14/03/2012

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Estão nuas mas não parece, 
.estão no futebol mas não só...

Por António Simões

Disso ninguém tem dúvidas: a pintura corporal é uma forma de arte. Que começou por ser rito tribal de índios e aborígenes. Cruzou tempos e séculos, foi espaço de rebeldia. Por exemplo, na Expo Chicago em 1933 virou escândalo, quando o pintor Max Factor levou para o seu pavilhão modelo nua e desatou a pintá-la. Acabaram ambos na prisão...

Como os Jogos Olímpicos de Los Angeles criaram o mito do body paiting...
De repente, a rebeldia virou arte pura. Sobretudo pela mão de Joanne Gair. Nasceu em 1958 em Auckland, na Nova Zelândia – onde além de dar aulas de dança numa escola, pintava inspirada na cultura pop. Passou por Amesterdão, apeteceu-lhe ir ver ao vivo os Jogos Olímpicos de 1984 saltou de lá para Los Angeles.

Para sobreviver, trabalhou como maquilhadora em salões de beleza – e acabou por conseguir autorização de residência na Califórnia. Desenhou capas de discos para Tina Turner, Annie Lenox, Grace Jones e Mick Jagger, colaborou em vídeos de Madonna – e em 1992 pôs a América, deslumbrada, a falar de si (e do encanto do body painting). Foi quando desenhou, durante 13 horas, um smoking no corpo nu de Demi Moore que fez capa da Vanity Fair – com foto de Annie Leibovitz.


Daniella Sarahyba na edição de fatos de banho 2005 da SI, com a camisola dos Phoenix Coyotes no corpo nu pintada por Joanne Gair





 Tehmeena Afzal com o equipamento dos NY Giants pintado no corpo nu a promover a edição 2012 do Super Bowl



Outra moda que está a pegar: fãs a irem para os estádios em pintura corporal. Como esta dos Phillies, equipa de futebol americano de Filadélfia




 Promoção ousada do Mundial da Alemanha com modelos nuas e apenas uma bandeira sobre o corpo...


Para publicação oriental, a modelo que deu o corpo a Portugal...


Gina Lisa Lohfink, modelo que virou estrela de TV, num ensaio em body paiting para o Mundial 2010

Há Joanne Gair e há outra estrela no body painting: John Vargas, equatoriano radicado em NY. Que fez calendário para o Mundial assim...



Madonna, Michelle Pfeiffer - e o furor que foi despir e pintar na Sports Illustrated
Gair nunca mais deixou de fazer, cada vez mais sublime, o que já ensaiara também: trabalhos para campanhas publicitárias em body paint. E, pelo caminho, levou o seu traço de ilusionista a Madonna, Michelle Pfeiffer, Kim Basinger, Sophia Loren – e a Sports Illustrated desafiou-a a fazer de pinta fatos de banho para a sua edição de 1999, com Heide Klum, Rebecca Romijin, Daniela Pestova.

Dois anos depois, foi ainda mais fulgurante o génio de Joanne – transformando em Heide Klum, Veronika Varekova, Molly Sims e Fernanda Tavares em estátuas gregas. E a partir daí então foi espanto sobre espanto, numa espiral sem fim.

E se a SI Swimsuit 2012 teve uma futebolista, uma nadadora e uma golfista na secção body paint, um ano antes teve quatro mulheres ligadas ao futebol (como sempre, vestidas com a tinta e o a arte de Gair).

A que fez strip-tease para dar prenda de Natal ao marido...
Duas por serem casadas com jogadores: Abigail Clancy (modelo de passarelle e apresentadora de TV) com Peter Crouch (e irmã de um futebolista do Fleetwood Town) - e que neste Natal voltou à ribalta por causa do vídeo de strip-tease que gravou para dar como prenda ao marido; e Bethany Keegan Dempsey com Clint Dempsey (o americano do Fulham que gravou CD de hip hop e o vídeo de uma das suas músicas foi usado em campanha da Nike, é dedicado à irmã que morreu aos 16 anos de um aneurisma, termina com um pontapé dele que lhe deixa uma flor sobre o túmulo...)

A que diz que a culpa das lesões do namorado é sexo 10 vezes por semana
Duas por serem namoradas de jogadores: Sarah Brandner (top model que passara por trabalhos na revista do Bild e na GQ) de Bastian Schweinsteiger; e Melissa Sata (modelo, atriz e apresentadora de TV que nasceu em Boston, cresceu na Sardenha e chegou a vice-campeã italiana de karaté) de Christian Vieri. (Pois, semanas depois do ensaio, deixou de ser de Vieri, mas continuou a ser de futebolista. Agora é companheira de Kevin-Prince Boateng – e não há muito embasbacou meio mundo revelando que as lesões dele no AC Milan se deviam a uma facto: «terem relações sexuais de sete a 10 vezes por semana»)...

O equatoriano de Nova Iorque e a top model que virou estrela de TV
Não, o body painting não é só fascínio de Joanne Gair – ou da Sports Illustrated. E faz-se vezes sem conta a pretexto do desporto. John Vargas, equatoriano radicado em Nova Iorque, fez calendário com as camisolas das equipas apuradas para o Mundial de futebol de 2006 – e o êxito foi tão estrondoso que repetiu a empreitada para o Mundial de 2010.

E esse, o da África do Sul, inspirou ensaios por várias latitudes – e o mais badalado acabou por ser o que pôs em furor a top-model alemã Gina-Lisa Lohfink. («Sempre fui fã de futebol, enquanto as minhas amigas andavam embevecidas com bonecas, só com o bonecas, eu não, desesperava à procura dos cromos da coleção Panini com os jogadores da Bundesliga, via os jogos todos que a televisão dava». E, antes ainda do ensaio em body painting, tornou-se namorada de Romulo Kuranyi, o irmão de Kevin, avançado da seleção – e depois virou estrela de televisão, apresentou programas, fez séries...)


IN "A BOLA"
23/02/12

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