25/03/2012

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TERRAS DE BOURO
DISTRITO DE BRAGA


















Terras de Bouro é uma vila portuguesa no Distrito de Braga, região Norte e sub-região do Cávado, com cerca de 700 habitantes.

É sede de um município com 276,17 km² de área e 7 253 habitantes (2011)[1], subdividido em 17 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Ponte da Barca e pela Espanha, a leste por Montalegre, a sul por Vieira do Minho, a sudoeste por Amares e a oeste por Vila Verde.

Aspetos Geográficos
O concelho de Terras de Bouro, do distrito de Braga, localiza-se na Região Norte (NUT II), no Cávado (NUT III). É o concelho mais a norte do distrito, fazendo fronteira com Espanha. Localiza-se a nordeste da cidade de Braga. 

É limitado a norte por Ponte da Barca, pertencente ao distrito de Viana do Castelo e Espanha, a este por Montalegre, a sul por Vieira do Minho e a oeste por Amares e Vila Verde.
Abrange grande parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, sendo atravessado pelos rios Caldo, Homem e Gerês.
CÂMARA MUNICIPAL

Eminentemente rural, o concelho ocupa uma área de 277,6 km2 compreendendo 17 freguesias: Balança, Brufe, Campo do Gerês, Carvalheira, Chamoim, Chorense, Cibões, Covide, Gondoriz, Moimenta, Monte, Ribeira, Rio Caldo, Souto, Valdosende, Vilar e Vila da Veiga.

Área 277,5 km²
População 7 253 hab. 2011
Densidade populacional 26,14 hab./km²
N.º de freguesias 17
Presidente da
Câmara Municipal
Não disponível
Fundação do município
(ou foral)
1514
Região (NUTS II) Norte
Sub-região (NUTS III) Cávado
Distrito Braga
Antiga província Minho
Feriado municipal 20 de Outubro
Código postal 4840
Endereço dos
Paços do Concelho
http://www.cm-terrasdebouro.pt/
Sítio oficial Não disponível
Endereço de
correio electrónico
geral@cm-terrasdebouro.pt

O natural ou habitante de Terras de Bouro denomina-se terra-bourense.

HISTÓRIA
O nome de Terras de Bouro advém da tribo germanica dos Búrios (Buri) que acompanhou os Suevos aquando da invasão da Peninsula Ibérica ( Galécia) e que se estabeleceu na regiao entre o rio Cávado e e o rio Homem sendo deste modo conhecida como Terras de Boiro ou Bouro. 
Este é um Concelho de montanha cujo povoamento se perde na memória dos tempos, como o comprovam as pinturas rupestres e vestígios da Idade do Bronze. A presença humana mais marcante, porém, remonta ao tempo dos Romanos, utilizadores de água termal do Gerês e construtores da Geira (Via Romana).

Visitar esta região é contactar com o vasto património dos antepassados: a Via Romana, vulgo Geira, com a maior concentração de marcos miliários epigrafados do Noroeste peninsular, reconhecida como Património Nacional e em fase de candidatura a Património Mundial; é reviver as agruras do povo Búrio na defesa da zona raiana e do seu castelo, o castelo de Bouro, honrando o compromisso assumido, aquando da atribuição de privilégios reais e cujas trincheiras testemunham o heroísmo deste povo; é contactar com as tradições ancestrais, (trilhos dos pastores, dos contrabandistas, dos regadios, dos moinhos, etc.) que possibilitaram, durante séculos, a sobrevivência de um povo simples, amante da sua terra e disposto a dar a vida pela pátria. É desfrutar da natureza, em toda a sua plenitude, como escreveu Miguel Torga, onde: "tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição"

