12/02/2012

CABECEIRAS DE BASTO
DISTRITO DE BRAGA


 




Cabeceiras de Basto é uma vila portuguesa no Distrito de Braga, região Norte e sub-região do Ave, com cerca de 4 600 habitantes.

É sede de um município com 240,88 km² de área e 16 710 habitantes (2011)[1], subdividido em 17 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Montalegre, a nordeste por Boticas, a leste por Ribeira de Pena, a sueste por Mondim de Basto, a sul por Celorico de Basto, a oeste por Fafe e a noroeste por Vieira do Minho.

WIKIPEDIA

O concelho de Cabeceiras de Basto insere-se, desde Junho de 2006, na NUTS III – Ave, deixando assim, de fazer parte da unidade geográfica do Tâmega para passar a integrar a unidade geográfica do Ave. 

Reparte-se por 17 freguesias – Abadim, Alvite, Arco de Baúlhe, Basto (Santa Senhorinha), Bucos, Cavez, Faia, Gondiães, Outeiro, Painzela, Passos, Pedraça, Refojos de Basto, Riodouro, Cabeceiras de Basto (S. Nicolau), Vila Nune e Vilar de Cunhas.

HISTÓRIA

Entre as serranias da Cabreira e do Marão, num extenso vale que ocupa mais de 18km no sentido mais longo e 8km de largo, mesmo à margem do Rio Tâmega, encontra-se Cabeceiras de Basto, um dos mais antigos e históricos concelhos do Minho. Cabeceiras de Basto é uma terra antiga e por isso uma terra sábia. Uma terra que soube preservar a paisagem na qual convivem o Minho e Trás-os-Montes.

Riquezas de um lado, riquezas do outro, este concelho apresenta um vasto património paisagístico e arquitectónico, cunhado pelas marcas, pelos saberes e sabores tradicionais, testemunhos de um povo e do seu modus vivendi.

Integrado nas Terras de Basto, pequena sub-região com características individualizantes e próprias, outrora uma vasta circunscrição administrativa na bacia média do Tâmega, já em 1258 estava organizada com três julgados: o de Cabeceiras de Basto, o de Celorico de Basto e o de Amarante. Este último, quase limitado à sua Villa e a Telões, onde se haviam implantado vários mosteiros e uma importante fidalguia medieval. Em 1220 esta circunscrição compreendia ainda Mondim de Basto, algumas localidades dos concelhos de Amarante e Felgueiras, Ribeira de Pena e Vieira do Minho.
Actualmente abrange uma área territorial de 239km2 por onde se espalham 17 freguesias com uma população de cerca de 18 mil habitantes.

Gentílico Cabeceirense
Área 240,88 km²
População 16 710 hab. (2011[1])
Densidade populacional 69,37 hab./km²
N.º de freguesias 17
Presidente da Câmara Municipal Eng. Joaquim Barreto[2]
Fundação do município
(ou foral)
1514
Região (NUTS II) Norte
Sub-região (NUTS III) Ave
Distrito Braga
Antiga província Minho
Orago São Miguel[3]
Feriado municipal 29 de Setembro
Código postal 4860
Endereço dos
Paços do Concelho
http://www.cabeceirasdebasto.pt/
Sítio oficial Não disponível
Endereço de
correio electrónico
Não disponível

Mas a história do concelho perde-se no tempo. Apesar da pouca informação existente sobre o seu primitivo povoamento, vários achados arqueológicos permitem dizer, com convicção, que Cabeceiras de Basto remonta a um período anterior a Cristo, nomeadamente a épocas pré-românicas, senão antes, pela existência de vestígios castrenses e construções dolménicas.
Também a arqueologia, nos desvenda outras informações através das ruínas do Mosteiro de St.ª Comba, onde se supõe terá existido, um tempo de vestais. Os objectos de cerâmica e inscrições achadas, as estátuas de guerreiros e as moedas de prata e bronze com as efígies de Augusto, Galliano e Constantino dão força à tese da existência da povoação no tempo dos romanos.
A própria etimologia de Cabeceiras de Basto, apesar de controversa, leva-nos a crer que o primeiro povo que deu o nome à região foram os Bastos (Bástulos ou bastianos) que, oriundos da Andaluzia, passaram por esta bela província de Entre Douro e Minho e fundaram uma cidade chamada Basto, que se localizava próxima do Mosteiro de Santa Senhorinha, cuja presença árabe nestas terras, se encarregou de destruir. Corria o ano de 711. Daí que, com Cabeceiras no sentido de cabeça destas antigas regiões e Basto de Bástulos, se explique a designação deste concelho

