HOJE NO
"PÚBLICO"
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Crato utilizou Novas Oportunidades para justificar diminuição de alunos
Ministro Nuno Crato comparou estatísticas de um ano de expansão das
Novas Oportunidades com outro onde o programa estava a acabar e concluiu
que há menos 200 mil alunos.
Duzentos mil alunos a menos em três anos? O
ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, voltou segunda-feira a
afirmar que foi isso que aconteceu em Portugal no ensino básico e
secundário, segundo ele por razões demográficas, o que justificaria a
também diminuição do número de docentes necessários.
O que o
ministro não disse na altura, mas ontem o gabinete de imprensa do
Ministério da Educação e Ciência (MEC) confirmou ao PÚBLICO, é que
aquele número foi alcançado contabilizando os mais de 100 mil adultos
que em 2008/2009, ano que utilizou como referência, estavam inscritos
nas Novas Oportunidades, um programa entretanto extinto e que no ano
lectivo passado - cujos dados serviram de termos de comparação - já se
encontrava moribundo.
Em 2008/2009, só em processos de
reconhecimento de validade e certificação de competências (RVCC) estavam
inscritos, no continente, cerca de 130 mil adultos, que passaram a
engrossar as fileiras do ensino público nas estatísticas da educação. Os
processos RVCC eram conduzidos por técnicos nos Centros Novas
Oportunidades, que deixarão de existir no final de Dezembro e que
praticamente já não abriram inscrições no ano lectivo passado, quando o
programa entrou em reavaliação e só foi garantido financiamento até
Agosto passado.
No cálculo para a redução de alunos, o MEC não
contou com as ilhas. Contando com os adultos inscritos nestes processos,
as estatísticas oficiais do ministério dão conta que em 2008/2009
existiam 1,5 milhões de alunos no ensino público no continente. Os dados
provisórios respeitantes ao ano lectivo passado, que foram utilizados
pelo ministério para calcular a redução do número de alunos, por
comparação a 2008/2009, referem a existência de 1,3 milhões de
estudantes. O ministério não discriminou quantos destes são jovens e
quantos são adultos, o que torna difícil uma comparação com os dados de
há três anos.
Na verdade, entre 2008/2009 e 2010/2011, último
ano com estatísticas publicadas, no ensino público do continente a
redução do número de jovens alunos foi apenas de 9112. De 1.311.428 em
2008/2009 passou-se para 1.302.316 em 2010/2011. No ensino secundário
registou-se um acréscimo de 10.462 e no básico uma quebra de 21.152. No
pré-escolar ganharam-se mais 1572 crianças.
O "ARRELVADOR" |
O relatório sobre o
estado da educação (Education at Glance) ontem divulgado pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê
que, por comparação com 2005, a percentagem de jovens entre os 15 e os
19 anos que estarão a estudar em 2015 terá um aumento de 10%. Numa nota
enviada às redacções, o MEC alarga o intervalo, frisando que os dados
apresentados apontam para uma redução, entre 2010 e 2015, de alunos
entre os 5 e os 19 anos, acrescentando que se confirma a "tendência já
apontada pelo ministério em relação aos últimos anos".
* Esta é a história de um matemático considerado e respeitado na área científica que aceita aldrabar estatísticas para justificar a política do seu ministério nesta orgia de poder político existente em Portugal.. Mais um "arrelvado"!
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