O concelho de Terras de Bouro, situado em pleno coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês e percorrido pelas bacias do Cávado e Homem, é riquíssimo em história, tradições e paisagens deslumbrantes. A fauna e a flora variadas, os recursos termais, hidrológicos, a oferta de condições naturais e artificiais para a prática de desportos de montanha e náuticos, fazem de Terras de Bouro uma região de procura turística por excelência.
Associadas a estas potencialidades encontramos instituições e infra-estruturas que tornam este território de montanha bem conhecido, com referência no país e no mundo, a saber pelo santuário do S. Bento da Porta Aberta com as suas romarias, o Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas, as termas e a serra do Gerês como ponto nevrálgico e emblemático do Parque Nacional, as albufeiras da Caniçada e de Vilarinho das Furnas, a via Romana XVIII (Geira), que ligava Bracara Augusta a Astorga com o conjunto de miliários epigrafados e sua história multissecular, a fronteira da Portela do Homem e o relacionamento ancestral com os povos da Galiza, o Centro de Artesanato de Covide e de Brufe, o Centro Náutico de Rio Caldo, a Água do Fastio, o turismo no espaço rural, os miradouros e as cascatas na serra do Gerês.
Para acolhimento, Terras de Bouro oferece dezenas de unidades hoteleiras, Pousada da Juventude, Parques de Campismo e modalidades de alojamento de turismo rural, que constituem as mais valias das nossas aldeias, revitalizadas no âmbito do programa de iniciativa Leader.
Em toda a região, na sua vasta rede de restaurantes, pensões e hotéis, podemos apreciar a gastronomia minhota e a genuinidade dos pratos da terra, tão exaltados no X Congresso de Gastronomia do Minho (1999), destacando-se o “Cozido de Feijão com Couves” e os “pastéis de Santa Eufémia”, cujos produtos agro-alimentares e artesanais, encontram-se no Centro de Promoção de Produtos Regionais, sito em Covide.

A acrescentar a estas potencialidades há a oferta de um conjunto de actividades de animação, como a rede de trilhos pedestres “Na senda de Miguel Torga” implementada pela autarquia, bem como outras modalidades de turismo activo e de aventura promovidas pelas empresas de Animação Turística, sedeadas no território concelhio. Mas, há muito mais para oferecer aos visitantes e turistas que, ao entrar na região, quer seja pelas pontes de Rio Caldo, por Caldelas ou até pela Portela do Homem, vindo de Ourense (Espanha) e Ponte da Barca, serão bem recebidos com apreciáveis paisagens naturais e culturais.
(...) O concelho de Terras de Bouro aparece-nos profundamente dividido em dois grandes conjuntos, de base geográfica; (...) Um primeiro conjunto é integrado pelas freguesias da serra, profundamente marcado pelo arcaísmo dos seus modos de vida e cultura; o segundo das freguesias de meia encosta, ou Ribeira, mais ricas e de agricultura mais variada, com outras disponibilidades e aberturas culturais" refere Viriato Capela, sobre o concelho de Terras de Bouro.

No percurso histórico, especificamente no período da denominação romana, Terras de Bouro guarda um espólio de valor reconhecido, a nível nacional e internacional, incidindo na Via Nova XVIII – Geira Romana – que ligava a capital da Província de Bracara Augusta – Braga – a Astorga – Espanha. A partir do século V, Norte de Portugal foi tomado por vários povos, desde os Suevos, os Visígodos e os Muçulmanos. Um dos mais notáveis padrões desse acontecimento, enquadrando-se no século V, é Bouro ou Boyro, na linguagem popular, designação territorial que ficou solidamente vinculada a uma vasta região que dá pelo nome de Terras de Bouro. O acto heróico dos Búrios farão parte integrante da génese desta região, que da sua ocupação e permanência, durante épocas, deixaram de herança a nomeação toponímica, por serem as terras dos Búrios, com a evolução linguística originou Terras de Bouro.
Na época medieval, as comunidades de Terras de Bouro beneficiaram da Carta de privilégio de D. Dinis, que patenteava um contrato oneroso, revelando uma singular importância política na administração territorial portuguesa.
Esta Terra de Boyro que D. Manuel consagrou atribuindo-lhe o Foral em 1514, revela ser uma região com um povo determinado e de luta na conquista territorial.
Actualmente, este legado histórico, ainda está presente no ordenamento territorial, nas tradições e na identidade cultural de Terras de Bouro.

PATRIMÓNIO

ARQUEOLÓGICO

Mamoas
A Chã da Nave é um amplo alvéolo aplanado encravado na vertente meridional do maciço do Piorneiro. Desenvolve-se em bacia com pequena abertura a Sul, entre os 860 e os 880 metros de altitude, sendo limitada nos outros lados pelos cumes dos Currais, Fraga das Abelhas, Piorneiro / Crasto e Alto do Tronco. 
 É verdadeiramente uma planície entre montanhas, tal como significa o seu nome Nave ou Navia, que é uma corruptela de nava, de origem pré-indoeuropeia. Bem irrigada, apresenta zonas húmidas com abundância de erva, mesmo no Verão. A cobertura vegetal dominante são matos rasteiros e herbáceas, sendo frequentes rebanhos de caprinos e manadas de bovinos a pastar.

