16/04/2012

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Vinho 


é cultura


CULTURA É LIBERDADE





REGIÃO 
 DA BAIRRADA

A Bairrada situa-se entre dois importantes centros urbanos e universitários, que são Coimbra e Aveiro, respectivamente a sul e a norte daquela região vitícola, o primeiro com grandes tradições, designadamente por ter sido a primeira capital do País e onde se encontram sepultados os dois primeiros Reis de Portugal (no Convento de Sª Cruz).
A volta da Bairrada e num raio máximo de 50 km, existem muitos e variados atributos turísticos que podem e devem ser combinados com a degustação dos seus típicos vinhos e a gastronomia local, realizando na prática o Enoturismo.
Assim, tomando como referência o concelho de Anadia, que tem vindo a afirmar-se como a capital do vinho na região, com o seu Museu do Vinho e restante complexo vitivinícola (Comissão, Estação e Escola Profissional), encontram-se para poente as praias da Costa Nova, de Mira e da Figueira da Foz, e para nascente as montanhas do Caramulo e do Buçaco.

Uma miríade de valores históricos e culturais merece referência nas cidades mais importantes. É o caso da secular Universidade de Coimbra com a sua resplandecente Biblioteca do século XVII, da Sé Velha, dos Museus de Santa Clara-a-Velha e Machado de Castro ou ainda das ruínas romanas de Conímbriga.

A maior parte das explorações vinícolas são de pequena dimensão. A área ocupada pelas vinhas (maioritariamente em solos argilo-calcáricos ou arenosos) não ultrapassa os 10000 hectares.

A produção de vinho na região é sustentada por cooperativas, pequenas e médias empresas e pequenos produtores. Os pequenos produtores comercializam os chamados “vinhos de quinta” que se tornaram muito importantes na região nos últimos anos.

Foi no século XIX que a Bairrada se transformou numa região produtora de vinhos de qualidade, apesar da produção de vinho existir desde o século X. O cientista António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu as fronteiras da região em 1867. Vinte anos mais tarde, em 1887, fundou-se a Escola Prática de Viticultura da Bairrada destinada a promover os vinhos da região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho. O primeiro resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890.

HISTÓRIA

A Bairrada já terá sido afinal no passado uma terra de passagem e de conquistas, de lutas entre cristãos e árabes, aquando da formação de Portugal e numa altura em que a capital do reino era Coimbra. Marco na história da região é ainda o combate contra os exércitos invasores de Napoleão, na serra do Bussaco.
MEALHADA POSTAL ANTIGO

Reflexo de todas as convulsões históricas, mas também factor de desenvolvimento económico na região é a actividade vitivinícola da Bairrada. Reza a história que já no século XI, os viajantes vinham a estas paragens para degustarem as iguarias gastronómicas e báquicas. Mas a existência de vinhedos na Bairrada remonta a origens mais longínquas.
É no século XII que D. Afonso Henriques autoriza a plantação de vinhas na região, a troco de uma parte do vinho produzido. Seis séculos depois, uma ordem do Marquês de Pombal determina o arranque de uma parte da vinha. Terá sido ainda no século XVIII, já no reinado de D. Maria I, que é autorizado novamente o plantio de cepas, permitindo o repovoamento na região.
Quanto à origem da designação Bairrada, os eruditos entendem que está relacionada com as características do solo da região, onde o barro é um elemento predominante.
ÁGUEDA

Capítulo mais recente na história vitivinícola da Bairrada é o do reconhecimento legal da Região demarcada da Bairrada, em 1979. Viria a ser alterado em 1991. Para além dos vinhos tinto e branco "Bairrada" passam a ser reconhecidos o rosé e o espumante natural "Bairrada."
 É de 1998 o decreto-lei que vem alargar a denominação de origem às aguardentes bagaceiras produzidas na região e actualizar o regulamento da Denominação de Origem Controlada (DOC) da região. O termo "Bairrada" pode ser hoje aplicado a vinhos brancos, rosados, tintos, espumantes e aguardentes bagaceiras, produzidos na respectiva área delimitada.
Cabe à CVB - Comissão Vitivinícola da Bairrada fazer a certificação da DOC Bairrada. Entre as várias regras estipuladas, o documento determina que estes vinhos devem "provir de vinhas com pelo menos quatro anos de enxertia".
Também o método tecnológico a utilizar nos vinhos espumantes Bairrada vem definido no diploma, com a opção pelo "método de fermentação clássica em garrafa."
FERMENTAÇÃO

