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HOJE NO
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Vítor Gaspar tem fé na redução
do gás, da luz e dos combustíveis
Ministro espera que pressão da opinião leve a EDP e Galp a baixarem preços com o jackpot da TSU
Vítor Gaspar jurou ontem à noite em entrevista à SIC que a baixa da TSU
para as empresas e a subida de sete pontos percentuais nos descontos
para a Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações dos trabalhadores
privados e do Estado não foram a contrapartida exigida pela troika para
dar mais um ano a Portugal para reduzir o défice das contas públicas
para valores abaixo dos 3%.
Mas o momento mais irónico aconteceu quando
José Gomes Ferreira, o entrevistador, perguntou ao ministro das Finanças
como é que o governo ia obrigar as empresas praticamente monopolistas e
fornecedoras de bens não transaccionáveis, como a EDP, PT e Galp, por
exemplo, a usar o jackpot de 2,3 mil milhões de euros que os
trabalhadores lhes vão entregar de mão beijada já em 2013 para baixar os
preços da electricidade, gás e comunicações, e não para aumentar os
seus lucros e os dividendos dos accionistas. Vítor Gaspar adiantou que
as empresas vão ser obrigadas a manter uma conta contabilística dedicada
com as poupanças obtidas com a redução da taxa social única para 18%. O
objectivo, disse Vítor Gaspar, é reter estes recursos nas empresas e
assegurar que eles não sejam entregues aos accionistas como dividendos.
Mas o ministro das Finanças reconheceu que o governo tem poderes
limitados nesta matéria e tem muita fé que a pressão da opinião pública
seja tão forte que as empresas sejam mesmo obrigadas a baixar os preços
dos seus serviços a famílias e empresas – essencialmente, uma questão de
fé na boa vontade e responsabilidade dos gestores e accionistas dessas
companhias.
O ministro das Finanças também adiantou que não se pode ver esta
transferência dos ordenados dos trabalhadores para os detentores do
capital como uma guerra de classes. E isto, disse Gaspar, porque as
empresas são locais de cooperação entre funcionários e empregadores, e
esta polémica medida irá servir para melhorar a competitividade das
empresas.
Já em matéria de reformas estruturais, e embora não seja uma área que
esteja dependente das Finanças, Vítor Gaspar foi obrigado a reconhecer
que os cortes nas PPP e nas rendas da energia já deviam estar
completamente definidos, isto é, admitiu que, nesta matéria crucial na
redução das despesas do Estado, os atrasos são notórios.
Mesmo assim, o
ministro das Finanças garantiu que o esforço de contenção orçamental
será feito em 2013 e 2014 essencialmente do lado da despesa – isto é,
70% de cortes de despesa e 30% de aumento da receita. Num remate
optimista, Gaspar acredita no regresso aos mercados em Setembro de 2013 e
disse que Portugal vai iniciar agora a etapa final do ajustamento.
* Um ministro das finanças com fé é perigoso, anda á deriva e até pode pensar serem os anjos e arcanjos
os salvadores da pátria. Não se admirem se no próximo Outubro o virmos a ir a pé a Fátima.
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