08/01/2012


ESTA SEMANA NA
"VIDA ECONÓMICA"

Confeitarias e pastelarias mantêm 
preços para não afastar clientes

O aumento do IVA na restauração em 10%, em vigor desde o dia 1 de janeiro, acabará por ditar uma quebra das vendas, resultante da diminuição do consumo. Esta é a opinião geral dos operadores da restauração, hotelaria e pastelaria, que optam por não aumentar preços, absorvendo a subida parcial ou total do IVA.

A Pastelaria Tarantela, em Lisboa, decidiu "não aumentar os preços", para evitar que haja "menos clientes". "Não aumentamos nada até à data", explicou à "Vida Económica" o seu sócio-gerente, António Gonçalves.
"Não podemos dizer se vamos ou não rever a situação, que ainda é cedo, mas pode ser que sim", admite, porém, o mesmo responsável. Aliás, como também disse à "Vida Económica" Célia Pimpista, gerente da Confeitaria Imperial, também de Lisboa, "será a partir de Março que os preços vão disparar", depois de as empresas "fazerem as contas e avaliarem o impacto do primeiro trimestre".
Questionado pela "Vida Económica" sobre as consequências em termos do volume de negócios, António Gonçalves não tem dúvidas: "quebras vai haver sempre, para ambos os lados", e "haverá menos volume de negócios, visto que poderemos levar à extinção de postos de trabalho e, com isso, haver despedimentos, senão a outra forma será o encerramento de portas".
Esperançado que o Governo proceda a uma "revisão das decisões tomadas para a
restauração", além de medidas para contornar os problemas sentidos com "ordenados, pagamentos de matérias-primas, contas fixas mensais (água, luz), IRC e IVA, prazos de pagamento à Segurança Social etc", António Gonçalves também espera que "não haja um aumento significativo dos nossos fornecedores". É que, "a continuar assim com aumentos, haverá mais falências e mais desemprego em todo o lado.
Apesar de também garantir à "Vida Económica" que "não vamos aumentar preços para não afastar clientes", Célia Pimpista, gerente da Confeitaria Imperial, tem uma certeza: "muitas empresas de restauração vão passar a fechar mais cedo os estabelecimentos" e a "servir apenas o almoço", cancelando o serviço do jantar. É uma medida para "reduzir custos", porque, reconhece, "a partir de certa hora do dia não se faz dinheiro".

Manter clientes é a prioridade

Na mesma linha, Jorge Dias Carlos, gerente do restaurante Tório, também em Lisboa, assume: "vamos ter de absorver uma parte deste aumento, a fim de manter os nossos clientes fidelizados", derivado da "perda de poder de compra, do aumento dos custo fixos e da manutenção dos valores salariais" dos clientes do seu estabelecimento.
Admitindo que "as perspetivas não são optimistas", Jorge Dias Carlos aponta o dedo à "concorrência desleal dos grandes grupos económicos, como o grupo Jerónimo Martins, que pratica preços impossíveis de equipar", receando que, em 2012, "uma grande parte pequenas empresas de cariz familiar é para fechar" devido à crescente quebra de clientes.
Questionado sobre as medidas para suster o impacto, o gerente do restaurante Tório é claro com a "Vida Económica": "traçamos um plano de contenção de custos, evitando 'stocks' de mercadorias e estudando no mercado quem oferece qualidade a menor custo". Tudo isto, a par da "redução de quadro de pessoal", da "promoção de jantares temáticos" e da "apresentação dos nossos produtos em diversas empresas da área".


* São os pequenos e médios empresários do sector que vão pagar as favas, os estabelecimentos a armar ao "fino" têm "novos ricos" com fartura e aqueles que realmente são de grande qualidade, existem em número satisfatório, têm de se aguentar a bem do prazer da mesa.


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