26/05/2011

FRANCISCO J. GONÇALVES


 Cidadãos 
       só atrapalham



As democracias estão doentes. As nossas sociedades são ainda, formalmente, democráticas, mas os cidadâ0id{ustão reduzidos à condição de idiotas úteis que vão às urnas, de quatro em quatro anos, não para escolher representantes, mas para legitimar a oligarquia dos partidos políticos.

Ora, para estes, os cidadãos são o que a bola é para alguns jogadores de futebol: uma coisa que só atrapalha. Foi por isso mesmo que surgiu em Espanha o movimento cívico dos ‘indignados’, e é por isso também que vale a pensar naquilo que significa.

Todos sabemos há muito que as democracias deixaram de ser um sistema de representação dos cidadãos. Hoje, o que os parlamentos nacionais e locais representam não são os eleitores, são as organizações (as empresas, os bancos…) que compraram os partidos. É por isso que dificilmente o voto pode ainda ser considerado uma arma democrática. Ou melhor, continua a ser uma arma, mas está agora apontada à cabeça de quem vota. Sair à rua e gritar, como têm feito os espanhóis, pode não mudar nada, mas pelo menos prova que há vida e pensamento nos cidadãos.

É essa vida que falta em Portugal. Por aqui, uma sucessão de governos medíocres enterrou o País. E que fazemos? Vamos votar em silêncio. Pior, vamos provavelmente renovar o mandato do mais recente e eficaz coveiro da nossa Democracia. Deus nos perdoe.

IN "CORREIO DA MANHÃ"
25/05/11

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