10/01/2012




HOJE NO
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Banca corta para metade crédito às famílias  e pede 7% de juro às empresas
Em Novembro, os bancos emprestaram 678 milhões de euros às famílias, cinco vezes menos que às empresas
A banca nunca emprestou tão pouco dinheiro às famílias como em Novembro do ano passado.

No total dos vários segmentos de crédito - habitação, consumo e outros fins - o sector concedeu empréstimos de 678 milhões de euros, um valor sem precedentes e que corresponde a uma diminuição de 8% face a Setembro e a uma quebra de quase 49% face a igual período de 2010.

Este corte para metade do crédito concedido a particulares representou cinco vezes menos que o valor total do financiamento obtido pelas empresas (3628 milhões de euros). As grandes empresas têm conseguido escapar às restrições da banca à concessão de crédito. Em Novembro, as grandes companhias absorveram 1832 milhões, enquanto as pequenas e médias empresas financiaram-se em 1796 milhões.

No entanto, o aval ao financiamento empresarial foi acompanhado da exigência de elevadas taxas de juro. As grandes sociedades pagaram, em média, 6,16% de juro, enquanto às PME foi cobrado 7,54%. Estes dados permitem evidenciar que as grandes empresas continuam a ser prioritárias.

No total, entre particulares e empresas, a banca financiou a economia em 4306 milhões de euros. Nos particulares, o corte foi mais acentuado na habitação. Para a compra de casa, os bancos emprestaram 230 milhões de euros, o que compara com 727 milhões em Novembro de 2010.

Esta quebra evidencia, por um lado, as maiores exigências da banca na concessão de crédito e, por outro, uma menor procura por parte dos particulares. Por isso, os empréstimos para outros fins, como educação, são os que absorvem a maior fatia do crédito ainda aprovado a particulares (259 milhões). Por sua vez, o financiamento para consumo está abaixo de 200 milhões de euros, o que acontece pela primeira vez desde, pelo menos, 2003.

Mais de 12 mil milhões em malparado No final de Novembro, os bancos tinham em carteira 12.371 milhões de euros em crédito considerado de cobrança duvidosa, um novo recorde. O peso do malparado no total de crédito concedido ascendeu a 4,83%, o valor mais alto desde 1998. Isto significa que por cada 100 euros de empréstimos, 4,91 euros são considerados incobráveis.

Do montante total, 4777 milhões de euros são empréstimos concedidos a particulares e 7594 milhões a empresas. O crescente incumprimento reflecte as dificuldades das famílias e do tecido empresarial português em honrar os seus compromissos financeiros. Num cenário económico recessivo, com o agravamento das medidas de austeridade e o aumento do desemprego, os economistas não têm dúvidas que o incumprimento vai continuar a subir.

No crédito à habitação, 1,89% do total concedido está em cobrança duvidosa, o valor mais elevado de sempre. Também no crédito ao consumo, o peso do incumprimento no total aproxima-se dos dois dígitos, 9,94%

Os números da cobrança duvidosa nas empresas indiciam o agravamento da sua saúde financeira. O malparado atingiu 6,55% do total de créditos. Em apenas um mês, o incumprimento aumentou 452 milhões.

Exposição ao BCE volta a aumentar A dependência das instituições portuguesas do BCE aumentou pelo terceiro mês consecutivo. O valor dos empréstimos dos bancos portugueses aumentou, em Dezembro, 0,7% para 46 mil milhões, o nível mais elevado dos últimos cinco meses. Este montante representa uma subida de 12,5% face ao mesmo mês do ano anterior. A cedência de liquidez do BCE visa colmatar as dificuldades da banca em aceder a financiamento nos mercados financeiros.

* "Os Amigos de Colarinho Branco"

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