HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Portugal é dos países
mais desiguais da UE
O fosso entre ricos e pobres baixou nos últimos 20 anos, mas Portugal é dos mais desiguais da UE.
O fosso entre os mais pobres e os mais ricos diminuiu ligeiramente
em Portugal nas últimas duas décadas, mas o país permanece como um dos
"mais desiguais da União Europeia", segundo o estudo "Desigualdade
Económica em Portugal".
JARDIM ÇONÇALVES |
"Ao longo dos últimos anos, a desigualdade familiar tem vindo a
atenuar-se ligeiramente, como é demonstrado pela redução do índice de
Gini [que aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos
mais ricos] em cerca de cinco pontos percentuais entre 1993 e 2009",
refere o estudo, realizado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão
(ISEG) para a Fundação Manuel dos Santos.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador do trabalho ressalvou
que o estudo termina em 2009, último ano para o qual existem
estatísticas oficiais sobre a distribuição do rendimento em Portugal:
"De alguma forma, ele fica na antecâmara da actual crise".
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Carlos Farinha Rodrigues observou que o estudo termina num ano que,
provavelmente, representará "o fim de um ciclo de redução das
desigualdades". "Todos os sinais que nós temos aponta para que a
probabilidade de haver uma inversão deste ciclo é muito grande", frisou.
Portugal é um país com elevados níveis de desigualdade de rendimentos
familiares e salariais, que faz com que seja "um dos países mais
desiguais da Europa", disse à agência Lusa Carlos Farinha Rodrigues.
"Esta evolução da desigualdade das famílias está intimamente
associada à evolução dos rendimentos das famílias mais pobres em
Portugal", explicou. Entre 1993 e 2009, a proporção do rendimento total
auferido pelos cinco por cento da população mais pobre duplicou. Para
esta situação contribuíram "as políticas sociais que viram o seu papel
de redução da desigualdade aumentar fortemente" e "uma evolução dos
rendimentos que permitiu uma distribuição mais equilibrada".
ESPÍRITO SANTO |
Contudo, ao longo do mesmo período aumentaram as desigualdades
salariais."As desigualdades familiares diminuíram, ainda que pouco,
essencialmente porque os indivíduos de menores rendimentos viram a sua
situação melhorar", enquanto as desigualdades salariais aumentaram "por
via do aumento dos rendimentos dos indivíduos que têm salários mais
elevados".
O estudo analisou o impacto do sistema fiscal sobre a distribuição do
rendimento e a desigualdade, tendo concluído que a acção conjunta do
IRS e das contribuições para a Segurança Social correspondia, em 2009, a
uma diminuição média de cerca de 20% dos rendimentos brutos auferidos
pelas famílias.
BELMIRO CONTINENTE |
"Hoje fala-se muito nas políticas fiscais, dizendo que estão a
atingir essencialmente a classe média. É verdade que muitas destas
políticas têm efeitos extremamente perversos sobre esta classe", frisou.
O economista alertou que, apesar dessas medidas não afetarem os
indivíduos mais pobres, com "a diminuição das políticas sociais e o
aumento do desemprego vai também atingir as classes mais desprotegidas
em Portugal".
"As políticas fiscais que estão neste momento a ser desenhadas e
nomeadamente as que se anunciam para o Orçamento do Estado claramente
evidenciam uma diminuição da progressividade do sistema fiscal",
sustentou. O economista explicou que, quando se reduzem os escalões e
simultaneamente aumentam as taxas, "a capacidade de redistribuição do
rendimento das políticas fiscais vai diminuir".
"Também por essa via a política fiscal vai reduzir a sua capacidade
de atenuar as desigualdades e vai constituir também um elemento de
agravamento das desigualdades em Portugal", advertiu. O estudo vai ser
debatido na quinta-feira, no Conselho Económico e Social.
* Uma história de vilanagem com protagonistas bem conhecidos.
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