16/10/2011



ALMODOVAR
DISTRITO DE BEJA



GEOGRAFIA

O Concelho de Almodôvar está situado no Baixo Alentejo, distrito de Beja, entre a Serra do Caldeirão e a planície alentejana. É rodeado pelos concelhos de Loulé e Silves a Sul e Sudoeste, Ourique a Poente, Castro Verde a Norte, Mértola a Nascente, e ainda Alcoutim, num curto segmento da ribeira do Vascão.

Dista da capital de distrito 64 quilómetros, de faro de 74 quilómetros e 214 quilómetros de Lisboa. 
Com 775,9 Km2 de superfície, 1 terço do seu território, situado mais a Norte e a que correspondem as freguesias de Aldeia dos Fernandes, Rosário e Graça de Padrões e parte da freguesia de Almodôvar, é plano e pouco arborizado. 

As actividades com maior expressão económica são ali o cultivo de cereais de sequeiro, a criação de gado bovino, ovino e suíno, a produção de leite e queijo de ovelha e a apicultura.
Os restantes dois terços situam-se mais a Sul, são constituídos por Serra revestida de uma vegetação abundante, onde se destaca a esteva, o medronheiro, o sobreiro e a azinheira e correspondem a 5 das 8 freguesias: Almodôvar, Santa Clara - a - Nova, Gomes Aires, Santa Cruz e S. Barnabé, onde se situa o Pico do Mú, um dos locais mais altos de toda a Serra do Caldeirão.


A sua principal riqueza é a cortiça, a aguardente de medronho, o queijo de cabra e o mel. A população aqui é dispersa e vive destas actividades, que desenvolve em paralelo com a pequena agricultura.
O feriado municipal comemora-se no dia 24 de Junho ( S. João ).

HISTÓRIA

A origem de Almodôvar diluí-se na luminosidade dos campos alentejanos. Entre histórias e lendas é difícil atribuir à vila, com precisão, uma origem, uma cultura e uma época.  Na realidade, foram vários os povos que passaram pela Península Ibérica e marcaram, com o peso da sua cultura, as terras alentejanas. 

Gentílico Almodovarense
Área 775,88 km²
População 7 163 hab. (2009[1])
Densidade populacional 9,23 hab./km²
N.º de freguesias 8
Presidente da Câmara Municipal Não disponível
Fundação do município
(ou foral)
1285
Região (NUTS II) Alentejo
Sub-região (NUTS III) Baixo Alentejo
Distrito Beja
Antiga província Baixo Alentejo
Orago Santo Ildefonso
Feriado municipal 17 de Abril
Código postal 7700 Almodôvar
Endereço dos
Paços do Concelho
Não disponível
Sítio oficial CM Almodôvar
Endereço de
correio electrónico
geral@cm-almodovar.

Almodôvar, no entanto, aparece pela primeira vez assinalada nos mapas do tempo dos Árabes ou Muçulmanos, com o nome de Al-Mudura. Almodôvar é a corrupção da palavra árabe Al-Mudura que significa "a coisa em redondo, ou cercada em redondo". E, de facto, Almodôvar foi reedificada pelos árabes no século VII, altura em que a vila foi cercada de muralhas e edificado um castelo, cujos vestígios, no entanto, desapareceram.

   Almodôvar pertenceu ao mestrado de Santiago a quem concedeu Foral EL-Rei D. Dinis em 17 de Abril de 1285, o que demonstra ser esta vila, já nessa época um centro importante.
Concedia-lhe D. Dinis, nessa Carta de Foral grandes poderes entre os quais "o de o povo não pagar portagem em parte nenhuma" nem "os gados da vila e seu termo pagarem montas" como consta do Livro de Regimento de Verdes e Montados.
Mais tarde, D. Manuel I, em 1 de Junho de 1512 deu novo Foral à vila, confirmando e ampliando os privilégios concedidos por D. Dinis. Este novo Foral concedia muito mais regalias, insenções e de prerrogativas mais latas.

