28/10/2011



HOJE NO
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Sexo? Sim, por favor, mas com 
história, romance e beijinhos
Erika Lust, realizadora de filmes pornográficos feministas, quer acabar com a mania de tratar as mulheres como pedaços de carne e com os estereótipos da pornografia tradicional

“Para mim a pornografia é a maior representação de todos os estereótipos sociais e sexuais.” Erika Lust é realizadora de filmes pornográficos para mulheres e casais e orgulhosa criadora da produtora Lust Films. A diferença em relação à pornografia tradicional? “Penso que as mulheres são tratadas como pedaços de carne. Ninguém quer saber se elas realmente sentem prazer com o sexo nem se realmente querem ter sexo com aqueles homens. Ninguém se importa com o que as mulheres querem mesmo”, explica a realizadora por email.
Erika Lust nasceu na Suécia e vive em Barcelona há dez anos, com o companheiro e duas filhas pequenas. Foi lá que começou a trabalhar na indústria depois de ter estudado realização. Mas foi a cadeira de Política e Feminismo que fez na universidade que lhe abriu os olhos para a “discriminação do género e as más interpretações da sexualidade por parte dos media”. Quando deu por ela estava na Catalunha a abrir caminho para “um novo tipo de cinema para adultos, com uma pornografia mais autêntica para as mulheres e homens de hoje”.
No entanto, o interesse por este género cinematográfico não foi amor à primeira vista: “A primeira vez que vi um filme pornográfico senti-me fisicamente excitada mas ao mesmo tempo muito envergonhada e desconfortável. Mas à medida que fui crescendo e descobrindo grandes filmes de realizadoras como Candida Royalle ou Jennifer Lyon Bell fui aprendendo e tornei-me uma entusiasta do género”, conta.
Entusiasta e especialista. Pouco a pouco tornou-se mais crítica e chegou a uma triste conclusão: “Na pornografia convencional as mulheres são rotuladas de virgens ou de putas. E foi esse estereótipo que me motivou a expressar a minha opinião e a fazer filmes de uma perspectiva feminina para lembrar aos espectadores que as mulheres têm uma sexualidade que precisa de ser explorada e vivida em pleno.”

Sexo pela igualdade A verdade, confessada pela realizadora é que a Lust Films faz parte de uma luta feminista, já que “mostrar a sexualidade feminina é mostrar que são seres humanos iguais aos homens”. “Pornografia feminista é a maior forma de feminismo, já que lutar contra a pornografia é negar a sexualidade das mulheres. Por isso o meu objectivo é fazer a diferença criando pornografia com mulheres genuínas que gostam de sexo”, acrescenta.

Sexo para todos Os filmes de Erika não se limitam às mulheres. A realizadora garante “que são para ser vistos por todos aqueles que procuram uma forma de entretenimento adulto diferente, uma coisa mais sexy, mais erótica, mais autêntica”.
Erika descreve os seus filmes como “sensuais, trazendo o erotismo de volta à pornografia”. “Mostram pequenos detalhes, contextos, olhares... todas as pequenas coisas que fazem do sexo uma experiência real e não se limitam a excitar o corpo.”
As personagens são pessoas comuns, que podiam passar na rua sem despertar a atenção. Não parecem prestes a rebentar de silicone, não parecem saídos de um concurso de halterofilia nem da casa de alterne da esquina. “Não cabem em estereótipos de género. São atraentes mas não precisam de silicone ou pénis gigantes para ser desejáveis. O sexo vive da atracção”, explica Erika.
Mas atenção: os filmes da Lust films não são só velinhas, sombras, beijinhos e abraços. Há sexo explícito e pormenores capazes de fazer corar mentes mais impressionáveis. O que se passa é que o acto sexual tem uma dose de envolvimento e intimidade que a pornografia tradicional não explora. Além disso, a fotografia é muito mais bonita e os planos mais sofisticados.
O primeiro filme de Erika Lust, “Five Hot Stories for Her”, de 2007, foi o Melhor Filme do Ano nos prémios de Pornografia Feminista de Toronto e o documentário independente e experimental “Barcelona Sex Project”, que mostra seis pessoas a masturbarem-se, ganhou o prémio de Melhor Documentário erótico nos prémios E-Line de Berlim. Lust é também autora de três livros “Good Porn, a Woman’s Guide”, “The Erotic Bible to Europe” e “Love Me Like You Hate Me”.
Os últimos filmes da realizadora, “Life Love Lust” e “Cabaret Desire”, estão disponíveis na boutique erótica Egoïste (www.egoiste.pt), assim como um conjunto de acessórios e brinquedos sexuais, alguns de design.


* Pelos vistos um pornosucesso...esta realizadora anda à procura de artistas.

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