23/08/2012

ANDRÉ MACEDO


  
O Pingo Doce, 
           o serviço e a 'troika' 

Às 16.30 de ontem o Jumbo também já expressava o desejo ardente de imitar o Pingo Doce. Como é evidente, outros seguirão a iluminada inspiração. 

O problema é esse: o Pingo Doce faz, os outros copiam, o consumidor trama-se, perde um conforto simpático que dava jeito - pagar com o multibanco contas abaixo dos 20 euros. Claro, não é o fim do mundo: as torneiras continuarão a dar água, os passarinhos a cantar e os hipers a faturar. Mas é mais um recuo que o empobrecimento do País está a provocar. 

O Pingo Doce nunca faria isto numa época normal. Faz agora porque está à procura de dinheiro rápido para compensar a queda do consumo que se manterá pelo menos mais um ano, talvez mais. Portanto, é sempre a mesma história: pobreza que gera pobreza - neste caso de serviço. Nem vale a pena dizer que a SIBS cobra enormidades em comissões. No único estudo que conheço (para a EPCA), Portugal está na média, embora a média suba por causa da Polónia, que paga o dobro de Portugal. 

Se olharmos só para a Zona Euro, estamos acima, embora tenham de ser tidos em conta diferenças de volume de negócios, número de habitantes, etc., que ajudam a fixar a comissão. Ou seja, que se pressione a SIBS e a Unicre e os bancos a baixar as comissões, esta e outras. 

Faça-se isso, claro, mas não penalizem logo os consumidores, os mais fracos da equação. Estamos fartos de pontapés. 
Agora até o Pingo Doce, o amigalhaço dos preços baixos, deu numa de troika: olhou para os números, esqueceu-se das pessoas. 


IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
22/08/12 


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