No topo Nordeste da chã, nas proximidades de uma nascente de água, conservam-se duas mamoas, bem perceptíveis na linha de superfície do solo e distantes uma da outra cerca de 50 metros.

A Oeste localiza-se a que designamos Mamoa 1. Trata-se de um tumulus de terra, cascalho e calhaus de granito, compactado, recoberto por tojo e fetos. Com cerca de 15 metros de diâmetro e 1 metro de altura, apresenta uma depressão central bem marcada, no interior da qual se observam 5 esteios de granito, tipo laje, 3 deles tombados e 2, aparentemente, in situ.

A Mamoa 2 localiza-se a Este. É um tumulus de terra, calhaus e cascalho de granito, compactado, recoberto por tojo e fetos. Tem cerca de 14 metros de diâmetro e 1,5 metros de altura, apresentando uma pequena depressão central onde são visíveis, in situ, o topo de 5 esteios de granito, configurando uma câmara poligonal.

Trata-se de monumentos megalíticos a que se atribui uma função funerária, apresentando similitudes formais com inúmeros conjuntos dispersos pelas serras do Noroeste e aos quais se atribui uma cronologia situada entre os IV.º e III.º milénios a.C.

Ponte Medieval
A ponte dos Eixões, situa-se a Sul da Veiga de S. João de Campo, sobre a Ribeira de Rodas que a partir do local se faz Rio de Campo, fazendo passagem para as vizinhas freguesias de Covide e Carvalheira. 

A ponte possui dois arcos de volta perfeita formados por aduelas estreitas, construídos sobre as bases sólidas de paredões bem aparelhados alicerçados no leito rochoso e nas margens. A montante e a jusante dois fortes talhamares protegem e consolidam a estrutura arquitectónica. O tabuleiro da ponte, com um antigo perfil de corcova, de linhas abauladas, largo, com guardas baixas, talvez posteriores à sua construção original, é empedrado com calçada de laje grande, muito degradada por adaptações às necessidades da viação motorizada do século findo. Hoje, o trânsito automóvel faz-se por uma ponte de betão, a montante deste local.

Apesar da inscrição patente num dos arcos do ano 1745, considera-se haver indícios para recuar a sua existência a tempos anteriores. Como referia o abade Custódio José Leite em 1728, a dita ponte dos Eixões, ao tempo denominada de Ponte de Rodas, era obra nova “tendo sido antes obra romana, que um grande madeiro arruinara.” (Sousa, 1927).

Templo Romano
Na Veiga de S. João, que se desenvolve a sul do casario, são desde há muito nomeados importantes achados arqueológicos, entre os quais se devem referir os vestígios de um grande edifício de fabrica romana, talvez um templo, já que desse local procede ainda uma ara votiva dedicada à divindade indígena Ocaere. 
 A notícia de Argote, que segue de perto a de Matos Ferreira, ambas do séc. XVIII, reza o seguinte: “ Na aria em que esteve antig te a Igra. Matriz de S. João do Campo, tiverão os Romanos hu grandioso Templo, adonde veneravão os seus idolos e satisfazião os votos que lhes prometião. Estava este Templo no sitio da Veiga de S. João, alem do Rio, em distancia de 50 passos, e da aldeia ou lugar do Campo 500 passos; presume-se que este Templo foy arruynado pellos Godos, e depois reedificado, em tempo do Emp. Constantino Magno, e dedicado a S. João Baptista do Campo e dahi a an.s foy pessuido pellos Carvall.os Templarios; extinctos estes, ficou sempre permanecendo athé o anno de 1692, em que por Capp.os de Visita se mandou mudar p.a o lugar do Campo, por a d.a Igr.a estar em sitio ermo e remotta da povoação...”

Casa das Peças
Nas proximidades da Trincheira do Campo encontram-se restos de uma estrutura identificada como a Casa das Peças. Referente a estas identificações, o abade Custódio José Leite refere que “nam hé freguesia murada, tem sim hum muro na casa da Guarda chamado o Corpo da mesma Guarda, e outros lhe dão o nome de trincheira, reparado há pouco tempo e este he o lugar onde os concelhos de Terras de Bouro, Santa Martha de Bouro, Couto do Souto fazem o seu corpo de guarda. Não tem torres, nem castellos, porém próximo ao dito muro distancia de meyo quarto de legoa se achão penhas de bravos penedos tam fortíssimos e inexpugnáveis à maior violencia dos inimigos e logo ao pé da mesma trincheira está huma casa que serve de recolhimmento aos que guardão a passage...”

