27/12/2011




HOJE NO
"i"

Anonymous divulga lista 
com cartões de crédito. 
Mais de 50 são registos portugueses

Grupo não quis fechar o ano sem uma acção espectacular. Cumpriu e instalou o caos na rede

O grupo de hackers Anonymous atacou a infra-estrutura digital da Stratfor, uma empresa de global intelligence com publicações diárias de previsões estratégicas e análises do mundo dos negócios, revelando a falta segurança do servidor que alojava a base de dados. Na sequência desse ataque foram divulgadas informações sensíveis sobre os assinantes da publicação, nomeadamente nomes, números de cartões de crédito, códigos de confirmação, moradas e números de telefone. No entanto, antes de as divulgarem, o grupo utilizou alguns desses cartões para doar cerca de um milhão de dólares a várias instituições de solidariedade, como a Cruz Vermelha Americana, a Save The Children e a Care.

Embora o grupo tenha anunciado ser detentor da lista completa, foram divulgadas secções parciais dos A’s e dos D’s aos M’s. Entre os clientes, encontram-se vários nomes portugueses - desde militares a jornalistas, passando por agentes das forças de segurança ou elementos de empresas de consultoria - sem a certeza do total que figura na restante lista. O i entrou em contacto com alguns dos lesados, que acusaram a recepção de um email, por parte da Stratfor, a alertar para o roubo e a lamentar o sucedido. No entanto, uma das pessoas confirmou não ter prestado atenção ao email, não ter conhecimento da exposição dos dados e de só ter decidido contactar a sua intituição bancária após a nossa chamada. Entre os milhares de números disponíveis, é possível que muitos sejam cartões de crédito temporários, enquanto outros já estejam caducados.

Foram os casos do major Mário Tomé e do general Loureiro dos Santos, que souberam através do i que os seus dados pessoais, incluindo morada, endereço de e-mail, número de telefone e de cartão de crédito, tinham sido divulgados. Mário Tomé afirmou que foi o próprio banco que detectou movimentos suspeitos no cartão de crédito e procedeu ao seu cancelamento. “Há uma semana ou duas, o banco cancelou o meu cartão devido a uma compra, no valor de 79 cêntimos, de uma aplicação para iPhone”, revelou ao i o major, confirmando, no entanto, que o número divulgado pelos hackers correspondia, de facto, ao do cartão de crédito, entretanto cancelado. Já Loureiro dos Santos desvalorizou a informação publicada na sequência dos ataques do grupo Anonymous, uma vez que à excepção do endereço de e-mail e do número do cartão de crédito, expirado em Maio de 2009, os restantes dados são “de conhecimento público”, explicou. Segundo o general, não houve, por isso, qualquer consequência financeira pela publicação destes dados.

MARINHA NA LISTA A Marinha Portuguesa é uma das empresas incluídas na lista confidencial dos clientes da Stratfor, que os Anonymous divulgaram na internet.

Contactada pelo i, a instituição militar preferiu não fazer, para já, qualquer declaração oficial, adiantando que se encontra neste momento “a investigar a situação e a reunir a informação necessária” antes de fazer qualquer esclarecimento público. Além da divulgação deste departamento do Ministério da Defesa Nacional como cliente da agência norte-americana, houve elementos da instituição que foram visados individualmente, vendo publicados os seus dados pessoais, o número e código do cartão de crédito.

Juntam-se à Marinha Portuguesa, na lista de clientes da Stratfor, diversas instituições governamentais internacionais, departamentos das Nações Unidas, da defesa norte-americana, embaixadas, companhias aéreas e de transportes ferroviários, empresas petrolíferas, como a brasileira Petrobras, e multinacionais dos mais variados sectores, como a Sony, a Phillips, a Pfizer, a Microsoft, a Wester Union, a American Express, a Visa, o Crédito Suíço ou o BNP Paribas.


* Ninguém dá cabo destes cérebro-piratas e, quando os encontram, recrutam-nos para os serviços secretos, o crime compensa.

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