13/07/2011


ANA LUÍSA AMARAL
1956




MINHA SENHORA DE QUÊ


dona de quê 


se na paisagem onde se projectam

pequenas asas         deslumbrantes folhas

nem eu me projectei
 


se os versos apressados

me nascem sempre urgentes:

trabalhos de permeio            refeições

doendo a consciência inusitada
 


dona de mim nem sou

se sintaxes trocadas

o mais das vezes nem minha intenção

se sentidos diversos           ocultados

nem do oculto nascem

(poética do Hades quem mdera!)
 


Dona de nada            senhora nem

de mim: imitações de medo
 
os meus infernos

.

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