Trincheira do Campo
Nas proximidades da milha XXIX avultam vestígios indeléveis da trincheira do Campo que, desde a Idade Média, serviu de defesa da raia portuguesa nas invasões hostis.

Segundo as Inquirições de 1258, o povo de Campo do Gerês tinha por obrigação defender a Portela do Homem. Esta obrigação manteve-se ao longo dos séculos, tendo este povo serrano resistido com sucesso a todos os assomos dos povos invasores, devido sobretudo à sua coragem rude e indómita, mas também à excepcional configuração geográfica do território.
Nas proximidades da Trincheira do Campo encontram-se restos de uma estrutura identificada como a Casa das Peças. Referente a estas identificações, o abade Custódio José Leite refere que “nam hé freguesia murada, tem sim hum muro na casa da Guarda chamado o Corpo da mesma Guarda, e outros lhe dão o nome de trincheira, reparado há pouco tempo e este he o lugar onde os concelhos de Terras de Bouro, Santa Martha de Bouro, Couto do Souto fazem o seu corpo de guarda. Não tem torres, nem castellos, porém próximo ao dito muro distancia de meyo quarto de legoa se achão penhas de bravos penedos tam fortíssimos e inexpugnáveis à maior violencia dos inimigos e logo ao pé da mesma trincheira está huma casa que serve de recolhimmento aos que guardão a passage...”

A sede das concentrações para a defesa era a freguesia de S. João do campo, em cujo termo, no sítio conhecido por Casa da Guarda, existiu em tempos uma trincheira com cento e vinte metros de comprimento, um metro de espessura e pouco mais de altura, construída no tempo de D. João I e reparada nos de D. João IV e D. João VI, e junto dela duas pequenas casas para abrigo das sentinelas do concelho de Terras de Bouro, e dos antigos concelhos de Santa Marta e do couto do Souto.

NATURAL

Serra do Gerês
A Serra e as Termas do Gerês têm sido palco de notáveis e interessantes observações orais e escritas, desenvolvidas por inúmeros especialistas de áreas distintas. 
Diante de um vasto número de autores, menciona-se Tude de Sousa ao referir “De estrangeiros e nacionais, todos quantos por turistas ou por intuitos scientíficos excursionaram no Gerês, são unânimes no côro levantado em honra das belezas da serra, firmada, além da estrutura, elevação e conformação especial de seus montes, na excelsa vegetação da sua flora e nas hilariantes canções das suas águas”. (SOUSA, 1926, p:6)

Importa referir que cada escritor, poeta, cientista, pintor, entre outros, tinham uma causa que os induzia a escrever, meritoriamente, a paisagem da Serra do Gerês, evocando-a como obra da Natureza, obra do Homem, como refere Sousa Costa numa das suas edições “Aqui no Gerês, no seio dêste concílio de picos em êxtase, alguns com perto de dois mil metros de estatura, sob a acção emoliente das árvores que ciciam e das água que cantam, água multiplicadas em ribeiros, em cascatas, em fontes, em repuxos, este opressivo torpor quási não deixa abrir os olhos para o formidável espectáculo da Natureza – a bôca sempre aberta nos bocejos de cada instante”.(COSTA, 1934,p:28)
No ano de 1942, Tude de Sousa, procura legitimar a descrição das belas paisagens das Caldas do Gerês “E não só às Águas foram atribuídos esses estudos, como igualmente o foram à Serra, que é uma maravilha na paisagem portuguesa e que assegura uma riqueza sem limites na variedade e interesse peculiares da sua fauna, da sua flora e de toda a sua constituição, a pontos de o Gerez contar, como nenhuma outra estância e como poucas ou talvez nenhuma outra região do país, mesmo das mais privilegiadas, uma extensa e variadíssima bibliografia (...)”.
Ainda referente às Termas e à Serra do Gerês, destaca-se uma observação do médico partidista do Gerês, José dos Santos Dias, que permaneceu nas Caldas do Gerês entre os anos 1811 e 1817, “Na Provínçia do Minho huma das mais povoadas e agricultadas do Reino de Portugal, existe a Serra do Gerês, notável pela sua grandeza, rara por suas produções, famigerada pelas suas Caldas. Esta serra estende-se na linha de Nordeste desde a freguesia de Rio Caldo (...); serra d’ organização primitiva bazada e trimenada em muntos dos seos cabeços por descarnadas, escaberozas, e alcantiladas rochas, d’aspecto medonho, d’altura inorme(...).” (DIAS, 2001. p:13/14).