A igreja matriz é o mais imponente monumento da Vila de Almodôvar, na simplicidade das suas colunas toscanas, na riqueza dos altares laterais e na sumptuosidade do altar-mor, mandado construir por D. João V.
Mas para Almodôvar, há um acontecimento de grande valia e objecto de grande estima e orgulho: trata-se da existência aqui da primeira espécie de uma Universidade de Teologia do Sul de Portugal, que funcionou no Convento de Nossa Senhora da Conceição. Parte da Biblioteca desta Universidade encontra-se hoje na Câmara Municipal. 



O Convento referido que ainda hoje existe foi fundado em 1680 por Frei José Evangelista, lente jubilado da Universidade com os bens que herdou dos seus pais. Lançou a primeira pedra a 2 de Setembro de 1680.
Apesar da riqueza histórica do Concelho de Almodôvar, é pelo afecto que se aprofundam e interiorizam todas as presenças do passado, longe dos estereótipos do mundo moderno. Almodôvar continua fiel às suas origens, às suas tradições, à sua história. 

HERÁLDICA

O branco: da orla (da vila), representa a prata e significa humildade e riqueza.
O amarelo: do castelo, do realçado das abelhas e da bandeira, representa o ouro e significa fidelidade, constância e poder.
O vermelho: da bandeira e da iluminação do castelo,  representa a luz (claridade).
O verde: das bolotas, significa fé e esperança.


 Processo de oficialização da heráldica do município de Almodôvar
Em 1936, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal do concelho de Almodôvar encomenda, a Afonso de Dornelas, o estudo das armas, bandeira e selo do município de Almodôvar. Concluído o estudo, Afonso de Dornelas envia-o à Comissão Heráldica da Associação de Arqueólogos Portugueses, a fim de, sobre este, ser dado parecer. A 17 Fevereiro de 1937, esta entidade emite parecer favorável sobre o estudo que lhe fora enviado. A 27 de Março do mesmo ano, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Almodôvar, por unanimidade, concorda com o estudo - proposta apresentado por Afonso de Dornelas. Em seguida, a referida comissão solicita à Direcção Geral de Administração Política e Civil da Ministério do Interior a aprovação desta proposta. Em 5 Abril de 1938, o Ministro do Interior faz publicar a Portaria n.º 8969, onde se aprova a constituição heráldica das armas, bandeira e selo do município de Almodôvar.

Teor do estudo das armas, bandeira e selo do município de Almodôvar
"Deseja a vila de Almodôvar que as suas armas, bandeira e selo sejam estudadas, pois não consta que, em qualquer época, tenha tido simbologia própria. Vila antiga, com forais de D. Dinis, teve o seu castelo de notável antiguidade e muralhas que fechavam os limites da vila. Foi comenda antiga da Ordem de S. Tiago. A sua região é muito fértil, com grandes montados, muitas colmeias e caça. Tem várias indústrias, sendo rico em cereais, cortiça, gados, entre outros. Com estes elementos históricos e de riqueza regional não é difícil ordenar as suas armas, bandeira e selo.

Como a peça principal das armas é de ouro e vermelho, a bandeira é amarela e vermelha. Quando destinada a cortejos e outras cerimónias, a bandeira é bordada de seda e terá um metro quadrado de área. Quando se destina a ser arvorada é de fitel e terá as dimensões julgadas convenientes. Foi indicado o negro para o campo das armas e para as abelhas, por ser o esmalte que simboliza a terra e significa firmeza e honestidade. O ouro do castelo e do realçado das abelhas significa fidelidade, constância e poder. A prata da vila denota humildade e riqueza. O verde significa fé e esperança."


MONUMENTOS

A escolha de Santo Ildefonso (monge e abade do mosteiro beneditino de Toledo, e depois bispo da mesma cidade, que viveu no século VII) como padroeiro da paróquia de Almodôvar constitui um interessante reflexo da presença da espiritualidade monástico - militar no Baixo Alentejo, difundida pelos freires da Ordem de Avis que seguia a Regra de São Bento.