No que diz respeito aos métodos de vinificação para os vinhos brancos e rosados abrangidos por este decreto-lei, deverá ser utilizado o "método de ‘bica aberta' por prensagem directa das uvas ou massas desengaçadas ou maceração pelicular."
O documento regula ainda que no caso dos vinhos tintos seja usado o "método de maceração clássica, ou seja, contacto prolongado do mosto com as partes sólidas durante a fase inicial da fermentação, ou método de maceração carbónica longa, ou seja, contacto das uvas inteiras com dióxido de carbono em recipiente fechado, seguido de extracção do mosto e fermentação em fase líquida."
Para os vinhos base usados no espumante devem ser usados os métodos indicados para os vinhos brancos, rosados e tintos.
Já as aguardentes bagaceiras terão de ser "destiladas em caldeiras tradicionais, a partir de bagaços fermentados frescos de uvas tintas, não ensilados, com eliminação das ‘cabeças' e ‘caudas' de destilação."
Os mostos destinados à elaboração dos vinhos devem possuir um título alcoométrico volúmico natural mínimo de 10% vol., para vinhos espumantes e 11% vol., nos vinhos brancos, tintos e rosados.
O título alcoométrico volúmico mínimo das aguardentes bagaceiras está fixado nos 40% vol., contendo um teor de metanol máximo de 400 g/hl de álcool absoluto.


Uma portaria mais recente, de Abril de 2000, vem estabelecer os períodos mínimos de estágio para os vinhos com direito à denominação de origem "Bairrada." Se no caso dos vinhos tintos, brancos e rosados não existe qualquer período de estágio (podendo ser engarrafados e comercializados a partir da data de abertura da respectiva campanha vinícola), já os espumantes carecem de um período mínimo de nove meses de permanência nas instalações após a data do engarrafamento para poderem ser comercializados.

DIAGNÓSTICO

É visível um mal estar ou crise na Região da Bairrada no sector vitivinícola – que não será muito diferente da conjuntura nacional, porventura com maior gravidade ou com maior visibilidade. Admitimos que à crise económica conjuntural, o estado actual da viticultura Bairradina seja um factor cumulativo desta crise.

Em todo o caso, o que nos parece mais preocupante é o facto de há 5 anos a Região, através da sua Comissão Vitivinícola, ter realizado um evento tendo como principal objectivo diagnosticar a Região e apontar caminhos rumo ao futuro, para o qual foram convidados especialistas quer da área vitícola, quer enológica e onde a comunidade regional – agentes económicos, técnicos,… participou vivamente e dela saíram documentos escritos que testemunham e apontam caminhos.

No que se refere à viticultura, nós próprios, de parceria com credenciado especialista na área – François Murisier, para além das comunicações orais (que a CVB passou a escrito e publicou) estudamos e elaboramos um texto (Potencialidades vitivinícolas da Bairrada), que a CVB também publicou. O que nos parece preocupante é o facto de 5 anos volvidos, no essencial este documento está actual! neste sentido com algumas notas, anexamos a este escrito o referido texto que consideramos parte integrante do actual diagnóstico.

Questionamo-nos: o que se passou tecnicamente na Bairrada neste 5 anos ? - Não há tecnologia vitícola ? - Não há divulgação do conhecimento ? (publicações,…..) ? Sem prejuízo dalguma resposta afirmativa a tais questões, cremos que a principal causa da crise vitícola da Bairrada assenta num profundo défice de comunicação, de formação, de confiança e de auto-estima. Nos tempos que correm ninguém se pode fechar sobre si próprio.

A não confiança recíproca, a débil produção de conhecimento e a escassez de sinergias, fragilizaram todas e cada uma das partes, fragilizando essencialmente a Região. A criação de alguns campos “exploratórios” de experimentação e divulgação – “observatórios” poderão ser muito úteis, sobretudo se os respectivos agentes económicos estiverem efectivamente empenhados – e temos até à data indicadores seguros de que de facto o estão! Mas estes “campos” só por si pouco farão avançar se os próprios Organismos Regionais não os sentirem “seus campos”, seus instrumentos de apoio.

A formação deverá em primeiro lugar dirigir-se aos agentes já envolvidos neste “observatórios” e terá de ser orientada aos “pontos fracos” ou estrangulamentos da Região. Se assim for e as forças do sinergismo superarem os estrangulamentos, bloqueios ou não comunicação, então a Região da Bairrada poderá e deverá dar um salto em frente – que urge e necessita!


SOLOS
Solos argilo-calcários de origem jurássica e triássica. Solos arenosos oriundos do Pilo-Plistocénico e solos de aluvião.