Esta área natural, premiada de Parque Nacional da Peneda Gerês, estende-se até à actualidade como único Parque Nacional. O autor Sousa Costa da Academia de Ciências de Lisboa (Lisboa, 1934:22) descreve de modo sublime o que a sua mente e os olhos lêem no horizonte “A paisagem do Gerez! Vinde vê-la, vinde admirá-la comigo. A serra, não sendo a mais alta, é a mais pitoresca do país. A mais abundante de águas, arvoredos, aspectos idílicos e trágicos. Começa lá em baixo, no vale em que o Cávado ruge. Desdobra-se até à Galiza em duas formidáveis vagas de granito – no seio das quais a Estância Termal repousa em sossego. 
 Assenta os contrafortes nas margens do Lima, nos desfiladeiros do Barroso. Levanta-se quasi a prumo da frescura do vale, junto de Vilar da Veiga, primeiro, negra e escalvada, pouco depois verdejante de ramos. Aberta ao meio pela enorme garganta, em forma de V, que sobe, estreitando-se até às chãs de Leonte, prolonga-se, planando, até às veigas da Galiza, alteia-se em picos majestosos, que se aprumam dum e doutro lado da garganta, altares a que o arvoredo e as águas rezam as suas orações.”

Tude de Sousa refere na época que (1909) “O Gerez é seguramente uma das regiões de mais pittoresco de Portugal, retalho do Minho, onde o imprevisto se seccede a cada momento, dando-nos, ora o bucolismo pacato de verdes e dilatados chão e planaltos, onde os gados pastam, e a frescura de frondosos e velhos arvoredos e ténues regatos, ora a vista selvagem de altos despenhadeiros e elevadas grimpas, de onde formosíssimas cascatas se precipitam na ancia de um suicídio louco e onde não se sabe que mais admirar, se a imponência do horisonte e das vistas que se disfructam, se a estranha contextura e orographia da serra”.

Serra Amarela
A serra Amarela desenvolve-se num extenso território que abrange a área de Terras de Bouro, bem como do concelho de Ponte da Barca. Trata-se de uma montanha áspera, concordante com o seu nome – Amarela -, cuja raiz etimológica significa, precisamente amargo, duro.

As mariolas que harmonizam a paisagem agreste constituem marcas dos pastores aquando da guarda dos animais na serra. Actualmente, servem de marcas de sinalização a indicar o caminho certo do trilho pedestre, que vai ao encontro de sítios paisagísticos.

O maciço montanhoso do Gerês fica-lhe fronteiro e nesta extensão de paisagem serrana prevalecem interessantes testemunhos arqueológicos relacionados com as duas mais importantes actividades exercidas pela população na serra: a defesa da fronteira e a pastorícia. A primeira expressa no complexo defensivo da Chã do Salgueiral e a segunda especialmente manifesta no fojo do lobo de Vilarinho.
Na Chã do Salgueiral encontram-se, entre outros vestígios edificados, as casarotas e a trincheira, onde se fazia a defesa da célebre fronteira Portela da Amarela, tarefa cometida aos habitantes de várias aldeias do vale alto do rio Homem, já desde a Idade Média, como bem documentam as inquirições do século XIII.

Albufeiras
A região de Terras de Bouro possui uma densa rede hidrográfica e apresenta duas importantes obras hidráulicas – albufeiras da Caniçada e de Vilarinho das Furnas – que constituem testemunhos da riqueza aquífera do território.
ALDEIA DE VILARINHO SUBMERSA PARCIALMENTE
Assim, salienta-se o rio Cávado que tem a sua nascente na Serra do Larouco e da sua rede hidrográfica há a destacar um dos principais afluentes: o rio Homem, com cerca de 45 km de comprimento, que nasce na Serra do Gerês, junto aos cumes do Outeiro Redondo e Carris, localizado a 1500 m de altitude. Percorre a Serra do Gerês e vertente Sul da Serra Amarela, atravessa o concelho de Terras de Bouro para desaguar nos concelhos confinantes de Vila Verde e de Braga.
Na área concelhia encontram-se em exploração dois aproveitamentos hidroeléctricos pertencentes ao Grupo EDP – Electricidade de Portugal S.A. Vilarinho da Furna, uma albufeira criada em 1972, com 125 de potência máxima (MW), atingindo uma energia produtiva média anual de 184. A albufeira da Caniçada foi criada em 1954, com 62 de potência máxima (MW), atingindo 340 de energia produtiva média anual.
CANIÇADA

