15/04/2012

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ESTA SEMANA NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS 
DA MADEIRA"

Aumento dos preços pôs madeirenses 
a dar voltas sem carro

O aumento do preço dos combustíveis na Região Autónoma da Madeira, que fez disparar a gasolina para os valores mais altos do país, está a pôr muitos residentes a dar voltas a pé ou em casa.

"Evito dar as minhas voltas do costume na rua com o carro, fico mais em casa", diz Rosa Freitas, desempregada de 45 anos com duas filhas a cargo.

A viver com os pais no concelho do Funchal e sem direito a subsídio, a madeirense resolveu 'encostar' o Nissan Micra de 2001, que apenas desencosta para levar uma das filhas à escola.

"Tento evitar ao máximo usá-lo, só mesmo o indispensável. Ter carro, hoje, é um bem de luxo", considera, explicando que a posse do carro foi razão bastante para lhe negarem apoio, que lhe chega, apenas, de familiares.

Rosa Freitas já o tentou vender: "Mas quem o quer comprar? Os stands estão cheios de carros", pergunta e responde quem se mentalizou de que as tarefas do dia-a-dia, como as compras no supermercado, vão ter de ser feitas a pé, porque "tem tempo", mesmo que isso signifique mais peso nos ombros.

"É uma mudança radical", admite ainda, ponderando a aquisição do passe de autocarro para a filha frequentar a escola e, dessa forma, estacionar, de vez, o carro.

O Programa de Ajustamento Económico e Financeiro da Madeira, na sequência da dívida pública de cerca de seis mil milhões de euros, determinou a 1 de Abril o aumento das taxas do IVA.

Também com efeitos a partir daquela data aumentaram as taxas do Imposto sobre os Combustíveis face às praticadas no Continente português em 15% para evitar a introdução de portagens.

Na passada terça-feira, a gasolina 95 estava a 1,775 euros, a de 98 a 1,919 euros no posto de combustível da Repsol em Santo António, no concelho do Funchal. O gasóleo fixava-se em 1,476 euros.

Depois de abastecer o carro neste posto, Dúlio Neves, de 45 anos, trabalhador na área da metalurgia, desabafa: "O português tem que ser emigrante na própria terra".

E exemplifica: "Tem de deixar de tomar café fora, de almoçar fora, de sair, tem de abdicar de coisas que conquistou há 20 anos".

Dúlio Neves, pai de três filhos, responsabiliza os dois governos -- central e regional -- pelo aumento do custo de vida com que se cruza não apenas nos postos de combustível, mas é nestes locais que, cada vez mais, é confrontado com a quase "imposição" de parar o carro e fazer uma vida mais caseira.

"Se os carros deixarem de circular, o dinheiro também deixa", avisa.

Gilberto Nunes, distribuidor de publicações de 47 anos, que tem constatado mais vezes do que desejava que "o dinheiro não rende", acrescenta: "Com o aumento dos impostos é pior, todo o mundo foge". Dos postos de combustível, das estradas, das oficinas.

José Carlos, de 64 anos, proprietário de uma oficina no Funchal, esclarece esta cadeia, qual acidente para a economia da sua empresa: "Os combustíveis estão mais caros, os clientes andam menos de carro, logo há menos revisões e, quando as fazem, ficam-se pelo mínimo".

No primeiro trimestre do ano, ainda sem a contabilidade do aumento dos impostos, a Via Litoral, empresa concessionária da Via Rápida, que liga Ribeira Brava ao Caniçal, no concelho de Machico, no total de 44 quilómetros, registou um tráfego médio diário de 25.500 viaturas, menos 7% que no período homólogo de 2011.


* A crise que o presidente andou a esconder a quem o elegeu...

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