08/01/2012



ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"

Brasileiro de 15 anos bate Apple

Pedro Franceschi achou que o novo iPhone 4S não dava a devida atenção ao idioma português, e tratou de o corrigir, ultrapassando a Apple

"Como a Apple sempre esquece do Brasil quando lança algum produto desse tipo, achei que seria uma oportunidade legal de tentar mudar isso", afirmou Pedro Franceschi à agência Lusa. O aparelho, que começou a ser vendido nas lojas brasileiras em Dezembro passado, está disponível apenas em inglês, francês e alemão.

A ideia, segundo Pedro Franceschi, partiu de uma conversa com os amigos, uma vez que eles próprios são utilizadores do iPhone 4S e sentiam falta de poder utilizá-lo na sua língua. De maneira simplificada, o jovem explica que a adaptação foi feita a partir da interceptação da comunicação entre o dispositivo de voz do iPhone, conhecido como Siri, e os servidores da Apple. Para tal, o jovem programador utilizou o aplicativo Dragon Dictation, que também transcreve dados de voz, mas "já" entende o português.

"Basicamente, o áudio é interpretado utilizando o aplicativo Dragon Dictation, da Nuance, é traduzido e regravado em inglês e então é enviado de volta para a Apple, simulando uma consulta feita em inglês ao Siri", explica modestamente o estudante.

Segundo Pedro Franceschi, a solução foi encontrada após três dias "quebrando a cabeça" e duas noites "viradas". O trabalho maior foi decifrar os protocolos de comunicação trocados entre a Apple e o iPhone 4S. O invento ainda não está disponível para os utilizadores, mas deverá passar a estar em breve.


"No momento não é possível disponibilizá-lo sem o Jailbreak [dispositivo que desbloqueia o aparelho para permitir a instalação de outros programas, que não os da Apple]. Quando o Jailbreak do iPhone 4S for lançado, disponibilizarei o Siri em português para todos os usuários 4S", garante.

Como utilizou na adaptação tecnologias que são patenteadas (da Dragon Dictation, por exemplo), Pedro explica que a única parte de seu trabalho possível de ser registável seria o algoritmo de comparação de áudios, criado por ele. O jovem responsável pela façanha afirma, no entanto, que não possui qualquer interesse em registar patentes de inventos seus, por questões ideológicas. "Acho que o conhecimento é livre e patentear 'software' não é uma alternativa interessante para monopolizá-lo", enfatiza.

Desde a divulgação de sua descoberta, o jovem autodidacta, que programa desde os oito anos de idade, passou a ser procurado por várias empresas, com ofertas de trabalho. Nenhum delas, no entanto, o fez sair até ao momento da firma de programação onde já trabalha. Contactada pela Lusa, a Apple informou que não comentaria o invento de Pedro Franceschi.

* Poderá ser um dos novos heróis da língua portuguesa, demonstrou que a defende, melhor que autoridades portuguesas que lá fora, feitos poligolotas envergonhados, entretêm-se a falar "estrangeiro".

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