O aproveitamento hidráulico de Vilarinho das Furnas representa o último grande empreendimento construído na bacia do Cávado, localiza-se no Rio Homem e os seus caudais são turbinados na central próxima à albufeira da Caniçada.

ARQUITECTÓNICO

O concelho de Terras de Bouro ostenta um conjunto variado de construções arquitectónicas e vestígios elementares, conexas ou independentes, que remontam a diferentes épocas temporais e revelam características de origem erudita ou popular.
EM 1960

A arquitectura de cariz rural representa a natureza do saber e do saber-fazer da época da sua feitura que, na generalidade, transmitem um nobre e autêntico valor.

As construções rurais, como a sequeira, o espigueiro, a eira, os moinhos-de-água, as fontes, os relógios de sol e os pombais, bem como o conjunto diversificado de nichos religiosos (igrejas, capelas e as alminhas), constituem a identidade cultural desta região.

Nas paisagens serranas sobressai os fojos do lobo, as silhas, os fornos de carvão, (furnas), os currais e as cabanas de pastores, que manifestam utilidade às vivências dos habitantes que povoaram os maciços do Gerês e Amarela.

Os pontões, pontes e poldras são pequenas construções, geralmente em granito, que têm uma componente de grande utilidade, permitindo a travessia do rio, ribeiro e pequenos afluentes. Outrora, estas infra-estruturas permitiram a circulação de pessoas, de animais e de mercadorias em veículos de tracção animal.

Espigueiros

Os espigueiros são parte integrante das quintas e das casas de lavoura, servindo de arrecadação e conservação de espigas de milho e outros cereais. 

Estas estruturas arquitectónicas adornam as casas e as eiras com a sua esmerada obra em granito e madeiramento. Por sua vez, denunciam um pragmatismo popular, com um padrão funcional de grande utilidade para as populações agrícolas, favorecendo a secagem, a conservação dos cereais, protegendo-os do ataque dos animais roedores, por outro lado revelam um valor artístico, com a sua delicadeza morfológica.

Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas
O Museu Etnográfico é uma criação manifestada pelos antigos habitantes da extinta aldeia comunitária de Vilarinho das Furnas, destacando o prezado empenho do Senhor Dr. Manuel Azevedo Antunes. No ano de 1981, a Câmara Municipal de Terras de Bouro deu inicio à sua construção consubstanciada no aproveitamento de matéria-prima originária da aldeia.

A inauguração do Museu deu-se a 14 de Maio de 1989, com o Senhor Presidente da Câmara Municipal, na pessoa de Dr. António Araújo e com a presença de sua Excelência o Primeiro-Ministro, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva.

Trata-se de uma construção de arquitectura popular em alvenaria tradicional, cujo desenho final enquadra-se, com perfeição, na cultura edificada da aldeia de Campo do Gerês.

Caracterização do Museu Etnográfico de Vilarinho da Furnas
Numa área de 430 m², o espaço distribui-se por dois grandes pisos. A parte térrea dispõe de um átrio coberto, recepção, uma sala de exposições de quadros com desenhos a carvão da autoria de Luís Campos, e mais duas salas de exposição a evidenciar o espólio peculiar da vida e cultura da comunidade de Vilarinho das Furnas. 

O acesso para o piso superior faz-se, facultativamente, pelo interior ou exterior do edifício e, aqui, o espaço está distribuído por um auditório, um corredor a exibir alfaias agrícolas e duas salas que espelha, de modo artístico e decorativo, o povoado habitacional da aldeia, a vida comunitária agro-silvo-pastoril e a organização comunitária – a Junta - a festa e romaria – o culto religioso - as lidas domésticas e os seus saberes-fazer genuínos – o sapateiro, o carpinteiro e o artesão. Ainda no piso superior encontra-se uma sala com a sede da Associação “A Furna”, fundada em 1985 pelos habitantes naturais de Vilarinho, que constituem os órgãos sociais e fundadores, regendo-se por objectivos de preservação, defesa e valorização etnográfica da comunidade sui generis.