No entanto, entre o século XII e XVI, é praticamente inexistente a documentação escrita sobre Cabeceiras de Basto. Apesar de se tratar de uma povoação antiga, que gozava de grande prosperidade, como atesta o Mosteiro de S. Miguel de Refojos, outrora o mais rico do Minho, só em 1514 é que Cabeceiras vê criado o concelho, por Foral de D. Manuel I. Foi, igualmente, um importante centro de peregrinação na Idade Média. Por este motivo a ele se associaram nomes de santos, nobres e guerreiros como são o caso de Santa Senhorinha de Basto, D. Pedro, D. Inês de Castro, D. Nuno Álvares Pereira, que aqui casou em 1376.
Aqui passaram, também, nomes de vulto ligados à literatura como Sá de Miranda com a obra “Carta a D. António Pereira”, senhor de Basto, Bernardim Ribeiro e Camilo Castelo Branco, com várias das suas obras a referirem Cabeceiras de Basto, nomeadamente, a “Bruxa de Monte Cordova” e “Noites de Lamego”.
No entanto, além desta vertente cultural, quando percorremos o concelho de Cabeceiras de Basto deparamos com uma série de monumentos, alguns dos quais, de interesse nacional (como é o caso do Mosteiro de S. Miguel de Refojos e a Ponte de Cavez) e casas solarengas datadas, a maioria delas, dos séculos XVII, XVIII e XIX, que conferem à região um cunho ímpar e, simultaneamente, desvendam alguns dos segredos que a história guardou das gentes que por aqui passaram. Construções que, por montes e vales, vão pincelando este quadro de grande beleza, reflexos das marcas dos tempo, das vivências dos povos que desde a antiguidade o elegeram para viver.
Consequentemente, aos elegerem esta terra para viver, nela construíram lugares da memória, lugares da nossa identidade, nos quais o tempo registou os itinerários, os sítios e os vestígios, as coisas e o que delas pensavam, as gerações que nos antecederam.

De salientar também, a existência de vários locais cuja origem remonta à época pré-histórica. É o caso, e tal como comprova a arqueologia, dos vestígios encontrados na zona de Chacim e Outeirinho de Mouros, na freguesia de Refojos, em Formigueiro, na freguesia de Riodouro, e que constituem, um testemunho do tempo, de grande significado e importância histórica.

De referir também a existência de testemunhos da época medieval encontrados no Lugar de Eiró, freguesia de Riodouro, que tudo indica, e tendo em conta as suas características arquitectónico-construtivas, tratar-se de uma construção tipo "mota" da qual se encontram exemplos de extraordinária semelhança na região francesa da Bretanha, onde foram comuns no séc. XI e XII. Em Portugal deve ter sido ocupado durante o século XIII. Este tipo de construção, de grande valor histórico-cultural regional, pelos contextos sociais e históricos que evoca, traduz-se num excepcional exemplar de arquitectura senhorial fortificada, dos séculos centrais da Idade Média em Portugal.

Também o local pré-histórico de Lameiras Chãs, freguesia de Cabeceiras de Basto, concentra diversos vestígios de ocupação antiga, certamente correspondentes à pré-história, reveladores de uma distinta modalidade de apropriação e exploração do espaço.
Pelas suas características e pela diversidade funcional, e ainda pelos vestígios arqueológicos que aí se implantam, traduz-se num excelente exemplo de uma boa obra conjunta do ser humano e da natureza que se constitui de valor inegável para a compreensão humana da região durante a pré-história.

Já anteriormente referido, o povoado proto-histórico de Formigueiro, freguesia de Riodouro, é o único do género conhecido na Serra da Cabreira, tanto pela morfologia, como pela altitude em que se situa, bem como pela eventual associação, com evidências arqueológicas do tipo “megalítico”. Constitui assim um testemunho importante da ocupação antiga dos espaços serranos da região, com grande interesse etnográfico e paisagístico, onde persistem as características desde o tempo da fixação medieval.

ARQUEOLOGIA

Mota, Residência fortificada (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Pelas características arquitectónico-construtivas, em que sobressai a planimetria circular com fosso circundante e a elevação através de aterro de pedras e saibro, interpretam-se os vestígios acima descritos como uma construção do tipo “mota”, da qual se encontram exemplos com extraordinária semelhança na actual região francesa da Bretanha. Estrategicamente situada a meio da encosta, dominando todo o importante vale da ribeira do Rio Douro, por onde se estabelece a ligação natural entre as terras de Basto e o planalto Barrosão, desde Refojos até às Torrinheiras, identificamos esta “mota” de Eiró com o castelo onde “tinham de ir” todos os anos, como referem as Inquirições Afonsinas de 1258, quase todos os moradores da paróquia de Santo André de Rio Douro.

Cronologia:
Meados do século XIII

Monte do Castelo, povoado (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Pelas características topográficas, em que sobressai a reduzida dimensão da elevação, a sua armação em plataformas regulares e a implantação estratégica a dominar a ampla chã irrigada que se estende em anfiteatro para Norte, julgamos que se trata de um pequeno povoado fortificado proto-histórico, semelhante a muitos outros que se referenciam para o Norte de Portugal (BETTENCOURT, Ana M.S. Bettencourt (1995) - Dos Inícios aos Finais da Idade do Bronze no Norte de Portugal, (Separata de A Idade do Bronze em Portugal. Discursos de Poder, pp.110-115), Secretaria de Estado da Cultura, Lisboa.

Cronologia:
Do 1º milénio a.C.

Marmoirais, necrópole megalítica e arte rupestre (freguesia de Abadim)

Interpretação:
Embora mal conservado, à excepção da Mamoa.5, que poderá estar intacta, trata-se de um característico conjunto de monumentos tipo “mamoa”, provavelmente com estruturas tipo cista, que habitualmente se classifica como necrópole megalítica. Importa aqui salientar o topónimo Marmoirais pelo qual se designa o local, classificável na categoria da toponímia tumular. Aparece aqui associado a um significativo conjunto de gravuras rupestres insculpidas nos afloramentos graníticos das proximidades.

Cronologia:
Considerando a ergologia dos materiais cerâmicos, a tipologia formal e estilística dos motivos gravados e a similitude geral com conjuntos semelhantes identificados um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta necrópole e arte rupestre poderão datar-se do 2º / 1º milénio a.C.

