06/03/2012

ALMORRÓIDA TEATREIRA


Ana Gomes interpreta 
“Monólogos da Vagina” 
no Parlamento Europeu

Um grupo de eurodeputadas interpreta hoje a peça de Eve Ensler. Os bilhetes para o público estão esgotados

Acabada de sair do ensaio geral, que “por acaso até correu muito bem”, a eurodeputada Ana Gomes conversou ontem com o i sobre a iniciativa de interpretar “Os Monólogos da Vagina” (1996) no palco da política europeia. “Quem deu a ideia foi uma das deputadas que representam a peça, a finlandesa Sirpa Pietikäinen, do PPE, e como esta peça já foi representada noutros parlamentos, no Congresso americano, no parlamento britânico ou no das Filipinas, entendemos representá-la também no Parlamento Europeu, a propósito do dia 8 de Março”, explicou.

O convite para interpretar a peça, que se insere na celebração do V-Day, um movimento à escala global que pretende dar voz a várias campanhas para acabar com a violência contra as mulheres, “foi enviado para todas as deputadas para ver quem estaria interessada em participar”. Ana Gomes já conhecia a peça. “Via-a representada há uns 14 anos, talvez, em Nova Iorque, quando estreou, com actrizes como a Whoopi Goldberg, a Susan Sarandon e outras, e também a vi representada em Portugal, pela Guida Maria, aderi logo à iniciativa. Acho que é uma experiência interessante.”

Contando que a própria autora, Eve Ensler, estará hoje presente para ver a interpretação das eurodeputadas e que os bilhetes para o público estão completamente esgotados, Ana Gomes adiantou ainda que a iniciativa não tinha sido bem acolhida por todo o parlamento. “Ainda há dias apareceu uma peça no ‘Wall Street Journal’ que citava um deputado alemão conservador a dizer que não havia lugar no Parlamento Europeu para uma coisa destas. O problema é dele. Nós sentimo-nos bem a fazê-la aqui no Parlamento Europeu”, sublinhou.

Questionada em relação a que partes do seu monólogo considerava mais marcantes, Ana Gomes – que, tal como as colegas, não teve de decorar o papel e vai levar “as deixas nuns cartões” – refere “um dueto com uma colega austríaca” em que ambas representam uma mulher da Bósnia que foi violada. “Ela fala do tempo antes de o ter sido e eu do depois. E também há uma outra parte muito importante que é uma ode às mulheres do Congo, do Haiti, de Nova Orleães, depois do Katrina, e da Líbia, que, apesar de tudo, de toda a violência e sofrimento, continuam a enfrentar o futuro, a tratar dos filhos e a sobreviver”.

Já Guida Maria, que interpretou pela primeira vez a peça em Portugal em Outubro de 2000, mostrou-se surpreendida quando o i lhe falou na veia artística da eurodeputada. “Para mim é uma novidade. Não fazia a menor ideia. Conheço muito bem a deputada Ana Gomes, gosto muitíssimo dela. Ela viu o meu espectáculo e gostou, pelo menos disse-me que gostou, e não é pessoa para estar a dizer coisas que não sente. Tenho pena de não poder assistir, achava graça ver nove eurodeputadas a fazerem ‘Os Monólogos da Vagina’.”



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06/03/12

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