Na área envolvente encontra-se um espaço anexo que representa um projecto em construção a integrar ao Museu, com espigueiros e um salão que funcionará como arquivo do património documental de Vilarinho e do concelho de Terras de Bouro que, no seu conjunto, instituem a identidade cultural deste Povo. Este conjunto de edifícios, entre outros a construir, serão integrados no projecto Portas do Parque.

Salvaguarda Patrimonial - Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna
Nos finais de 1968, o movimento humano da aldeia de Vilarinho das Furnas congregou-se para atingir um único fim: recolher o património etnográfico e salvaguardá-lo. A sua inventariação representou um trabalho em conjunto, do povo de Vilarinho das Furnas, da Junta de Freguesia e do Sr. Dr. Manuel A. Antunes. O espólio concentrado refere-se ao sector agrário, às tradições comunitárias, à vida doméstica e à ruralidade genuína da aldeia.

RELIGIOSO

Santuário do S. Bento
São Bento da Porta Aberta caracteriza-se por um templo religioso, situado na freguesia de Rio Caldo, nas proximidades da albufeira da Caniçada. Apresenta-se como o segundo Santuário mais visitado no contexto nacional, por esta razão, o recinto e a zona envolvente tem sido alvo de remodelações e inovações acrescidas, de forma a tornar-se num espaço religioso e turística atractivo.

Para favorecer as festas litúrgicas de S. Bento e para a comodidade dos milhares de fieis que o visitam, acrescentaram ao Santuário uma cripta de ampla envergadura numa arquitectura moderna que contempla espaços múltiplos de cariz religioso e cultural.

O santuário está inserido no programa de Turismo Religioso, especificamente no roteiro do Caminho do Formigueiro – Abadia e São Bento – projectado pela TUREL – Turismo Cultural e Religioso.

TURISMO

RELIGIOSO

Caminho do Formigueiro | Abadia - S. Bento

"Sobem a encosta da montanha até ao alto o Formigueiro e não desanimam, embora vítimas de um aleijão...”
Partindo da Abadia, logo à saída encontram a Gruta da aparição e mais acima as duas últimas capelas rectangulares da Via - Sacra. Subindo a montanha, chegam a Santa Isabel do Monte. Atravessada a estrada, caminham em direcção ao Formigueiro, onde, em 1920, foi encontrada a Imagem de S. Bento, que tinha desaparecido do Santuário. Continuando o seu percurso, entram no Santuário de S. Bento, pelo lado do Parque.

Outros peregrinos visitam primeiro S. Bento e fazem o caminho inverso.
Depois de fazerem romaria, despedem-se cantando:

"Perdoai, ó S. Bentinho
Que nós vamos p'rá Abadia
Para o ano, cá tornamos
Quando for o vosso dia"

Depois de subirem o monte até ao Formigueiro, apesar do cansaço vão cantando:

"S. Bento, meu S. Bentinho,
Sarai-me a perna quebrada
Que para além do Formigueiro
Eu tenho de ir de Jornada."

Tinham os de cada região um roteiro certo e invariável, e das terras distantes era quase sempre a jornada feita de noite, por causa do calor. Juntavam-se os peregrinos em ranchadas, caminhavam descalços ou de alparcatas, e lá iam alegres e prazenteiros".

ACTIVO

Trilhos Pedestres
O concelho de Terras de Bouro, englobando as serras do Gerês e da Amarela, dominado pelos vales verdejantes do Homem e do Cávado e atravessado pela Geira (XVIII via romana do Itinerário de Antonino), constitui uma das referências mais significativas em termos do turismo nacional e do Norte da Galiza.

O Parque Nacional Peneda-Gerês, a vila termal do Gerês, as barragens da Caniçada e de Vilarinho das Furnas, o ex-libris do turismo religioso da região, ou seja, o Santuário do São Bento da Porta Aberta, em Rio Caldo, a Via Romana, considerada património nacional, as zonas de lazer ribeirinho, o artesanato, a gastronomia, etc., são recursos potenciadores de um turismo de excelência e representam a mais-valia económica do Concelho.

Consciente deste facto, o executivo municipal tem levado a efeito vários melhoramentos, tais como infra-estruturas rodoviárias, abastecimento de água e saneamento básico, bem como a construção de vários equipamentos (Centro de Animação Termal da Vila do Gerês, Centro Náutico de Rio Caldo, vários arranjos urbanísticos e de zonas ribeirinhas).

