10/03/2012

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LAGOTTO
   ROMAGNOLO






Classificação F.C.I.: Grupo 8 - Retrievers, Levantadores e Cães D’água. Seção 3 - Cães D’água
Padrão FCI nº 298 - 02 de março de 2011.
País de origem: Itália
Nome no país de origem: Lagotto Romagnolo
Utilização: Caça. Sem prova de trabalho

RESUMO HISTÓRICO: raça antiga que busca e traz a caça da água nas planícies de Comacchio e nas zonas pantanosas de Ravenna. Durante séculos os grandes pântanos foram drenados e transformados em terras cultiváveis. Subsequentemente, o Lagotto se transformou de um cão de caça em um cão de faro, procurando trufas (tipo de cogumelo que nasce debaixo da terra) na parte plana e aberta do país e nas colinas de Romagna.

MAIS HISTÓRIA
O Lagotto Romagnolo é um cão que foi especialmente produzido para encontrar as trufas em todos os tipos de terreno, é a única raça no mundo especializada em rastrear este tubérculo precioso. Um cão de água típico de pequeno-médio porte, é um mesomorfo com um tronco bastante encorpado.
O Romagnolo Lagotto tem o caráter restrito dum cão duma região, a aparência típica de quem tem suas raízes na história e a expressão suave, atenta comum a todos os cães da raça italiana. A primeira vista dá a impressão de algo histórico e arcaico que milagrosamente sobreviveu até os dias atuais - um desafio vivo para o tempo e história.
Muitos séculos atrás, as pessoas de Itália desenvolveram um próspero comércio com o Oriente. Este sistema de comércio implicava contato contínuo a todos os níveis, permitindo assim que as diferentes populações aprendessem muito sobre a cultura uns dos outros e seus costumes - e o conhecimento de cães não foi uma exceção a essa regra. Isso explica por que tantos sítios arqueológicos, especialmente no noroeste da Itália, revelaram a presença de várias raças caninas, especialmente de um cão de água pequeno, com uma espécie de casaco, eriçado crespo. A necrópole etrusca de Spina (perto de Ferrara) contém representações atualizadas de caça e de pesca que sempre incluem um cão como o atual Lagotto Romagnolo. Os etruscos atingiram o norte do Adriático entre o sexto e quinto séculos AC, e mantiveram relações comerciais com muitos países do Oriente, o que favoreceu a introdução deste grupo de cães na região norte do Adriático.

Embora seja verdade que o expansionismo de muitas populações orientais foi responsável pela introdução dessas raças tão distantes como as Ilhas Britânicas, deve notar-se que aconteceram após o contato inicial com populações de cães de água italianos. Chegaram a Espanha através do norte da África no tempo das conquistas árabes, dando origem ao atual Perro de Agua Español, eles já tinham estado na península italiana, durante séculos, especialmente nas zonas húmidas e pantanosas de Romagna.É portanto bastante provável que o acquaticus Canis dos quais Linneo falou, localizando-o na bacia do Mediterrâneo, não é outro senão o nosso Lagotto Romagnolo. Em sua morfologia, o desenho feito por Linneo carrega uma semelhança impressionante com o cão de Romagna.
Após o desaparecimento dos cães de água etruscos a civilização continuou a florescer, permanecendo comumente ao longo dos tempos romanos e medievais, especialmente ao longo da costa que vai de Ravenna, através da Comacchio e planícies para Veneto Friuli e da península da Ístria. Nos frescos da Suite nupcial de Palazzo Ducale di Mantova dei Gonzaga, criado por Andrea Mantegna em 1456 há, no cenário que representa o "encontro", aos pés do marquês Ludovico III Gonzaga, um cachorro que se aparenta como Lagotto Romagnolo de hoje. A partir do século 16 livros sobre cultura, folclore local, costumes e caça estão cheios de citações que mencionam a utilização de um cão curly-revestido pequeno usado para recuperar o jogo da água. Estes cães realizaram uma série de atividades, fornecendo suporte para a vallaroli (ou "lagotti"), folclore pitoresco que, antes da recuperação de terras no final do século 19, eram a verdadeira alma dessas lagoas.

APARÊNCIA GERAL: cão de tamanho pequeno para médio, bem proporcionado, de construção forte e aparência rústica, com uma densa e encaracolada pelagem de textura lanosa.
 PROPORÇÕES IMPORTANTES
• o comprimento da cabeça é de 4/10 da altura da cernelha. O cão é quase tão alto quanto longo (quadrado).
• o comprimento do crânio deve ser ligeiramente mais longo que 50% do total comprimento da cabeça.
• o comprimento do focinho é 2/10 menor que o do crânio (44% para 56%).
• a profundidade do peito é menos que 50% (mais ou menos 44%) da altura da cernelha.

COMPORTAMENTO / TEMPERAMENTO: um dom natural para buscas e seu excelente faro tornaram esta raça muito eficiente para procurar as trufas. Seu anterior instinto de caça foi modificado pela seleção genética; por esta razão seu trabalho não é atrapalhado pelo odor da caça. O Lagotto é dócil, pouco exigente, alerta, afetuoso, muito ligado ao seu dono e fácil de ser treinado. Ele é também um bom cão de companhia e um excelente cão de alarme.

