17/11/2011


HOJE NO
"i"

Jovens começam mais cedo no álcool 
e embebedam-se mais vezes
Mais de metade dos alunos de 18 anos admitiu 
já ter apanhado uma bebedeira. Cirroses, violência
e dependências estão a surgir mais cedo, 
avisam os investigadores

Começam mais cedo a beber, bebem mais e embriagam-se com mais frequência. O consumo de álcool entre os adolescentes portugueses “é um problema”. Quem admite são os próprios autores do estudo do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) que ontem foi apresentado em Lisboa. Do universo de alunos com 13 anos, 37,7% já experimentaram bebidas alcoólicas e 8% confessaram ter apanhado pelo menos uma bebedeira. O número é ainda maior entre os jovens de 18 anos – um em cada nove já consumiu álcool e 53,9% já se embriagaram.

O relatório sobre consumo de álcool, tabaco e drogas em meio escolar decorreu em Maio e envolveu 13 mil alunos do ensino público entre os 13 e os 18 anos. O retrato destes consumos entre os estudantes do básico ao secundário mostra que, embora haja mais jovens a experimentar canábis, a percentagem dos consumidores actuais está a diminuir. Há também menos adolescentes a consumir bebidas alcoólicas, mas os que bebem ingerem maiores quantidades, optam por bebidas mais fortes (destiladas) e embebedam-se com mais frequência – um quarto dos alunos com 18 anos admitiu ter-se embriagado no último mês.

“O álcool é definitivamente um problema, sobretudo tendo em conta que são tão jovens e não estão preparados biologicamente para isso”, avisa Fernanda Feijão.

Sintomas como cirroses hepáticas, violência e dependências alcoólicas surgem também mais cedo, segundo o vice-presidente do IDT. Daí que “já estejam a ser estudadas alterações à legislação”, conta Manuel Cardoso. Garantir a eficácia da fiscalização para se cumprir a idade mínima legal de consumo (actualmente só é possível actual em flagrante delito), monitorizar as campanhas de publicidade dos festivais de música ou envolver os encarregados de educação são as estratégias que o IDT quer aprofundar.

“Não faz sentido que um miúdo de 13 anos seja apanhado na rua pela polícia intoxicado e os pais não cheguem a saber que isto aconteceu. É preciso que, no mínimo, sejam chamados ao local”, defendeu o responsável do instituto, esclarecendo que a intervenção terá de ser feita no sentido de tentar diminuir ou atrasar o início dos consumos e ainda reduzir as quantidades consumidas. A prevenção só será, no entanto, eficaz, se a par da intervenção do Estado existir também maior responsabilidade dos adultos, alerta Fernanda Feijão: “Os pais não podem demitir-se. Se tenho um filho adolescente que sai à noite, tenho de saber com quem vai, o que faz e o que é capaz de fazer.”

Apesar de ter diminuído o número de consumidores de álcool e de tabaco, os que consomem fazem-no com mais frequência. Segundo o estudo, um terço dos jovens com 18 anos fuma, percentagem que desce para 5,3% nos alunos com 13 anos. Porém, os consumidores têm vindo a diminuir nas camadas mais jovens e a estabilizar nas mais velhas.

Nos consumos de drogas, houve uma subida dos jovens que as experimentaram, mas os consumidores habituais diminuíram. No caso da canábis, 27,1% dos alunos com 13 anos disseram já ter consumido este ano. Há também um aumento no consumo de anfetaminas, entre os alunos mais novos, e um decréscimo na cocaína, entre os adolescentes de 16 anos. Os hábitos, contudo, estão muito ligados aos ambientes de lazer e dependem sobretudo das modas e do mercado, explica Fernanda Feijão. “Há mercado e isto é um negócio que rende muito dinheiro”, censura a investigadora, salientado que os resultados do consumo de droga até são “bastante satisfatórios”.


* A raíz do problema está na defeituosa educação familiar, para quando a responsabilização dos pais que permitem aos filhos menores consumirem alcool?
Os pais (ir)responsáveis, têm de ser punidos!!!


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