01/05/2012

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA

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 Questões de um eleitor ao PS 

O Partido Socialista, em peso, anda a pedir crescimento económico. Quem não quer crescimento económico? Todos querem. O problema com o PS é que apenas pede crescimento económico. Não explica como fazê-lo. 

Para serem credíveis, os socialistas devem responder a algumas questões. Em primeiro lugar, como justificam o facto da economia portuguesa praticamente não ter crescido durante os últimos doze anos, período em que o PS esteve cerca de nove anos no poder? Onde esteve durante esta década a capacidade socialista de proporcionar crescimento económico aos portugueses? Pela minha parte, desde 2000 que quero crescimento económico. Infelizmente, os governos socialistas não mo deram. 

 Mas o PS está uma década no poder, perde eleições livres e democráticas (vale a pena recordar, especialmente depois das figuras patéticas de alguns no dia 25 de Abril), e depois de dez meses na oposição faz exigências, com uma candura quase virgem, como se nunca tivesse estado no Governo.

 Se olharmos para a sua experiência governativa, percebemos que tentaram conseguir crescimento económico através de duas maneiras: investimento público e endividamento. O PS continua a acreditar que o investimento público é o motor do crescimento económico? Se sim, como conseguiria verbas para estimular a economia sem agravar a dívida do País? Se já abandonou a ideia do crescimento através do investimento público, quais são então as novas políticas socialistas para o crescimento económico? Como eleitor português, não me chega que o PS diga que quer crescimento. Preciso que me explique as suas políticas de crescimento, e que responda a estas questões. 

O acesso a crédito barato, graças ao euro e aos mercados, constituiu o outro instrumento com que os governos socialistas procuraram alcançar crescimento económico. O crédito barato serviu não só para investimentos públicos, como para estimular o consumo interno. Resultado: quase nada de crescimento e aumento das dívidas públicas e privadas, não só para os que estão vivos, como para os que vão nascer. No entanto, neste momento, o crédito barato deixou de ser uma fonte de crescimento económico para Portugal. Conseguirá o PS responder à seguinte questão: como financiar o crescimento económico quando Portugal não tem acesso a crédito barato? 

O PS tem toda a legitimidade para discordar das políticas do Governo e é positivo que o faça para bem da democracia portuguesa. Mas tem a obrigação de reconhecer os seus erros, de não os repetir e de propor alternativas viáveis. Se não o fizer, tornar-se-á simplesmente um partido irresponsável. Uma espécie de "grande Bloco de Esquerda". O que seria muito mau para Portugal. 



Professor Universitário

 IN DIÁRIO ECONÓMICO 
30/04/12

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