19/02/2012




ESTA SEMANA NA
"VIDA ECONÓMICA"

SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE AFIRMA
"O país gasta em demasia na saúde"

A "questão demográfica", o financiamento e a "integração no espaço europeu" são os três grandes "nós" que envolvem o setor da saúde em Portugal, afirma Manuel Ferreira Teixeira, secretário de Estado da Saúde.

Convidado pelo Fórum Portucalense - Associação Cívica para o Desenvolvimento da Região Norte, para discursar em mais uma edição do ciclo de debates subordinado ao tema "Portugal - Que Destino?", Manuel Ferreira Teixeira apontou como "primeiro nó" a resolver a questão demográfica, "pois o tempo de vida dos utentes é cada vez mais alargado e as pessoas estão cada vez mais concentradas no litoral".
Já o "segundo nó é, sem dúvida, o financeiro", salientou o secretário de Estado, reconhecendo que o país "está a gastar em demasia na saúde, acima dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB)" (cerca de 170 mil milhões de euros em 2011, segundo dados do INE). Neste âmbito, o responsável recordou ainda que as despesas da saúde "estão muito concentradas na população acima dos 64 anos". Em termos concretos, "antes dos 60 anos a despesa ronda os 500 euros mensais, e a partir daí este valor chega aos 750 euros", exemplificou.
Manuel Ferreira Teixeira destacou também a integração no espaço europeu, "o espaço comum de saúde e a diretiva que define a mobilidade na saúde", como o terceiro nó que se coloca ao Sistema Nacional de Saúde (SNS).
A terminar a sua intervenção, o secretário de Estado afirmou ainda que o país necessita de um SNS "bem organizado, centrado nas pessoas que vivem mais tempo e que são um verdadeiro ativo" e que, por isso, o sistema "tem que se organizar e comunicar", devendo, por exemplo, "toda a informação do paciente estar disponível em qualquer centro de saúde, hospital, clinica" do país.

"Estamos condenados à calamidade e à miséria"

Igualmente presente no evento, o advogado António Vilar, mentor do Fórum Portucalense, afirmou que o problema da saúde "são as reduções fiscais que são fortes". "Infelizmente, estamos condenados à calamidade e à miséria, mas não podemos perder a esperança", advertiu.
António Vilar explicou ainda que a criação do Fórum Portucalense teve por objetivo "lutar pelo Norte do país, o que não tem sido nada fácil". Destacando que a dificuldade desta tarefa "nada tem a ver com a crise, mas sim com o centralismo que existe em Portugal", o reconhecido jurista lamentou ainda que, "em Portugal quando alguém se sobressai, vai logo para Lisboa".


* O verdadeiro nó é o conluio entre administração pública e empresas fornecedoras de serviços e equipamentos sem razoabilidade, este nó enforca os utentes.


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