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Pedidos de ajuda para pagar contas da água, luz e gás aumentaram 40%
Os pedidos de ajuda para o pagamento de contas da eletricidade, água e gás aumentaram este ano devido à crise económica no país, segundo as instituições de solidariedade, como a Cáritas, que aponta uma subida de 40 por cento (%).
Contactado pela agência Lusa, Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, indicou que uma boa parte dos donativos da instituição de solidariedade social são para pagar este tipo de dívidas às famílias.
"A pobreza é estrutural no país, mas tem aumentado agora com o agravamento da crise", disse o responsável, acrescentando que a instituição privilegia o apoio para pagamento da renda da casa e, depois, para as contas da água, eletricidade e gás.
"Nós facultamos os alimentos e se as pessoas não têm este tipo de recursos básicos não podem confecioná-los para comer e a sua subsistência fica comprometida", sustentou.
Descreveu que, na maioria dos casos, quando as famílias entram em rotura financeira, o primeiro encargo que fica logo em causa é o da renda de casa.
Depois, as famílias em dificuldades "cortam nas despesas com a saúde, adiando as consultas e não comprando todos os medicamentos de que necessitam e, a seguir, deixam de pagar as despesas com água, luz e gás".
O presidente da Cáritas não dispõe de números sobre os apoios, mas estima que se verificou um aumento de pedidos da ordem dos 40% nos mais de 4.000 postos de atendimento que a instituição tem no país.
"A situação agravou-se de tal maneira que estamos a tentar encaminhar as pessoas para outras instituições porque não podemos dar resposta a todas", indicou.
No sistema de solidariedade da Cáritas, os apoios em dinheiro para este tipo de dívidas são dados diretamente às famílias, que trazem depois um comprovativo do pagamento, ou então é a própria instituição que paga diretamente às empresas de cobrança.
A União das Misericórdias Portuguesas também notou um aumento de pessoas que deixam de ter dinheiro para pagar estas dívidas, mas o sistema é diferente, passa antes pelo encaminhamento das pessoas para as cantinas sociais, com serviços de creches e apoio aos idosos.
Acrescentou que há um número crescente de pessoas que pedem ajuda - "uns milhares largos" -, mas só no final de agosto as Misericórdias farão um balanço, disse à Lusa Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias.
"Ao setor social não lhe compete pagar as dívidas, até porque não temos os recursos. Essa resposta cabe ao Estado", defendeu o responsável.
Manuel de Lemos recordou que a instituição já tinha um sistema de cantinas sociais, que agora veio a ser reforçado mediante protocolos realizados com o Governo devido à situação de emergência social.
* A desgraça é muita, a gestão é má.
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