11/10/2011

FERNANDA CACHÃO


Pobre Dinamarca

Parece que os dinamarqueses que prefiram pão com manteiga vão pagar imposto. Os que gostem de hambúrgueres com batatas fritas ou de queijo vão pagar imposto. Os que usem fiambre, óleo ou leite nas suas refeições vão também pagar imposto.


O governo dinamarquês vai taxar todos os alimentos que tenham mais de 2,3 por cento de gordura saturada. Um aumento de 2,15 euros por quilo em direcção à saúde geral e ao controlo da obesidade em prol da elegância colectiva. O governo dinamarquês é a mãe de todos os dinamarqueses. O padrinho da indústria do light. O agiota que sabe onde ir buscar dinheiro.

A Dinamarca fica longe. Para o bem e para o mal, não há comparação. Não nos pode servir de exemplo. A taxa não é grega, é dinamarquesa, podem descansar os portugueses.

Que nos levem tudo, menos a comidinha – o queijinho da Serra ou de Azeitão, a cabidela apurada, as tripas ou feijoada, migas, leitão à Bairrada ou cozido que até é à nossa moda, a portuguesa. Os dinamarqueses não sabem o que isto é e por não saberem, não sabem o que perdem. E não sabem o que faz um arroz de favas ou um caldo de galinha com fígado e moelas num livro de um escritor chamado Eça.

IN "CORREIO DA MANHÃ"
06/10/11

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