02/12/2011



HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Descubra os cursos 
com menos desemprego

Serviços de segurança, saúde e ciências da vida são as áreas com menos inscritos nos Centros de Emprego.

As áreas com menos desempregados inscritos nos centros de emprego são os serviços de segurança, a saúde e as ciências da vida. Os dados são do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Educação e Ciência (GPEARI), mas quem fez as contas foi Pedro Lourtie, professor universitário e ex-secretário de Estado do Ensino Superior.

De acordo com o quadro elaborado por Pedro Lourtie, as áreas com mais desemprego são a agricultura, silvicultura e pescas, os serviços sociais e a informação e jornalismo. Seguem-se as humanidades, indústrias transformadoras e ciências empresariais.

O investigador elaborou a lista dos cursos com maior desemprego a partir dos números do GPEARI, fazendo um rácio do número de desempregados a dividir pelo número de diplomados. "Esse rácio dá uma noção completamente diferente da dos números absolutos", que apresentavam como a área com o maior número (bruto) de desempregados as ciências empresariais.

No entanto, calculando o rácio entre o número de desempregados inscritos nos centros de emprego e o números de diplomados com o mesmo curso, "o primeiro é a agricultura, silvicultura e pescas e direito aparece já mais à frente, enquanto ciências empresariais, que aparecia em primeiro nos números absolutos, também já não fica tão mal", salienta Pedro Lourtie.

Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros, considera esta informação "fundamental" para os jovens. "Apesar de esta categoria de engenharia, técnicas e afins ainda incluir muita coisa, é um mar de gente que está neste descritor, nota-se que o desemprego para esta categoria não é tão elevado", o que tem o valor de "estimular os jovens para carreiras que têm uma maior empregabilidade", frisa o bastonário.

Face aos rácios de áreas como a agricultura, Carlos Matias Ramos considera que "não houve informação suficiente, para os jovens escolherem essas áreas".

Já Adriano Pimpão, membro da direcção da Ordem dos Economistas, refere que "o desemprego dos licenciados pode ter três causas: excesso de oferta, qualidade deficiente do curso ou pouca qualificação das empresas". O economista acrescenta que "esta última causa tem sido pouco analisada em Portugal mas é muito relevante. Nesta fase da vida do país, o abrandamento da actividade económica também contribui para a diminuição da procura".

"As medidas de regulação devem passar primeiro que tudo pela avaliação dos cursos, retomando o processo que é agora da competência da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. Neste processo as Ordens também participam através de pareceres no âmbito das competências profissionais", conclui Adriano Pimpão.

Mulher, licenciada em agricultura, silvicultura ou pescas, e à procura de emprego no norte do país à menos de três meses. Este é o perfil-tipo do diplomado no desemprego em Portugal. A maioria estão à procura de um novo emprego e vêm do sistema universitário público.

A maior parte dos diplomados inscritos em centros de emprego são mulheres (66%), têm entre 25 e 34 anos (47,8%) e residem no Norte do país (39,4%). O grau de licenciado é o mais comum entre os diplomados no desemprego (86,1%). Cerca de um quarto dos diplomados no desemprego estão à procura de trabalho há menos de três menos (24,7%), mas uma percentagem quase idêntica está à procura há mais de seis meses (24,5%).

Áreas com menos emprego

- A área com maior número de desempregados por diplomados é a da agricultura, silvicultura e pescas.

- A segunda área onde o rácio entre diplomado e desempregado é maior é os serviços sociais.

- Informação e jornalismo é a terceira área onde há mais desemprego.

- Seguem-se as humanidades, indústrias transformadoras e ciências empresariais.

Indicadores do desemprego dos diplomados

66%
Dois terços dos diplomados no desemprego são mulheres. Na população geral, a maioria dos desempregados também são mulheres, mas a percentagem é menor: apenas 53%.

1,32
Agricultura, silvicultura e pescas é a área com o rácio mais elevado (1,32) entre os diplomados e o número de desempregados. A seguir vêm as ciências sociais, com 1,04, seguidas da informação e jornalismo, com 0,99.

0,10
Serviços de segurança é a área com menos valor de rácio (0,10) entre o número de diplomados e os desempregados. Saúde surge logo a seguir, com 0,19, e as ciências da vida ocupam o terceiro lugar neste ‘top', com 0,28.

23.012
Ciências sociais, comércio e direito é a área de formação com mais diplomados em instituições de ensino superior (23.012 alunos), no ano lectivo de 2009/2010. A seguir vem saúde e protecção social, com 16.387, e engenharias, indústria transformadora e construção, com 14.412.


* O PAÍS REAL

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