é estufado em vácuo, lentamente, durante oito a nove horas” – e de uma boa dose de conversa.
No dia em que recebeu a Lusa, entre os comensais estava um antigo forcado de Portalegre, motivo para recordar o seu passado de forcado em grupos de Santarém e do Cartaxo e para ler excertos do livro “Uma cozinha com raízes”, no qual conta a sua vida e revela algumas das suas receitas.

“Os críticos chamam-me excessivo nas doses, mas os meus excessos são a forma de servir a minha generosidade. Os meus clientes sentem a minha alma, os meus sentimentos e não passam fome”, afirmou.

Afastado da “feira de vaidades”, que considera ter-se transformado o mundo da chamada “alta cozinha” – por si, prefere o termo “cozinha elaborada”.

À porta, junto à campainha, lê-se: “Este é um lugar de culto à nobre arte da restauração, do bem comer e beber. Cá dentro há pessoas educadas com humildade e fidalguia no trato a servir e a receber. Tratamos a cozinha portuguesa como forma de arte e com a dignidade que ela merece. Se vossa excelência vem para desfrutar destes prazeres e sensações, se faz favor toque a campainha”.

* Conhecemos bem a cozinha do Chefe Suspiro, boa e farta,  e concordamos quando refere a feira de vaidades do mundo da alta cozinha. 
Há pouquíssimos chefes em Portugal que pertencem verdadeiramente a esse mundo e numerosos aprendizes de feiticeiro com os quais já enfiámos valentes barretes apesar do vedetismo com que alguma comunicação social, mais que suspeita, os mima, paneleirices!!!
Desejamos-lhe sucesso.

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