08/04/2012



ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"

Turistas fazem fila, a pé, 
na autoestrada A22
Os turistas estrangeiros, que querem atravessar Portugal, têm de sair dos carros para pagar as portagens. Empresários do sector prometem "fazer barulho", começando por levar os protestos ao Presidente da República.

A imagem aqui reproduzida é da manhã de sexta-feira. Os problemas na cobrança de portagens nas autoestradas portuguesas resultam em filas, a pé, no lugar dos automóveis. Os promotores e empresários do sector do turismo estão revoltados e prometem fazer ouvir os seus protestos, apurou o Expresso.

"É tão caricato e terceiro mundista que contado ninguém acredita". É desta forma que o presidente da Associação de Hotelaria de Portugal começa por reagir às questões colocadas pelo Expresso.
"Eu até aceito que se ponham portagens nas autoestradas, isso não está em questão, afirma Miguel Júdice, mas "este sistema inteligente que não tem o portageiro, nem que seja uma máquina automática, é péssimo e não funciona. Estão as pessoas à chuva, ao frio, em filas intermináveis para pagar numa única máquina".

O empresário salienta a importância e o "forte impacto" do turismo de proximidade em Portugal, nomeadamente no Algarve, considerando que se está "a dar tiros nos pés de uma forma absurda" com esta questão das portagens.

"Isto não é orientação para o cliente. O nosso cliente é o turista. Nós temos que ter mais turistas e satisfazê-los. A primeira coisa que lhes oferecemos quando põem o pé na fronteira é tratá-los mal. É fazer com que eles voltem para trás, que não queiram vir", lamenta.

"Deviam incentivar a vinda de turistas, nomeadamente os que vêm de carro e que são muitos. O espanhol é o nosso maior mercado", explica o também presidente do Grupo Lágrimas.

Para Miguel Júdice, "o Algarve tem de se insurgir de alguma forma" e revela ao Expresso que pretende levar a revolta popular inicada na Internet a um outro patamar: ao Presidente da República na "segunda-feira, senão mesmo este fim-de-semana", bem como a outros membros do Governo.

"Vamos começar a fazer barulho - garante - pois há um impacto real e isto não é brincadeira: os economistas dizem que a solução é exportar mais, ora os turistas são uma exportação. Cada vez que um espanhol vem cá dormir num hotel, vai a um restaurante, compra um souvenir, paga um táxi, estamos a conseguir divisas, a injetar dinheiro."
"Isto só pode ser de gente que quer matar o turismo"

A foto que não fora tirada até agora, embora se começasse a falar nestas filas de espanhóis, sobretudo, começou por aparecer hoje à hora de almoço no Facebook. Uma das pessoas responsáveis pela sua divulgação, Ruben Obadia - diretor do Publituris, jornal ligado ao turismo -, adiantou ao Expresso que, segundo depoimentos recolhidos por si, as filas teriam "mais de cem pessoas", mas a chuva obrigou muitas a "dar meia volta e ir embora", já que não existem quaisquer abrigos.

O jornalista lembrou tratar-se de "uma situação recorrente". "Sendo a Páscoa a altura privilegiada para os espanhóis virem para o Algarve, isto só vem agravar mais a situação ao nível do turismo e da hotelaria" na região, frisa Ruben Obadia, que diz ter falado com algumas pessoas da restauração em Lagos, no Algarve, que lhe referiram que "está um deserto e parece uma cidade fantasma".

"Quando compararem os números das estatísticas das entradas da Páscoa deste ano com as do ano passado, vão dizer que a culpa é da crise. Isto é uma idiotice, uma imbecilidade, de um país anormal. Isto só pode ser de gente que quer matar o turismo. E depois ainda metem esta alarvidade que é este sistema único em toda a Europa. Não há nenhum sítio onde se paguem as portagens desta forma", acrescentou.

Na Via do Infante, autoestrada que liga o Algarve de ponta a ponta, existe apenas um ponto de pagamento de portagens à entrada de Portugal de quem vem de Espanha.

O pagamento de portagens na Via do Infante, assim como nas autoestradas A23 (Beira Interior), A24 (Interior Norte) e A25 (Beiras Litoral e Alta), só pode ser efectuado por meio eletrónico. Os turistas que queiram circular nestas vias de comunicação têm de alugar um dispositivo temporário, mediante o depósito de uma caução, ou pagar 20 euros por um "passe" para três dias. 



* Idotices, coelhices e vitorices...

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