CABEÇA: vista de cima, em forma trapezoidal e moderadamente larga. Os eixos longitudinais superiores do crânio e do focinho divergem ligeiramente.
REGIÃO CRANIANA
Crânio: largo no nível dos eixos zigomáticos, e tão longo quanto largo. Visto de perfil, do occipital ao stop, o crânio deve ser mais longo do que o focinho. É ligeiramente convexo e tende a aplanar na parte traseira do crânio. Os sinus frontais são bem desenvolvidos, as arcadas superciliares marcadas, o sulco médio frontal pronunciado, a crista occipital curta e pouca desenvolvida, fossa supra-orbital ligeiramente marcada.
Stop: não muito pronunciado, mas evidente.
REGIÃO FACIAL
Trufa: larga, com narinas bem abertas e móveis. Sulco mediano fortemente pronunciado. Vista de perfil, a trufa continua na mesma linha que o focinho e se estende muito ligeiramente além da borda da frente dos lábios. A cor vai do marrom claro ao marrom escuro, dependendo da cor da pelagem.
Focinho: razoavelmente largo, ligeiramente mais curto do que o crânio (relação: crânio: 56%; focinho: 44%), sua profundidade é ligeiramente menor que seu comprimento. Ligeiramenre em forma de cunha, dando um perfil preferivelmente rombudo. A cana nasal tem um perfil reto.
Lábios: não são muito grossos, são bem apertados, de maneira que o perfil inferior do focinho seja determinado pela mandíbula. São cobertos por bigodes longos e de pelos duros. Vistos de frente, os lábios formam um largo semi-círculo. A cor das bordas vai do marrom claro ao marrom escuro.
Maxilares / Dentes: mandíbula forte com maxilares quase retos e um corpo mandibular relativamente largo. Mordedura completa em tesoura (isto é, os dentes superiores recobrem os dentes inferiores e são inseridos ortogonalmente aos maxilares) ou em torquês (ou pinça, ponta com ponta), com dentes brancos e bem desenvolvidos.
Mordedura em tesoura invertida (isto é, os dentes inferiores recobrem os dentes superiores e são inseridos ortogonalmente aos maxilares) é aceitável.
Bochechas: planas.
Olhos: grandes, mas nunca exagerados, redondos, prenchendo bem as órbitas, razoavelmente separados. A cor da íris vai do ocre até a cor de avelã e marrom escuro, dependendo da cor da pelagem. Pálpebras aderentes; a cor da borda dos olhos vai do marrom claro ao marrom escuro. Pestanas muito bem desenvolvidos. Olhar alerta, expressão inteligente e viva.
Orelhas: tamanho médio em proporção à cabeça, triangulares, com as pontas arredondadas. A base é larga e elas são inseridas logo acima dos arcos zigomáticos. Pendentes em repouso ou ligeiramente elevadas quando o cão está em atenção. Se esticadas sobre a trufa, elas devem atingir o focinho em 1/4 do seu comprimento. Nas orelhas o pelo tende a mostrar caracóis mais frouxos, mas continua muito ondulado. Não tem pelo curto nas orelhas. A parte interna das orelhas também é coberta de pelos.

PESCOÇO: forte, musculoso, seco, de seção transversal oval; bem separado da nuca e totalmente livre de barbelas. Linha superior ligeiramente arqueada. Nos machos o perímetro do pescoço pode atingir o dobro de seu comprimento. O comprimento do pescoço é ligeiramente menor que o comprimento total da cabeça.

TRONCO: compacto e forte; tão longo quanto a altura na cernelha.
Linha superior: reta da cernelha à garupa.
Cernelha: eleva-se acima do nível da garupa. Os pontos mais altos da escápula não são muito fechados, mas muito altos e inclinados.
Dorso: reto e bem musculoso.
Lombo: curto, muito forte, de perfil ligeiramente convexo. A largura é igual ou ligeiramente maior do que o comprimento.
Garupa: longa, larga, musculosa, ligeiramente inclinada (a inclinação coxal é de 25° a 30°).
Peito: bem desenvolvido, descendo até os cotovelos. Apesar de estreito de frente, depois da sexta costela, o peito se alarga para trás.
Linha inferior e ventre: a seção longitudinal do esterno forma uma linha reta, elevando-se apenas ligeiramente para o ventre.

CAUDA: inserida nem muito alta nem muito baixa, afinando para a ponta. Quando pendente, deve apenas atingir a ponta do jarrete. É coberta com um pelo lanoso e bastante eriçado. Em repouso, é portada em forma de cimitarra; quando em atenção, ela é decididamente elevada. Quando trabalhando ou em excitação, ela pode ser portada sobre o dorso, mas nunca enrolada.

