11/12/2011

JOSÉ LUÍS SEIXAS

 
 A certeza
     da incerteza

Aprovado o orçamento de Estado para 2012 com os votos e proclamações previsíveis, o País antecipou finalmente a dimensão da austeridade dos tempos que virão. Todos andamos um pouco perdidos e desnorteados como náufragos num oceano imenso de dúvidas e incertezas. Dizem-nos que poupemos. Feitas as contas aos aumentos de impostos e às reduções (directas e indirectas) de rendimentos, perguntamos como. E se, fruto de muita frugalidade e ginástica, conseguirmos pôr de lado uns euros, que destino lhes dar? Depositá-los em bancos em crise?

Fazer aplicações em produtos financeiros sem garantias e com uma ciclópica volatilidade? Investi-los em imobiliário cuja tributação prometida assegurará um rendimento líquido negativo e uma desvalorização crescente? O que resta, pois? Socorrer-nos da velha caixa de sapatos, nela guardando as notas de uma moeda cuja sobrevivência é quotidianamente questionada? Ou seja, até o homérico acto de poupar comporta um rosário de questões sobre o destino do poupado a que ninguém consegue responder com segurança. Tudo é passível de mudança súbita. Resta, pois, o avisado conselho do Bispo do Porto, D. Manuel Clemente: valorizemos o que durante muitos anos esquecemos, por entre a facilidade e a abundância que, apesar de virtuais, nos foram oferecidas.

Saibamos nos nossos mundos, pequenos ou grandes, merecer a vida que recebemos. Ou, dito de uma forma mais popular: alimentemos a esperança de que não há mal que sempre dure; sim, porque sabemos já que não há bem que não acabe…!


IN "DESTAK"
06/12/12

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