Lameiras Chãs, necrópole megalítica e núcleo de fossas (freguesia de Cabeceiras de Basto)

Interpretação:
Interpretam-se os primeiro e último conjuntos de vestígios como uma necrópole de tipo “megalítico”, formada por monumentos com tumulus e câmara, podendo esta ser do tipo anta ou também cistóide. O segundo conjunto de vestígios interpreta-se como correspondendo a um núcleo do que em arqueologia da pré-história recente se tem vindo a considerar como “povoados de fossas” - um misto de zona de habitat e de armazenamento. O terceiro núcleo de vestígios poderá corresponder a uma eventual zona de terraços agrícolas fósseis.

Cronologia:
Considerando a ergologia cerâmica bem como a similitude formal com conjuntos semelhantes identificados um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta necrópole e área de habitat, à semelhança dessas outras, datará do 2º / 1º milénio a.C.

Portela de Asnela, necrópole megalítica (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Trata-se de um característico conjunto de monumentos tipo “mamoa”, incorporando estruturas tipo antela e cista, que habitualmente se classifica como necrópole megalítica. Como hipótese poderá correlacionar-se este conjunto de monumentos com o povoado do Castelo, Formigueiro, localizado cerca de 1 km para Norte.

Cronologia:
Considerando a ergologia dos materiais cerâmicos e a similitude com conjuntos semelhantes identificados um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta necrópole, à semelhança dessas outras, datará do 2º / 1º milénio a.C.

Fojo de Uz (freguesia de Vilar de Cunhas)

Interpretação:
A construção descrita é, em terminologia técnica venatória, uma armadilhas de caça defensiva, neste caso para captura de lobos, designando-se correntemente por fojo de lobo. Inscrevendo-se no tipo mais comum de fojos em “V” frequentes nas serras do Noroeste, apresentam aqui duas particularidades interessantes, como sejam a solução construtiva em parede de dupla face paralela, sem alambor, com aparelho mais pequeno, o que denota um maior cuidado construtivo e a implantação “atípica” do fojo, com um dos paredões a subir para o poço e não os dois a descer, como é vulgar, colocando assim o fojo “atravessado” na encosta. A batida deveria fazer-se desde Moimenta, subindo para Norte em direcção ao Porto do Fojo e daí até aos Alto das Lameiras e Alto da Meijoadela. A passagem da portela significaria, para os lobos acossados, a entrada no fojo.

Cronologia:
Porque o pastoreio conheceu um significativo incremento na Época Moderna, também este fojo aceita uma cronologia balizada entre finais do século XVI e inícios do século XVIII. Porém, considerando a mais evoluída técnica construtiva, bem como a possibilidade de os algarismos gravados numa das lajes do paredão Oeste poderem corresponder a uma data que tanto pode ser 1668 como 1868, admite-se que a construção deste fojo da Uz possa ser uma realização já do século XIX.

Juncal, necrópole megalítica (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Trata-se de um característico conjunto de monumentos tipo "mamoa", associado a gravuras rupestres, que habitualmente se classifica como necrópole megalítica.

Cronologia:
Considerando a similitude com conjuntos semelhantes identificados um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta necrópole, à semelhança dessas outras, datará do 2º / 1º milénio a.C.

Chão de Medeiros, necrópole megalítica (freguesia de Vilar de Cunhas)

Interpretação:
Trata-se de um característico conjunto de monumentos tipo "mamoa", incorporando estruturas tipo anta de grandes dimensões, que habitualmente se classifica como necrópole megalítica.

Cronologia:
Considerando a similitude com conjuntos semelhantes identificados um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta necrópole, à semelhança dessas outras, datará do 2º / 1º milénio a.C.

Alto das Lameiras, monumentos tumulus (freguesia de Vilar de Cunhas)

Interpretação:
Com base nas características construtivas poderá classificar-se esta estrutura como monumento megalítico tumular. Poderá estar correlacionado com a necrópole de Chão de Madeiros, situada cerca de 1,5 km para Sul.

Cronologia:
Considerando a similitude com estruturas semelhantes identificadas um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta estrutura datará do 2º / 1º milénio a.C.

Campas de Moira, sepulturas (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Trata-se de duas sepulturas de inumação que, pela configuração geral, em que releva a orientação Este/Oeste, se enquadram no universo das práticas funerárias cristãs recorrentes no Noroeste português.

Cronologia:
Estes testemunhos conhecem uma cronologia muito dilatada, sendo habitualmente datados entre os séculos IX e XIII.

Outeiro dos Moiros, povoado (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Trata-se de um característico povoado proto-histórico fortificado, semelhante a muitos outros que se referenciam para a região e para o Norte de Portugal.

Cronologia:
Com base na tipologia de implantação e na ergologia cerâmica, poderá propor-se uma ocupação compreendida entre os inícios do 1.º milénio a.C. e os primeiros séculos d.C. O contexto arqueológico próximo, em que dominam evidências arqueológicas do tipo monumentos com tumulus ou “mamoas”, como os da Rachanda, do Juncal ou da Portela da Asnela / Lomba, não é discordante com a cronologia mais antiga que se propõe. Aliás, a confirmar-se futuramente uma eventual contemporaneidade entre todos estes arqueo-sítios, esta cividade de Chacim adquiriria uma importância científica acrescida.