Os solos mais adequados à vinha, são os típicos “barros”, solos argilosos com maior ou menor teor de calcário, que criam as melhores uvas para vinhos de superior qualidade.

Cruzada por uma rede de pequenos rios, o Cértima, o Levira que é afluente do anterior, o Águeda, o Boco e o Varziela, a região engloba uma série de terrenos variados que vão do Triássico ao Plio-plistocénico, passando pelos Jurássico inferior, médio e Arenitos.

Temperatura

Nesta região, de notável influência marítima, chama a atenção a grande amplitude térmica (diferença de temperatura entre o dia e a noite) na época do amadurecimento das uvas, chegando a impressionantes 20o C, o que sem dúvida alguma contribui para manter a acidez das frutas, dando grande frescor aos vinhos que delas resultam.

Aqui o solo é argilo-calcário, em proporções variáveis de região para região, com uma boa quantidade de limo, um solo solto e poroso, de cor acinzentada.

Clima
Clima temperado e marcado por uma forte influência do Oceano Atlântico.
Os Invernos são frescos, longos e chuvosos.

INSOLAÇÃO


PLUVIOSIDADE

 Os Verões são quentes, embora sejam suavizados pela presença de ventos de Oeste e de Noroeste, mais frequentes nas regiões junto ao mar.

CASTAS

Definidas no regulamento da Denominação de Origem Controlada da Bairrada aparecem as castas a partir das quais devem ser produzidos os néctares da região. As recomendadas para a produção de vinhos tintos e rosados são Alfrocheiro Preto , Baga , Bastardo , Camarate (Castelão Nacional) , Jaen , Touriga Nacional , Trincadeira Preta e Rufete (Tinta Pinheira) .
No conjunto, ou separadamente, devem representar um mínimo de 85% do encepamento, sendo que a casta Baga não deverá aqui representar menos de 50%. É ainda autorizada a Água Santa .

Nos vinhos brancos são recomendadas a Arinto , Bical , Cerceal Branco , Fernão Pires (Maria Gomes) e Rabo de Ovelha . No conjunto, ou separadamente, devem representar um mínimo de 85% do encepamento. É também permitida Chardonnay .
Já nos vinhos base para espumantes a legislação recomenda o uso de Arinto , Baga , Bical , Cerceal Branco , Fernão Pires (Maria Gomes) e Rabo de Ovelha , no conjunto ou separadamente, com um mínimo de encepamento de 85%. São também recomendadas a Alfrocheiro Preto , Bastardo , Camarate (Castelão Nacional) , Jaen , Rufete (Tinta Pinheira) , Touriga Nacional e Trincadeira Preta. São autorizadas ainda a Água Santa e Chardonnay
A fechar a lista de castas recomendadas, no caso das aguardentes bagaceiras, aparecem as autorizadas na laboração dos vinhos tintos e rosados.

Rota do Vinho da Bairrada
Região de terras planas e férteis e de clima suave influenciado pela proximidade do oceano Atlântico, a Bairrada estende-se desde as faldas das serras do Caramulo e do Buçaco até às areias e dunas do litoral. De grandes e remotas tradições na cultura da vinha, a Bairrada é terra de muitos e bons vinhos, feitos com castas de alta qualidade, como são os casos da Baga, nos vinhos tintos, e da Bical, nos brancos. Mas a região tem outros argumentos fortes.



Alberga a mais carismática universidade portuguesa, a de Coimbra, e, em Aveiro, um dos pólos universitários que estão a ajudar Portugal a afirmar-se na área das novas tecnologias. Núcleos urbanos de grande carácter, como Coimbra ou Aveiro, praias como a Costa Nova, Mira ou Figueira da Foz, as termas do Luso e da Curia, as ruínas romanas de Conimbriga ou o luxuoso Palace Hotel do Buçaco, onde se podem degustar alguns extraordinários vinhos da região, são pretextos mais do que suficientes para justificar uma visita. E passar pela Bairrada sem provar o seu famoso leitão assado, com grande concentração de oferta na zona da Mealhada, é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa…



- VINI PORTUGAL
- INFOVINI
- COMISSÃO VITIVINICOLA DA BAIRRADA
- bw.c


NR: Existe uma mais recente denominação para o território vitivinicola que atravessa o país  desde o litoral bairradino até à fronteira com Espanha e que é agora denominada Região das Beiras. Decidimos seguir neste caso a designação  anterior tal como fizemos para Dão e Lafões para melhor se entender a variedade e riqueza das nossas vinhas. Provávelmente entender-se-á a Bairrada com uma sub-região na nova nomenclatura.
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