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"CORREIO DA MANHÃ"
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Racionamento de medicamentos de cancro e sida: "Nunca direi uma estupidez dessa natureza"
O presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida
(CNECV) garantiu esta manhã, em conferência de imprensa, em Lisboa, que
nunca afirmou que os medicamentos para os doentes oncológicos, com sida
ou artrite reumatóide, em fase terminal, deveriam ser racionados.
"Será que
mais dois meses de vida, independentemente da qualidade de vida,
justificam uma terapêutica de 50 mil, 100 mil ou 200 mil euros?", foi a
questão levantada ontem por Miguel Oliveira da Silva e que deu origem a
acesas discussões. Esta manhã, o responsável defendeu a sua posição.
"Tratou-se de uma pergunta e não uma afirmação. Nunca direi uma estupidez dessa natureza", garantiu.
Como
tal, o CNECV garantiu que o parecer sobre um modelo de deliberação para
o financiamento do custo dos medicamentos para o cancro, a Sida e a
artrite reumatoide, elaborado a pedido do Ministério da Saúde e que
ontem foi divulgado, pretende “que não haja nunca, em Portugal, falta do
essencial em medicamentos no tratamento, dos meios auxiliares de
diagnóstico, independentemente da idade e dos recursos financeiros da
população portuguesa”.
"Racionamento na política e
na economia da saúde e da bioética é um termo benigno - significa
optimizar recursos. No sentido coloquial, tem uma carga negativa, pois
as pessoas identificam-no com a falta do essencial. Ora este parecer
veio para que não haja nunca, em Portugal, falta do essencial em
medicamentos no tratamento, dos meios auxiliares de diagnóstico,
independentemente da idade e dos recursos financeiros da população
portuguesa", garantiu Miguel Oliveira da Silva.
"É
importante que fique muito claro que este Conselho considera eticamente
ilegítimo que se faça escolhas com base na idade. Realmente as pessoas
mais velhas são as pessoas que já contribuíram para a Segurança Social,
para terem acesso aos melhores cuidados de saúde, portanto, nunca esteve
na ideia deste parecer que o racionamento poderia ser, de facto, por
idades", acrescentou Ana Sofia Carvalho, uma das relatoras do parecer.
Como
tal, as propostas do CNECV assentam num modelo constituído por três
fases essenciais, que visam a "maximização da dignidade de todos os
doentes tratados" e combatendo a "iniquidade geográfica" existente no
país ao nível dos cuidados de saúde.
Segundo
Ana Sofia Carvalho, o modelo tem três fases para qualquer doença.
"Temos uma primeira fase, que envolve clínicos, investigadores (...) e
as comissões de farmácia e terapêutica, na qual serão escolhidos os
melhores fármacos para determinada doença. Depois este grupo reúne-se
com o grupo das administrações hospitalares e então teremos que, perante
os melhores fármacos, fazer uma análise de custo-efectividade. Escolher
daqueles os mais baratos dos melhores."
Para a
conselheira, o facto de os medicamentos serem mais baratos "não quer
dizer que o médico não tenha possibilidade de o alterar para outro mais
caro, se se justificar, mas a nível geral existe esta lista".
Numa
última fase, a lista dos medicamentos será enviada para o Ministério da
Saúde, a quem caberá tomar a decisão, que deve ser a nível nacional, e
de elaborar uma lista dos fármacos a comprar para determinada doença.
"O
que o modelo propõe é que as escolhas sejam feitas a nível nacional e
que os doentes com a mesma patologia, independentemente da idade, do
sexo, da localização geográfica, não sejam tratados de forma desigual",
concluiu a relatora.
No parecer, o CNECV propõe
que o direito à excepção da prescrição de determinado medicamento,
devidamente fundamentada, deve estar comtemplado (tal como a penalização
da excepção não fundamentada), assim como a existência de uma
declaração de conflitos de interesses pública, de forma a assegurar a
independência e a responsabilização na prescrição dos fármacos.
O documento enfatiza ainda a redução de custos de prestação nas intervenções e nos exames médicos, se estes foram mal justificados e/ou desnecessários.
O documento enfatiza ainda a redução de custos de prestação nas intervenções e nos exames médicos, se estes foram mal justificados e/ou desnecessários.
Em forma de conclusão, é no entender da CNECV, que muitas das vozes discordantes não têm fundamento.
"Muito
do que se disse ontem, nomeadamente as reacções de algumas
personalidades, não correspondem ao que nós dizemos. Esta proposta pode
ajudar o Ministério da Saúde a poupar dinheiro e estar ao mesmo tempo o
Serviço Nacional de Saúde sustentado em princípios éticos de que este
Conselho não abdica", concluiu Rosalvo Almeida, também ele relator do
parecer.
* Ontem o sr. dr Miguel Oliveira e Silva disse o que disse para quem o quiz ouvir, hoje apressa-se a emendar e dá o dito por não dito, pelo menos deu a cara, é de homem.
.
Não é "quiz".
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