Aldeia Velha de Toninha, povoado (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Do ponto de vista construtivo, encontramos paralelos para estes vestígios em arqueo-sítios da serra Amarela, como Chã da Torre e Porto Chão, no Lindoso. Nas construções da branda de Bilhares, Ermida, ou nas brandas da Peneda e do Soajo, do outro lado do rio Lima, bem como nas do vale alto do rio Vez, encontram-se bons paralelos etnográficos para este tipo de habitats. A Aldeia Velha de Juriz, no sopé de Pitões das Júnias, Montalegre, é também um bom exemplo de aldeia medieval abandonada. Com base nestes paralelismos classificamos este arqueo-sítio como um povoado, que muito provavelmente corresponderia a um dos 10 casais que as Inquirições de 1258 referem como pertencendo a Juguelhe.

Cronologia:
A ocupação deste local ter-se-á desenvolvido durante a Idade Média e princípios da Época Moderna, séculos XIII-XVI. Sintomaticamente, a tradição popular diz que aqui se localizaria inicialmente a aldeia de Toninha, abandonando-se o local após uma mortífera peste.

Fonte Fria, monumento com tumulus (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Com base nas características construtivas poderá classificar-se esta estrutura como monumento megalítico tumular. Poderá estar correlacionado com o povoado do Castelo, Formigueiro, situado cerca de 1,5 km para Sul.

Cronologia:
Considerando a similitude com estruturas semelhantes identificadas um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta estrutura datará do IIº / Iº milénio a.C.

Rachanda, monumento com tumulus (freguesia de Riodouro)

Interpretação:
Com base nas características construtivas poderá classificar-se esta estrutura como monumento megalítico tumular.

Cronologia:
Considerando a similitude com estruturas semelhantes identificadas um pouco por todas as serras do Noroeste, também esta estrutura, à semelhança dessas outras, datará do 2º / 1º milénio a.C.

MUSEUS

Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe

O Núcleo Ferroviário encontra-se instalado na antiga estação ferroviária de Arco de Baúlhe, término da Linha do Tâmega.

A linha do Tâmega
A linha do Tâmega é de via estreita (1000 mm), tem à volta de 52 km, demorou cerca de quarenta anos a ser construída (1908-1949) e foi criada com a intenção de servir a populosa região de Basto. Inicia-se na estação da Livração, localizada na Linha do Douro, e termina na estação de Arco de Baúlhe (Cabeceiras de Basto).

A linha do Tâmega começou a ser construída em Março de 1908. Em 1909, inaugura-se a ligação entre a Livração e a estação de Amarante; em 1926, a ligação entre Amarante e o apeadeiro de Chapa; em 1932, a ligação entre Chapa e Celorico de Basto e, a 15 de Janeiro de 1949, a ligação entre Celorico de Basto e Arco de Baúlhe.

A 1 de Janeiro de 1990 a linha do Tâmega foi extinta, ficando apenas em funcionamento o troço entre a Livração e Amarante, num percurso de cerca de 13 Km, o qual encerrou, para obras, a 25 de Março de 2009.

A estação ferroviária de Arco de Baúlhe
A 15 de Janeiro de 1949 foi inaugurada com solenidade a estação de Arco de Baúlhe, tendo abrilhantado a sessão as bandas de música de Golães (Fafe), Cabeceiras e Celorico de Basto, enquanto no ar «rebentavam girândolas de foguetes». 
O comboio inaugural era puxado pela locomotiva a vapor E 207, devidamente engalanada com «bandeiras e arbustos» e tripulada «pelos maquinista e fogueiro mais antigos naquela linha, respectivamente Albano Teixeira de Freitas e Fernando Pinto Baldaia» (O Comércio do Porto, 16 de Janeiro de 1949).

O comboio trouxe a Cabeceiras de Basto uma mais fácil circulação de pessoas e produtos.
Contudo, a linha entre Amarante e Arco de Baúlhe seria encerrada em 1990.

Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe
Em 1990 deu-se o encerramento da linha entre Amarante e Arco de Baúlhe, sendo que à data já se encontrava instalada em espaços da estação ferroviária de Arco de Baúlhe uma Secção Museológica Ferroviária. 

Na sequência do interesse mostrado pela Autarquia em manter a Secção Museológica activa, foi assinado, a 08 de Janeiro de 2000, com a Rede Ferroviária Nacional – REFER, E.P., um protocolo que transferia para a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto a gestão e dinamização da Secção Museológica.
Com a abertura do Museu das Terras de Basto, a Sessão Museológica passou a construir o Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe.

Na sequência da criação da Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado em 2005 (instituição herdeira e continuadora das acções que, na área da museologia ferroviária e da gestão do património ferroviário, a REFER e a CP haviam desenvolvido), a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto assinou com esta, em 14 de Abril de 2007, um protocolo de gestão partilhada do Núcleo Ferroviário de Arco de Baúlhe, que ainda hoje vigora.

Espaços museológicos
O complexo da estação de Arco de Baúlhe é constituído: pelo edifício da estação propriamente dito, revestido com painéis azulejares executados, em 1940, por A. Lopes na Fábrica de Cerâmica Sant’Anna (Lisboa); pelo edifício destinado ao pessoal – a «casa dos maquinistas»; por um cais de carga e descarga de mercadorias com o respectivo armazém de despachos (espaço onde estão patentes exposições temporárias); por duas cocheiras; por uma plataforma giratória, usada para proceder à inversão de marcha da locomotiva; por um depósito de carvão e um imponente depósito de água, bem como por uma «grua de abastecimento de locomotivas».
Envolvendo estes edifícios um cuidado jardim, que foi merecendo, ao longo dos anos diversos prémios e menções honrosas.

