21/07/2011

ALMORRÓIDA LICENCIADA(MENTE)


Ex-docente da UNI disse que houve insistência para garantir regularização do diploma de Sócrates 

Uma ex-docente da Universidade Independente (UNI) revelou hoje em tribunal que, em 2007, a então presidente do Conselho Científico da UNI insistiu para ficar em acta que "não havia irregularidades" com a pauta de um aluno: 
José Sócrates


Susana Martins da Luz, antiga directora do Departamento de Química da Universidade Independente, foi hoje ouvida na qualidade de assistente no julgamento do caso UNI, em Lisboa, que tem como principais arguidos o accionista da UNI Amadeu Lima de Carvalho, o ex-reitor Luís Arouca e o vice-reitor Rui Verde.
Susana Luz relatou que em 2007 a presidente do Conselho Científico, Emília Raposo, fez questão que ficasse em acta que "não havia irregularidades" com o diploma do então primeiro-ministro José Sócrates, tendo para o efeito levado fotocópias de pautas de dois professores - Luís Arouca e António Morais - que tinham dado no total cinco cadeiras do curso de Engenharia de José Sócrates.
A depoente disse ter estranhado que a pauta exibida só tivesse um nome, o de José Sócrates.
À saída do Tribunal de Monsanto, explicou aos jornalistas que estranhou haver só um nome na pauta, porque havia declarações públicas e notícias nos jornais a garantirem que vários alunos tinham feito o mesmo exame de José Sócrates.
Disse ainda não ser normal o Conselho Científico analisar pautas de alunos, mas que Emília Raposo insistiu em registar aquela declaração em ata através da discussão do assunto na rubrica "assuntos diversos".
Susana Luz precisou aos jornalistas que uma das cadeiras que constava da pauta de José Sócrates foi ministrada por Luís Arouca (Inglês Técnico) e quatro por António Morais.
Já a 19 de Abril de 2006, Susana Martins da Luz enviara uma "exposição de irregularidades" na UNI ao então ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, alertando que "as administrações sucedem-se, os dirigentes responsabilizam-se mutuamente pelo descalabro da situação financeira" e a "comunicação social levantou questões graves", tendo designadamente "o reitor (Luís Arouca) acusado o então administrador Amadeu Lima de Carvalho de possuir diplomas falsos de licenciatura e mestrado na UNI".
"Têm-se verificado várias situações anómalas, isentas de lisura e de legalidade", diz a carta enviada a Mariano Gago, em que é descrito o facto de a proíbirem de entrar na UNI, de ter ordenados em atraso e de lhe terem retirado funções sem "qualquer motivo ou justificação".
Alerta ainda Mariano Gago para o facto de os então administradores da SIDES, proprietária da UNI, não acatar ordens do Tribunal de Trabalho referentes a uma providência cautelar que ganhou.
Os principais arguidos do caso UNI estão acusados de associação criminosa, abuso de confiança, fraude fiscal, burla, corrupção e falsificação de documentos.
A crise na UNI começou com suspeitas de irregularidades no funcionamento da instituição, tendo-se verificado em Fevereiro de 2007 sucessivas reviravoltas no controlo da instituição e da empresa que a detinha, a SIDES, disputadas por duas facções em litígio.
A instituição foi encerrada a 31 de Outubro de 2007, por decisão do ministro do Ensino Superior.

IN "PÚBLICO"
20/07/11

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