Porém, a primitiva igreja matriz desta vila, pertencente em tempos ao padroado real, foi doada por D. Dinis, no ano de 1297, à Ordem de Santiago. Esta teve aqui uma das suas colegiadas, formada por um prior e três beneficiados.
O templo actual, traçado em 1592 pelo arquitecto Nicolau de Frias, constitui um exemplo muito elaborado da tipologia de “igreja-salão”, com três naves de quatro tramos cobertas de abóbadas, revelando grande sentido de unidade espacial. O desenho rigoroso da lanimetria, o ritmo da composição dos alçados e a própria atenção conferida ao tratamento dos pormenores, como as seis colunas toscanas em que assentam as arcarias de vulto perfeito, são bem reveladores do sentido de depuração classicizante atingida por este modelo nos finais do século XVI, em consonância com a austeridade da Contra-Reforma.
D. João V determinou uma remodelação parcial do edifício, assim descrita em 1747 pelo Padre Luís Cardoso: “porque a capela-mor se achava arruinada, e por sua pequenez fica imperfeito o edifício da igreja, que é o maior templo desta
comarca, foi Sua Majestade servido mandar pelo Tribunal da Mesa da Consciência, e Ordens, se derrubasse, e se fizesse regular ao restante da igreja, e se acrescentasse tribuna, que de presente se anda fazendo”. Estas obras vieram a ser completadas com a encomenda à oficina do entalhador eborense Sebastião de Abreu do Ó dos sumptuosos altares de talha dourada e policromada da nave, cuja riqueza denota pujança das diversas confrarias e irmandades da matriz.
Nos séculos XIX e XX realizaram-se outras intervenções de vulto que modificaram substancialmente a fábrica maneirista, a última das quais teve lugar na década de 1950. Data de então o painel de Severo Portela, representando o Baptismo de Cristo no Jordão, que ornamenta o baptistério.
A paróquia de Almodôvar conserva na igreja um importante acervo de alfaias litúrgicas, em parte oriundo do antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição da mesma vila, que pertenceu à Ordem Terceira de São Francisco.

Situado a este da vila, pertencia à Ordem Terceira de S. Francisco e foi fundado em 1680, por Frei Evangelista, lançando-se a primeira pedra a 2 de Setembro daquele ano. 

Todos os seus altares são de talha dourada, dos finais do século XVII e princípio do século XVIII. O tecto da capela-mor está pintado, esta capela tem ainda três quadros: um com o presépio e dois relacionados com o Casamento da Santíssima Virgem com S. José. Por baixo dos quadros existem dois extensos painéis de azulejos de cor, predominantemente azul. À entrada do templo está colocado um órgão de tubos, de estilo oriental. Esta igreja tem apenas uma pequena torre sineira, no frontispício.

Situado na Praça da República foi outrora Paços de Concelho. Consta que, neste edifício, pernoitou D. Sebastião, aquando da sua passagem por Almodôvar, a 8 e 9 de Janeiro de 1573, em viagem pelo Alentejo e Algarve. 

Com a mudança dos Paços do Concelho para o Convento de S. Francisco foi, o primitivo edifício, transformado em cadeia. Actualmente, está instalado neste edifício o Museu Municipal, dedicado a Severo Portela, ao qual doou parte do seu espólio artístico.

Torre do Relógio
Edifício de grande solidez estrutural e de marcada austeridade formal, com aspectos característicos da arquitectura popular e vernácula de feição regional, que correspondem ao gosto de tradição maneirista muito arreigado nos edifícios públicos do Baixo Alentejo que datam dos inícios do séc. XVII.
Esta torre de carácter civil servida por uma escadaria exterior, é um tipo de imóvel que se generaliza em Portugal a partir dos séculos XVII-XVIII, em que geralmente se adaptava uma antiga torre da muralha da vila a torre de relógio.

Em 1889, a Câmara Municipal de Almodôvar manda aí instalar o relógio que anteriormente se encontrava na Torre direita da Igreja Matriz de Santo Ildefonso, danificada por um raio, que foi posteriormente substituído por um mais moderno, em 1970.
É monumento de arquitectura de influências barroca, popular e vernácula, cuja cobertura se caracteriza por apresentar um coruchéu octogonal e uma platibanda vazada no coroamento, compondo-se ainda com um campanário decorado onde estava instalado o primitivo sino do relógio.

Janela Manuelina - Praça da República
Localizada numa casa particular de arquitectura habitacional, esta tem na sua fachada principal uma janela bem característica do gosto exuberante da arquitectura manuelina, patente nos elementos torsos e nas reminiscências da arte mudéjar, manifestas no capitel. 
Com dois arcos de volta perfeita, a janela é profusamente decorada com motivos vegetalistas (cardos estilizados entre folhagens) e geométricos. Um verdadeiro ícone em Almodôvar da arte portuguesa da época dos descobrimentos.