Contactos
Endereço
Rua da Estação
4860-068, Arco de Baúlhe
Telefone: 253 666 350
Fax: 253 666 351

E-Mail
nucleoferroviarioab@mail.telepac.pt
museu.cabeceiras@mail.telepac.pt

Núcleo Museológico do Baixo Tâmega
A 20 de Dezembro de 2008 foi inaugurado o Núcleo Museológico do Baixo Tâmega, instalado na antiga sacristia e antessacristia do Mosteiro Beneditino de S. Miguel de Refojos. A criação do Núcleo resultou de uma candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, no âmbito do Pacto Territorial do Baixo Tâmega, beneficiando de uma comparticipação comunitária e assumindo a Câmara Municipal o pagamento da componente nacional. Este projecto contou ainda com a colaboração da Paróquia de Refojos de Basto.
Nos diversos espaços que podem ser visitados expõe-se um conjunto de peças de arte religiosa de inegável valor histórico.

Na antessacristia destacamos as pinturas representando a “Alegoria à Imaculada Conceição”, a “Anunciação”, a “Incredulidade de S. Tomé com S. Domingos de Gusmão Orante” e o “Padre Eterno”. Têm vindo a ser atribuídas ao pintor Francisco Correia e datadas de ca. de 1600. Este espaço é ainda embelezado pela presença das esculturas setecentistas retratando os irmãos São Bento e Santa Escolástica.

Na sacristia, o espaço é dominado pela presença do mobiliário concebido por Agostinho Marques para o Mosteiro Beneditino, como consta do contrato assinado em 1717: dois arcazes, dois contadores embutidos e uma mesa. Junto ao altar barroco (provavelmente executado no triénio de 1710-1713) que albergou outrora uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, encontram-se as esculturas da Santíssima Trindade e da Virgem com o Menino.

Do Núcleo Museológico faz ainda parte uma reserva não visitável que compreende algumas centenas de peças (escultura, pintura, têxteis, mobiliário, torêutica) que periodicamente e em sistema de rotatividade se procuram expor e dar a conhecer ao visitante.

Contactos
Endereço
Mosteiro de S. Miguel de Refojos
Praça da República
4860-355 Cabeceiras de Basto

Telefone: 253669070
Fax: 253669077

Email: emunibasto@mail.telepac.pt

Casa da Lã
A Casa da Lã localiza-se na freguesia de Bucos. Aí existem teares, lã e espaço para o convívio de dez mulheres, que, por gosto, se reúnem todas as 5.as feiras à tarde para pôr a conversa em dia e para se dedicarem à lã – lavar, secar, esguedelhar, cardar, emanelar, fiar, ensarilhar, dobar, encher canelas, tecer e tricotar.

Em 2010 a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto convidou a estilista Helena Cardoso para desenvolver trabalho com estas mulheres, tendo daí resultado um conjunto de novas peças de linha contemporânea (em que em alguns trabalhos já se utiliza lã industrial), mas mantendo a tradição no modo de fazer.

Contactos
Endereço
Freguesia de Bucos
4860-122 Cabeceiras de Basto

Telefone: 253 657 500
Fax: 253 666 351

E-Mail: museu.cabeceiras@mail.telepac.pt

Património Cultural
Monumentos

O concelho de Cabeceiras de Basto possui vários elementos de importante valor arquitectónico e cultural e reúne um conjunto de monumentos com interesse turístico. Algum do espólio edificado encontra-se classificado como Monumento Nacional, Imóvel de Interesse Público e Imóveis de Interesse Municipal.

É o caso da Ponte de Cavez sobre o rio Tâmega (Monumento Nacional), da Igreja e Sacristia do Convento de Refojos e o Tecto da sala aproveitada como sala de audiências do Tribunal da Comarca (Imóvel de Interesse Público), do Pelourinho de Cabeceiras de Basto em Refojos (Imóvel de Interesse Público), da estátua do Basto em Refojos, do Pelourinho do Antigo Couto de Abadim (Imóvel de Interesse Público), da Casa da Breia, em Basto (Imóvel de Interesse Público), da Ponte Antiga sobre o rio Moimenta, em Cavez (Imóvel de Interesse Público) e da Ponte do Arco de Baúlhe (Imóvel de Interesse Municipal).

Estátua do «Basto»
A História
A estátua do “Basto”, na Praça da República, em Refojos, sede do Concelho de Cabeceiras de Basto é um dos monumentos mais curiosos do Concelho. Representa um guerreiro lusitano e é uma das várias estátuas jacentes que apareceram na Galiza e eram colocadas sobre as sepulturas de alguns desses guerreiros heróis e endeusados.

As que existem estão guardadas em museus, à excepção do “Basto” e da estátua de Santa Comba, também na freguesia de Refojos, que se encontram ao ar livre. Estes monumentos datam da época anterior à vinda dos Romanos, presumivelmente do século I a. C.

Talhada em granito, de arte rude e forte compleição física, à semelhança de todas as outras, veste túnica ou sagum, cingida por cinturão de onde pendem embainhados o punhal e a espada. O escudo, pequeno e redondo, é centrado no abdómen.

A estátua do “Basto” não se encontra hoje como foi primitivamente. Foi modificada, primeiro em 1612 e posteriormente em 1892. Acrescentaram-lhe uma cabeça com barretina e fartos bigodes (era uma estátua acéfala como a maior parte das existentes), calçaram-na com meias e botas, pintaram-na e no peito e no escudo gravaram-lhe uma legenda: "PONTE DE S. MIGUEL DE REFOYOS 1612".

