Tesourinho deprimente
Ao fim de tantos anos, já devíamos estar habituados.
Mas há sempre uma expectativa que num cenário de crise e de grande
dificuldade que o país e a Região atravessam, o homem que está há mais
anos a governar tivesse alguma coisa de relevante a dizer ao povo.
Mas a entrevista de Alberto João Jardim ao “dr. Vítor Gonçalves”
arrisca-se a ir directamente para o baú dos ‘tesourinhos deprimentes’ da
televisão pública. Seria engraçado, não fosse o momento trágico.
É uma pena que o jornalista – a quem vi muitas críticas, mas cujas
dificuldades compreendo bem – até tenha preparado bem as perguntas, mas
não estivesse minimamente preparado para as não respostas de Jardim.
Para aquele estilo ‘bom vivant’, porreiraço’ com o qual se esquiva de
dar resposta a tudo o que é importante. E assim as pessoas ficaram a
saber que os sustos que a saúde pregou ao presidente do Governo
Regional levaram a que tivesse mais cuidados e que tivesse deixado de
fumar (bom para ele), mas ficaram a zeros quanto aos efeitos que outros
sustos económicos terão tido. O mais que se soube foi que se morresse
alguém por falta de dinheiro para garantir o bom funcionamento dos
serviços de saúde, Lisboa iria para tribunal. Como se tivesse sido o
poder central a decidir as opções governativas do Funchal.
Ficou-se a saber que para Jardim a candidatura de Miguel Albuquerque
não é um exercício democrático normal num partido que carrega esse
desígnio, mas uma “garotice”. E que o líder insular quer-se ir embora,
mas ainda não teve oportunidade. E quando as perguntas se tornavam mais
sérias, aqui-d’el- Rei, senhor jornalista, agora pergunto eu. E devolvia
os garlhadetes. “Então com tanta coisa importante para me perguntar,
vai contar quantas vezes eu anunciei que me ia embora”, desviava.
Ficou tudo por responder. Ficou a Madeira sem saber qual o rumo a
seguir. Se vêm aí mais impostos, se o risco da bancarrota é real, como é
que a Região vai arranjar receitas para cumprir o plano de assistência e
garantir que continua a receber verbas?.
A Madeira ficou ao escuro. Para o país, passou a ideia de um tipo porreiro, que sabe receber, que recorre até à bajulação para esconder o que está cada vez mais à vista de todos.
A Madeira ficou ao escuro. Para o país, passou a ideia de um tipo porreiro, que sabe receber, que recorre até à bajulação para esconder o que está cada vez mais à vista de todos.
Ainda não perdi a esperança de alguém dar um murro na mesa. Se Jardim
não quer responder, que se acabe a entrevista prematuramente. Que não
se sorria, que não se condescenda como se faz a um simpático avozinho.
Se o presidente do Governo queria ser tratado como tal, já devia ter
calçado as pantufas.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
21/09/12
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Vai encerrando o blog enquanto ainda tás vivo palhaço. Com a Madeira ninguém se mete.
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