Além disso, a Câmara Municipal tem procurado aproveitar todos os recursos endógenos, nomeadamente através da organização de várias Feiras de Promoção e Dinamização dos Produtos Locais.
Prosseguindo uma estratégia de rentabilização de todos os seus recursos e tendo em conta o facto do grande escritor Miguel Torga ter sido um frequentador assíduo das Termas do Gerês e um amante insaciável destas serranias, a Câmara Municipal avançou com um projecto de criação de trilhos.

A rede de Trilhos Pedestres na Senda de Miguel Torga que agora apresentamos pretende, por um lado, ser uma homenagem a um dos maiores vultos da Literatura Portuguesa que durante mais de quarenta anos calcorreou estas paisagens e aqui escreveu alguns dos seus melhores poemas, e, por outro lado, constituir-se como um guia que possibilite, aos amantes da natureza, em geral, e da Serra do Gerês, em particular, fruírem o património natural e patrimonial de Terras de Bouro em toda a sua plenitude.

Parque Nacional Peneda-Gerês
O Parque Nacional da Peneda-Gerês apresenta-se como a primeira área protegida a ser criada em Portugal (1971), pelo Decreto-Lei nº 187/71 de 8 de Maio, sendo o único com estatuto de Parque Nacional. 
 Localiza-se na região norte de Portugal, compartindo fronteira com a Galiza, que forma uma paisagem contínua com o Parque Natural da Baixa Limia-Serra do Xurés, no município de Lóbios, em Espanha. O conjunto dos dois parques forma o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés. Além das áreas de influência dos rios Minho, Lima, Cávado e Homem, o PNPG faz parte dos maciços graníticos da Peneda, Amarela e do Gerês. Ocupa uma área de 69 693 hectares, abrangendo cinco Concelhos: Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro. Neste último, ocupa 55,7% da área total concelhia.
A região que o integra é de predominância granítica e montanhosa, com altitudes que atingem os 1545m, no Pico da Nevosa, em Terras de Bouro. Parte das serras que o constituem sofreram intervenções do Homem, em continuidade, desde o tempo Neolítico.

Gastronomia
Compõe-se de rojões acompanhados de belouros
Sarrabulho de Terras de Bouro
Rojões:
- Redenho;
- Toucinho gordo e entremeado (fresco);
- Febras de porco;
- Coração e fígado de porco;
- Tripa enfarinhada;
- Bucho enfarinhado;
- Sangue de porco cozido;
- Banha;
- Sal, pimenta e cominhos q.b..

Preparação:
Numa panela de ferro, põe-se a banha a aquecer, juntando aos poucos o toucinho, as febras e o redenho cortados bocados muito pequeninos. Tempera-se com sal, pimenta, alhos, louro e cominhos e deixa-se cozer lentamente no pingue que então se fornou.

Quando as carnes estiverem prontas, junta-se a tripa e o bucho enfarinhado, o coração e o fígado, fritos à parte, e também e também eles cortados em bocados muito pequenos.
Numa terrina previamente aquecida, põe-se os rojões que são servidos imersos no pingue em que foram preparados mais as restantes frituras.

Turismo em Espaço Rural
A fuga aos destinos massificados tende a acentuar-se, progressivamente, e há uma busca dos sítios naturais e da ruralidade das áreas de montanha. 

Há uma visão positiva pelo turismo de natureza e pelo turismo no espaço rural, que revelam uma dinâmica criativa e original, reveladora de tranquilidade e bem-estar.

O concelho de Terras de Bouro é exemplo deste facto, comprovado pelo número significativo de turistas que, anualmente, visitam a região em busca do espírito da montanha.

O turismo no espaço rural, que se encontra numa implementação continuada, evidência uma mutação considerável no espaço territorial, proporcionando uma nova visibilidade ao meio rural que, paulatinamente, deixa de ser exclusivamente agrícola e pauta-se pela emergência de múltiplas actividades económicas, favorecendo a criação de um cenário dinâmico e atractivo.

Pode, em Terras de Bouro, usufruir da Aldeia de Brufe, de Cutelo, de Covide e de St.ª Isabel do Monte para as suas férias perfeitas, na companhia da natureza e da beleza da montanha.

IN:
WIKIPEDIA
SITE DO MUINICÍPIO

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