12/09/2012

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HOJE NO
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Vítor Gaspar tem fé na redução 
do gás, da luz e dos combustíveis 

 Ministro espera que pressão da opinião leve a EDP e Galp a baixarem preços com o jackpot da TSU 

Vítor Gaspar jurou ontem à noite em entrevista à SIC que a baixa da TSU para as empresas e a subida de sete pontos percentuais nos descontos para a Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações dos trabalhadores privados e do Estado não foram a contrapartida exigida pela troika para dar mais um ano a Portugal para reduzir o défice das contas públicas para valores abaixo dos 3%. 
 Mas o momento mais irónico aconteceu quando José Gomes Ferreira, o entrevistador, perguntou ao ministro das Finanças como é que o governo ia obrigar as empresas praticamente monopolistas e fornecedoras de bens não transaccionáveis, como a EDP, PT e Galp, por exemplo, a usar o jackpot de 2,3 mil milhões de euros que os trabalhadores lhes vão entregar de mão beijada já em 2013 para baixar os preços da electricidade, gás e comunicações, e não para aumentar os seus lucros e os dividendos dos accionistas. Vítor Gaspar adiantou que as empresas vão ser obrigadas a manter uma conta contabilística dedicada com as poupanças obtidas com a redução da taxa social única para 18%. O objectivo, disse Vítor Gaspar, é reter estes recursos nas empresas e assegurar que eles não sejam entregues aos accionistas como dividendos. Mas o ministro das Finanças reconheceu que o governo tem poderes limitados nesta matéria e tem muita fé que a pressão da opinião pública seja tão forte que as empresas sejam mesmo obrigadas a baixar os preços dos seus serviços a famílias e empresas – essencialmente, uma questão de fé na boa vontade e responsabilidade dos gestores e accionistas dessas companhias.

O ministro das Finanças também adiantou que não se pode ver esta transferência dos ordenados dos trabalhadores para os detentores do capital como uma guerra de classes. E isto, disse Gaspar, porque as empresas são locais de cooperação entre funcionários e empregadores, e esta polémica medida irá servir para melhorar a competitividade das empresas.

Já em matéria de reformas estruturais, e embora não seja uma área que esteja dependente das Finanças, Vítor Gaspar foi obrigado a reconhecer que os cortes nas PPP e nas rendas da energia já deviam estar completamente definidos, isto é, admitiu que, nesta matéria crucial na redução das despesas do Estado, os atrasos são notórios. 

Mesmo assim, o ministro das Finanças garantiu que o esforço de contenção orçamental será feito em 2013 e 2014 essencialmente do lado da despesa – isto é, 70% de cortes de despesa e 30% de aumento da receita. Num remate optimista, Gaspar acredita no regresso aos mercados em Setembro de 2013 e disse que Portugal vai iniciar agora a etapa final do ajustamento. 

* Um ministro das finanças com fé é perigoso, anda á deriva e até pode pensar serem  os anjos e arcanjos 
os salvadores da pátria. Não se admirem se no próximo Outubro o virmos a ir a pé a Fátima.

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