Actualmente “O Basto” perdeu muito da sua simbologia primitiva, personificando a “raça” das gentes da região, a sua alma e as suas tradições. É nele que os habitantes de Cabeceiras revêem a sua coragem e a sua honradez. Daí o nascimento de uma lenda que, na actualidade, lhe está indelevelmente ligada e com a qual o povo “explica” o nome da região.


A Lenda

O Império Visigodo não resistiu aos ataques dos Mouros comandados por Tarik. Espalhando o terror, estes avançaram “ávidos de glória”, através da Galiza. Os ecos dos seus ataques chegaram ao Mosteiro de S. Miguel de Refojos, mas não mereceram crédito.

Bracara Augusta caiu também nas suas mãos. Então acreditaram e preparam-se para a defesa com uma centúria de servos e homens de armas, comandados por D. Gelmiro, o venerando abade do Mosteiro.

Hermígio Romarigues, parente do fundador do Mosteiro, era o guerreiro-monje que mais se destacava pelo seu porte avantajado de grandes e possantes membros e com o rosto retalhado por mil golpes das escaramuças passadas.

Postado junto à ponte que dava acesso ao Mosteiro, ao aproximar das tropas de Tarik estendeu a mão possante, assegurando:
- Até ali, por S. Miguel, até ali, basto eu!"

E bastou! Três vezes arremeteram os mouros contra as débeis defesas do Mosteiro. Mas por três vezes foram repelidos pela espada de Hermígio Romarigues. A ponte sobre a ribeira ficou atulhada de corpos e os chefes infiéis tiveram de tratar com D. Gelmiro de igual para igual, gorando-se, deste modo, a suposta intenção de arrasarem o Mosteiro e decapitarem os monges.

Posteriormente o monge-guerreiro ter-se-á integrado no reduto cristão situado nas Astúrias, de onde irradiava já a Reconquista a partir de Covadonga, sob o comando de Pelágio.

Hermígio Romarigues “O Basto” foi imortalizado através da estátua que erigiram em sua homenagem, como reconhecimento pelos serviços prestados a El-Rei Pelágio.

Mosteiro de S. Miguel de Refojos
História
Os cronistas regulares não acordam no nome do fundador deste notável Mosteiro, para uns Hermínio Fafes, para outros Gomes Soeiro. Porém estas afirmações não merecem crédito, embora na então sala do Capítulo do Mosteiro se tivesse colocado um pretenso retrato do segundo, como fundador, nem deverá conceder-se maior importância ao informe de Frei Leão de S. Tomás, de que no Mosteiro haviam aparecido sepulturas datadas de 670 e 701. 

Certo é que o Mosteiro existia já em princípios do Séc. XII, não se conhecendo com exactidão desde quando, e que os seus padroeiros eram os descendentes do rico-homem D. Gomes Mendes, “Guedeão”, que viveu em meados desse século, certamente porque foi dele o Mosteiro próprio de seus antepassados, dominantes na terra de Basto e, por aquela possessão, seus fundadores e senhores do lugar de “Refúgios”.

O mais antigo desses nobres possessores é um “domno” Mendo, que viveu na segunda metade do século XI e de cuja ascendência nada se pode determinar de provável. Sucedeu-lhe nestas propriedades - “Villa” e respectivo “acistério” de S. Miguel – o filho, que os linhagistas medievais registaram com o nome de D. Gueda “O Velho”, para o distinguirem de outros homónimos, seus descendentes. É, indubitavelmente, um grande rico-homem da “escola” do Conde D. Henrique, D. Teresa e de D. Afonso Henriques.

No século XIII, a maior parte do padroado do Mosteiro passou de Gomes Mendes “Guedeão” a seu filho D. Egas Gomes Barroso. Dele passou à sua descendência, principalmente Gonçalo Viegas e Gomes Viegas “de Basto”. Estes, e muitos outros padroeiros de Refojos eram proprietários nobres de locais à roda do convento nos séculos XII e XIII.

No século XIV, foi o Vasco Gonçalves “Barroso”, primeiro marido daquela foi esposa do condestável D. Nuno Álvares Pereira, D. Leonor de Alvim; e esse seu filho de algo dotou o Mosteiro com muitos haveres. O rei D. Afonso Henriques havia coutado este Mosteiro ao seu abade Bento Mendes, por 800 maravedis; e pela inquirição se vê que nele se compreenderam, além do Mosteiro, as paróquias de S. Pedro de Alvite e Sta. Maria de Outeiro, respectivamente com dezassete e trinta casas. A igreja do Mosteiro era obrigada a dar apenas por ano quarenta maravedis velhos à Coroa.

D. Dinis, em 20/12/1223, deu carta “a Martim Gil priol do mosteyro de Reffojos de Basto e procurador do Abade e Convento do dito mosteyro” a respeito do escambo que Pero Foncinha e o comendador do “Barro” – Rio Gonçalves “tinham feito pelo rei e em seu nome pelas herdades em Adaúfe e em Crespos” por outros que os monges tinham em Vilalva dadas "pera sua pobra de Vila Real".

O Mosteiro de Refojos de Basto era governado por abades perpétuos, mas no reinado de D. Duarte passou a sê-lo por abades comendatários. Foi o primeiro D. Gonçalo Borges, em cuja família o cargo se manteve por 109 anos. Depois da morte de Francisco Borges, último daquela família, sucedeu-lhe D. Duarte, filho bastardo de D. João III, que veio a ascender a arcebispo de Braga.