MEMBROS
Anteriores
Aparência geral: regulares; retos, quando vistos de frente ou de perfil.
Ombros: escápulas longas (30% da altura da cernelha), bem inclinadas (52° a 55°), musculosas, fortes e bem rentes à caixa torácica, mas se movimentando livremente. O ângulo escápulo-umeral varia entre 110° e 115°.
Braços: musculosos e de estrutura óssea fina, do mesmo comprimento que a escápula; sua inclinação para a horizontal varia de 58° a 60°.
Cotovelos: bem aderidos à parede torácica, mas não em demasia; cobertos com pele fina, paralelos ao plano médio sagital do corpo, como os braços. A ponta do cotovelo está localizada sobre uma linha vertical que vai do ângulo posterior da escápula ao solo.
Antebraços: perfeitamente verticais, longos, (36% da altura da cernelha), com ossos compactos, fortes e de formato oval.
Carpos: vistos de frente, em linha vertical com o antebraço; finos, robustos e flexíveis.
Osso pisiforme marcadamente protruso.
Metacarpos: com um pouco menos de espessura e de ossatura mais fina, comparado com o antebraço, finos e resistentes. Vistos de perfil, formam um ângulo de 75° a 80° com o solo.
Patas: ligeiramente arredondadas, compactas, com dedos arqueados e fechados.
Unhas fortes e curvadas. Almofadas bem pigmentadas. Membranas interdigitais muito bem desenvolvidas.
Posteriores
Aparência geral: poderosos, verticais quando vistos por trás, bem proporcionados ao tamanho do cão e paralelos.
Coxas: longas (35% da altura da cernelha), com músculos claramente definidos e visíveis. O eixo do fêmur tem uma distinta inclinação de 80° para a linha horizontal. O ângulo coxo-femoral varia de 105° a 110°. As coxas são paralelas ao plano mediano do corpo.
Joelhos: o ângulo dos joelhos varia de 130° a 135°.
Pernas: ligeiramente mais longas que as coxas (36% da altura da cernelha), de boa ossatura e bem musculosas, com sulco muscular marcado. Sua inclinação com a horizontal varia de 50° a 55°. Sua direção é paralela ao plano mediano do corpo.
Articulação do jarrete: larga, espessa, seca, com ossos bem delineados; paralelos ao plano mediano do corpo. O ângulo tíbio-metatársico é de aproximadamente 140°.
Metatarsos: finos, cilíndricos e perpendiculares ao solo. Sem ergôs.
Patas: ligeiramente mais ovais do que as anteriores e com os dedos ligeiramente menos curvados.

MOVIMENTAÇÃO: caminhada regular, trote enérgico e rápido, galope por curtos períodos.
PELE: fina, bem aderente sobre todo o corpo, sem rugas. Pigmentação da pele conectando com as membranas das mucosas e das almofadas varia do marrom claro ao marrom escuro e ao marrom muito escuro.
PELAGEM
Pelo: de textura lanosa, nunca trançada para formar finas cordas, semi-dura na superfície, com firmeza, formando cachos apertados em forma de anel, com subpelo visível. Os cachos devem ser distribuídos uniformemente sobre todo o corpo e cauda, exceto na cabeça, onde os anéis não são tão fechados e formam abundantes sobrancelhas, bigodes e barba. Mesmo as bochechas são cobertas de
pelos densos. O pelo de cobertura e especialmente o subpelo são impermeáveis. Se o pelo não é tosado, ele tende a feltrar (pois ele continua a crescer); por esta razão uma tosa completa deve ser executada uma vez por ano. O pelo de cobertura e o subpelo feltrados devem ser periodicamente removidos. O pelo tosado não deve ser menor que no máximo 4 cm e deve estar uniforme com a silhueta do cão. Somente na cabeça a pelagem pode ser mais longa a ponto de cobrir os olhos. A área ao redor dos órgãos genitais e região perianal deve ser cortada curta. A pelagem não deve ter o formato ou ser escovada à maneira das raças Poodle e Bichon Frisé. Pelagem cortada curta previne o seu anelamento ou perda de
textura. Qualquer penteado excessivo exclui o cão de vir a ser qualificado. O corte correto é despretensioso e contribui para acentuar o visual natural, rústico e típico da raça.
COR: branco sólido, branco com manchas marrom ou laranja, ruão-marrons, marrons (nas suas diferentes nuanças) com ou sem branco, laranja com ou sem branco. Alguns cães têm uma máscara marrom a marrom escuro. Marcações castanhas (em diferentes matizes) são permitidas.
TAMANHO:
Altura na cernelha:
 machos: 43 a 48 cm (ideal 46 cm).
fêmeas: 41 a 46 cm (ideal 43 cm).
Tolerância: 1 cm a mais ou a menos.
PESO: 
machos: 13 a 16 kg.
fêmeas : 11 a 14 kg.

NOTA:
• os machos devem apresentar os dois testículos, de aparência normal, bem descidos e acomodados na bolsa escrotal.

IN
- "CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CINOFILIA"
- MAIS HISTÓRIA - Lagotto Clube da América

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