27/06/2011

ALMORRÓIDA CRIATIVA


Ideias criadas em laboratório 
vão resolver a vida de 60% das famílias


Sessenta pessoas juntam-se em Lisboa para ter ideias eficazes e de baixo custo para reduzir a pobreza

Alguém sabe como nasce uma ideia? Uma ideia simples e capaz de resolver os problemas de 60% das famílias portuguesas a ganhar entre 500 e 800 euros? Hoje e amanhã poderá ter uma oportunidade para seguir passo a passo como é que uma ideia germina, ganha forma e até merece um prémio de 16 mil euros por ser melhor que todas as outras.

São 60 pessoas que trabalham em empresas públicas, privadas e ainda em organizações sociais que vão estar encafuadas na Culturgest, em Lisboa, à procura de soluções para resolver três grandes problemas da nossa sociedade - o baixo rendimento das famílias; a sobreocupação de 12% dos portugueses que têm mais de um emprego para pagar as despesas; e a transição para a reforma de uma população que se sentia activa mas que caiu em depressão com elevados encargos para o Estado.

Os desafios foram lançados pela associação TESE e têm como ponto de partida os três novos fenómenos identificados num estudo desta organização não- -governamental. O primeiro é a geração sanduíche, conta a presidente da associação, Helena Gato: "Quase um terço das famílias tem rendimentos inferiores a 788 euros e, por isso, não são pobres o suficiente para terem direito a subsídios, nem tão pouco ricas que consigam ter acesso a serviços como creches, cuidados permanentes aos idosos, etc.." Do outro lado estão os outros 30% das famílias com salários inferiores a 500 euros.

Contas feitas, seis em cada dez famílias vive à tona da água. É a geração dos novos pobres que a socióloga Helena Gato caracteriza como sendo uma população urbana que, apesar de ter mais estudos do que os seus pais, tem uma pior qualidade de vida do que a geração anterior.

Está definido o público-alvo para o qual este laboratório vai trabalhar. Só falta encontrar as soluções para os seus problemas. Mas, como raras são as ideias (boas) que nascem de processos instantâneos, estes fazedores de ideias vão ter de percorrer um caminho que só pode durar 48 horas. Hoje passam a manhã a ouvir sete especialistas de diversas áreas - portugueses e estrangeiros. Será como que uma inspiração para a etapa seguinte, em que o público já não pode assistir.

À tarde, as 60 pessoas, onde estão incluídos arquitectos, bancários, farmacêuticos, advogados ou designers, organizam-se em 10 equipas à volta de um problema concreto, que tanto pode ser o endividamento, a poupança ou a transição para a reforma. Os grupos vão procurar soluções, mas não estão sozinhos, uma vez que várias equipas de técnicos vão monitorizar o seu trabalho e fornecer toda a informação de que necessitam.

Amanhã, ao final do dia, cada grupo tem de apresentar uma ideia ao público. Uma grande ideia para resolver um grande problema - um júri decide qual ou quais as melhores. Pode ser só uma, duas ou até seis ideias, se todas as equipas conseguirem essa proeza.

À associação TESE caberá a missão de testar as soluções no terreno e depois dar-lhes dimensão, conta Helena Gato: "Se calhar, os vencedores vão encontrar ideias que nem exigem grande financiamento, mas apenas contactos e adequação às necessidades do mercado."

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27/06/11

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