Foi seu sucessor o ilustre Frei Diogo de Murça, jerónimo, que governou a casa com o título de administrador perpétuo. Pediu este ao Papa Paulo III que extinguisse o Mosteiro e permitisse que as suas rendas fossem aplicadas a dois colégios que se deveriam fundar em Coimbra, um de S. Bento e outro de S. Jerónimo. O sobrante seria para construir um outro colégio para 12 pobres. O pontífice anuiu ao pedido e expediram-se as bulas nesse sentido, recebidas por Frei Diogo de Murça, em Coimbra, onde então reitorava a Universidade.
Os padres, porém apelaram destas bulas e Frei Diogo reconsiderou, rogando para Roma que se mantivesse o Mosteiro com 12 padres e um prior e fosse reformado com os demais. Paulo IV acedeu a este novo pedido em 1555. Frei Diogo de Murça morreu no Mosteiro em 1570 e nele foi sepultado.

D. João Pinto, Cónego regrante de Sta. Cruz de Coimbra foi o último abade comendatário e, por bula de S. Pio V, o governo do Mosteiro foi entregue a abades trienais.

Gozou o Mosteiro de Refojos de Basto de avultadas rendas, quase todas em Trás-os-Montes, que eram divididas a meio com a Casa de Bragança, por serem herança do já referido Vasco Gonçalves “Barroso”, que foi sepultado no Mosteiro. A Igreja do Convento foi reconstruída em 1690, ficando com duas torres soberbas e muito elegantes.

O Mosteiro foi vendido pelo Estado, depois da extinção das Ordens Religiosas, em 1834.

Igreja e Sacristia do Convento de Refojos

Igreja conventual barroca do século XVIII de planta em cruz latina, com fachada principal flanqueada por torres e portal saliente da fachada de forma côncava. Linhas ondeadas e curvas nas cúpulas das torres e frontão. 

Caracteriza-se por um excessivo decorativismo em talha dourada no interior. A sacristia possui um altar da renascença. Localiza-se no topo da Praça da República, definindo com a fachada voltada a nascente do convento uma das frentes da Praça (freguesia de Refojos).

Ponte de Cavez sobre o rio Tâmega

Ponte medieval de perfil horizontal sobre cinco arcos desiguais, três quebrados e dois redondos, reformulada em época moderna (séc. XIII). Possui 95 metros de comprimento e cerca de 17 metros de altura (freguesia de Cavez).


Pelourinho de Cabeceiras de Basto

Do século XVI, implanta-se em frente ao edifício da antiga cadeia. Pelourinho de pinha com remate piramidal encimado por esfera lisa (freguesia de Refojos).

Ponte Antiga sobre o rio Moimenta


Na freguesia de Cavez, esta Ponte foi construída na Idade Média e possui tabuleiro horizontal sobre um único arco de volta redonda. Em 1990 foi alargada em cerca de um metro, justapondo-se-lhe do lado jusante uma nova estrutura de betão e transformando-se a disposição das guardas.

Ponte de Arco de Baúlhe

Ponte do século XVIII, sobre o rio Ouro, composta por tabuleiro plano assente sobre arco de volta perfeita, com uma possante talha-mar triangular, a montante (freguesia de Arco de Baúlhe).

Locais Turísticos
Património Paisagístico

O concelho de Cabeceiras de Basto possui grandes potencialidades paisagísticas, sobretudo na Serra da Cabreira, cujos miradouros proporcionam belíssimas vistas sobre a paisagem, que resultam principalmente, da diversidade geomorfológica do território.

É certo que da paisagem natural já pouco resta. A ocupação humana, ligada às necessidades de sobrevivência dos povos que se foram fixando, induziu profundas alterações visando um aproveitamento das condições naturais para a produção agrícola, através do socalcamento das vertentes. Simultaneamente, os pequenos aluviões associados às bacias dos principais rios da região (rio Tâmega e afluentes como o rio Peio, Ouro e ribeira de Cavez) foram igualmente adaptados para a prática da actividade agrícola.

Relativamente à paisagem florestal introduziram-se novas espécies da flora continental, atlântica e mediterrânea, que aqui encontraram condições favoráveis ao seu desenvolvimento. A oliveira e o sobreiro ocupam as meias encostas em paralelo com a vinha de enforcado, que se estende até aos terrenos de várzea junto às leiras cultivadas e em associação com as árvores fruteiras e outras, que lhe servem de tutor: choupos, plátanos, macieiras, laranjeiras, pereiras, etc.

O pinheiro bravo veio substituir em parte o carvalho, o castanheiro, o medronheiro, a madressilva, a carqueja e o tojo que outrora dominavam as áreas serranas.
Actualmente a floresta do concelho caracteriza-se pelo predomínio de povoamentos puros de pinheiro bravo. No entanto, esta floresta tem vindo a desaparecer pois os incêndios teimam em destrui-la.
Pelo conjunto de vegetação, onde subsistem espécies botânicas da flora silvestre e espécies de fauna que ocupam toda a Serra da Cabreira (freguesias de Abadim, Bucos, Cabeceiras de Basto, Riodouro, Vilar de Cunhas e Gondiães) fazem dela um local de elevado valor paisagístico.