Museu Arqueológico de Sta Clara a Nova

O museu surgiu em 1984 na Casa da Cultura e divide-se em cinco espaços, sendo a sala de entrada uma espécie de cartão de visita. 

Aqui encontramos peças etnográficas que pretendem ilustrar e divulgar as formas de viver na serra alentejana, as tradições, profissões e actividades rurais, através de uma série de objectos e ferramentas expostas. Uma das salas está dedicada à arqueologia, com algum do espólio encontrado na Estação Arqueológica das Mesas do Castelinho.

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NATUREZA

Palheiros de Veio

 Monte das Figueiras (Estrutura primitiva de formato circular e cobertas de colmo).

Pêgo da Cascalheira
Localizada na Freguesia de Santa Cruz, este é um local fantástico, onde poderá apreciar as águas límpidas que atravessam a Ribeira do Vascão, e descobrir os moinhos de água e os açudes existentes. 

Pertencente à Zona de Protecção Especial do Vale do Guadiana, pois alberga alguns espécimes raros, a ribeira do Vascão é uma zona rica e protegida que merece uma atenção especial, já que aqui se encontra, por exemplo, um dos últimos redutos do saramugo (Anaecypris hispânica), peixe típico do Guadiana e que pode estar prestes a desaparecer. 

Ponte da Ribeira de Cobres (Medieval)
Situada a leste da vila de Almodôvar e construída sobre a ribeira de Cobres em data desconhecida na Idade Média (séculos XII ou XIII), a ponte tem 25 metros de comprimento, onde se desenvolvem três arcos de volta perfeita, de arquitectura românica.

É provável que neste local tenha existido anteriormente uma ponte de origem romana, revelando a importância de Almodôvar como local estratégico nas vias que ligavam Beja ao Algarve. Segundo textos antigos, a ponte já existia em 1375, tal como o Poço de Sacoto que lhe fica contíguo, tendo este cumprido uma função de abastecimento público de água aos homens e animais que por aqui passavam. A ponte foi recuperada em 1973, após ter sido danificada por temporais.

ARTESANATO
 
O Concelho de Almodôvar é bastante rico no que diz respeito às artes tradicionais pouco conhecidas do público, onde nascem peças únicas das mãos do artesão e que são inspiradas no imaginário popular e nos costumes desta região.

Algumas destas artes já desapareceram e outras encontram-se em vias de extinção, facto que deriva do aparecimento de novas tecnologias e da produção industrial em massa, a qual prima pela quantidade…em prejuízo da autenticidade.
Calçado, cadeiras, queijos, meias de linha, mantas de lã, albardas e malhins, aguardente de medronho, bonecas, miniaturas, mantas de retalhos, mel e seus derivados, trabalhos em tear, ferraria, fabrico de linho, fabrico da cal, latoaria, cestos , colchas de linho, carroças, telhas de canudo…tudo se fazia no Concelho de Almodôvar há pouco mais de 25 anos…
Existia uma variedade imensa de artes e ofícios, de entre os quais se destacavam os sapateiros, as tecedeiras, os ferreiros, os latoeiros, os padeiros, os moleiros, os albardeiros, os alfaiates, os apicultores, os cesteiros, os tosquiadores e os abegões.
A indústria do calçado artesanal teve grande impacto no Concelho almodovarense e há cerca de 50 anos eram mais de 60 os sapateiros. De referir que existiu em Almodôvar, o primeiro Sindicato Nacional de Sapateiros, fundado em 1942, o qual chegou a ter 200 associados, facto bem demonstrativo da importância que este ofício assumiu. Hoje, ainda se encontram alguns sapateiros artesanais que se encontram no activo.
Actualmente, das restantes artes e ofícios, há que destacar as mantas de lã e de retalhos, os artigos de cartucheira, os trabalhos em latoaria e a cestaria que saem das preciosas mãos dos artesãos e que se transformam em memórias inesquecíveis da tradição e cultura do povo almodovarense
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