Estas áreas de montanha reúnem condições para a prática de montanhismo e possuem miradouros naturais nos lugares de Chacim, Samão, Cunhas, Leiradas, Vilar e Uz.

Citam-se ainda os parques de merendas integrados na beleza paisagística da Serra da Cabreira que permitem gozar de verdadeiros momentos de lazer, tais como Moinhos de Rei, Ponte da Víbora, Veiga, Magusteiro e Vinha de Mouros. Constituídos por extensas alamedas de árvores frondosas, mesas de pedra sob refrescantes sombras, estes parques oferecem áreas aprazíveis para o recreio e lazer.

A área de lazer de Moinhos de Rei proporciona aos seus visitantes, para além do usufruto do parque de merendas, um posto de fomento cinegético (com perdizes e codornizes), um cercado de veados, que visa a reintrodução do veado na Serra da Cabreira e obviamente, vários locais com vistas panorâmicas.

A área de Vinha de Mouros proporciona aos seus visitantes não só o lazer (parque de merendas, parque infantil, mini-golfe, exposição de animais de montanha) como também fomenta a prática desportiva possuindo circuitos de manutenção e um polidesportivo. Ali se localiza também o Centro Hípico de Cabeceiras de Basto, revelando-se por isso uma área aprazível e intergeracional.

Na Serra existem ainda trilhos pedestres e percursos de BTT, que permitem descobrir os segredos paisagísticos bem como as marcas da milenar cumplicidade com o Homem. Enunciam-se os percursos Samão - Uz - Gondiães, Abadim - Moinhos de Rei - Busteliberne - Agra, o do Alto dos Esporões, Formigueiro - Pisão - Moscoso, e o de Vila Boa - Moinhos de Rei - Serra da Maçã.

Os percursos enunciados permitem o contacto com as realidades minhotas, as riquezas florísticas e faunísticas, as aldeias tradicionais, bem como com o mosaico que as diversas tipologias de uso do solo conferem, originando paisagens estruturalmente distintas.

A pastorícia foi, e ainda é, pelo menos para algumas comunidades locais, uma actividade importante. Geralmente, é nas áreas de maior altitude (montanha) ocupadas por matos, que os efectivos pecuários, principalmente caprinos, bovinos e ovinos, pastam. Nas áreas mais baixas são mantidos, na maior parte das vezes, em pastagens cultivadas.

No âmbito da cinegética importa mencionar as Zonas de Caça Municipal de Cavez (criada em 2001) e Gondiães / Vilar de Cunhas (criada em 2002) e a Zona de Caça Associativa de Riodouro (criada em 2001) e de Bucos (criada em 2002). Está em estudo a Zona de Caça Associativa de Abadim .
 
Encontra-se, ainda, instituída na área de Moinhos de Rei, uma reserva de caça integral, com uma área aproximada de 200 hectares, que inclui um posto de fomento cinegético, local onde se procede à criação de perdizes e coelhos, e um cercado de veados. O cercado de veados foi construído em 1990, com o objectivo de fomentar a reintrodução do veado na Serra da Cabreira. O posto de fomento cinegético foi construído em 1965 e teve como objectivo o repovoamento com perdizes.

GASTRONOMIA
Em relação à gastronomia local, as especialidades passíveis de se encontrarem em alguns dos restaurantes locais são a carne de vitela, os enchidos, o bacalhau com batatas a murro, os rojões à moda do Minho e as papas de sarrabulho, sem deixar de salientar os vinhos verdes da região.

Importa mencionar ainda os produtos de qualidade, certificados, como sejam, as carnes “Barrosã” e “Maronês”, o cabrito das “Terras Altas do Minho”, a “Broa”, o “Fumeiro”, o “Mel de Basto”, os “Vinhos de Basto” e outros.

ARTESANATO

Cabeceiras é uma terra de gente laboriosa que ao longo dos tempos foi tirando proveito dos recursos endógenos e fazendo artefactos, alfaias, vestuário, entre outros artigos que diariamente contribuissem para o seu bem estar.

Por isso, nas comunidades mais montanhosas deste concelho onde existe um sistema de agricultura interligado com a vida pastoril, até há relativamente pouco tempo, quase tudo do que necessitavam para a subsistência, era extraído do meio, desde a casa ao vestuário, passando pelo alimento e utensílios.

Verifica-se grande riqueza na variedade de objectos artesanais, tais como, os cestos feitos em madeira, perneiras em junco, carros de bois, alfaias agrícolas em madeira, tecelagem de linho como colchas, panos e toalhas, meias e cobertores de lã.

No concelho de Cabeceiras de Basto, o artesanato incide em trabalhos de madeira (Refojos, Basto e Arco de Baúlhe), em pipos, tonéis e barricas (Faia), em lãs e linhos para a confecção de tapetes, mantas e cobertores (Bucos), o linho para panos e colchas (Pedraça e Abadim), carpintaria, designadamente escanos, masseiras, carros de bois, cangas e jugos e os trabalhos em verga e vime (os cestos, acafates e gigas).

O artesanato é um importante meio de expressão do património cultural do concelho. É importante referir os trabalhos de lã, nomeadamente as mantas do barroso, as capuchas para abrigo dos pastores e as típicas colchas, que se fabricam na freguesia de Bucos, a cestaria e trabalhos de verga e vime na freguesia de Outeiro, a latoaria e os trabalhos em couro na freguesia de Refojos e ainda a tanoaria nesta e nas freguesias da Faia e Basto, artes domésticas agrícolas de lavradores e artesãos com vivência comunitária.


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