20/02/2011

OCTÁVIO RIBEIRO




 Adeus ao adepto

A partir de ontem o Sporting ficou livre dos humores de José Eduardo Bettencourt. Ainda falta provar que o futuro será mais risonho depois dele. O grande problema da era Bettencourt foi ditado pela alma de adepto a ganhar à frieza de gestor que Bettencourt certamente terá noutras áreas de atividade. O coração de leão subiu à cabeça do presidente e não lhe deixou espaço para um discurso frio, diplomata, calculista. O mesmo coração de adepto levou-o a demitir Paulo Bento para depois investir milhões em Pongolle e entregar a equipa nas mãos de Carvalhal. Foi esse pulsar acelerado que lhe veio à boca na despedida de Moutinho. Na contratação de Costinha, na fuga para a frente da chamada de Couceiro.

Na liderança do Sporting, nos atos públicos mais sensíveis, José Eduardo Bettencourt apagou fogos sempre com recurso a gasolina. Aos repelões, de pior, para pior.

Ninguém tem razões para duvidar do sportinguismo deste homem. A paixão tolhe a razão, e Bettencourt sofre com o seu clube. Mas a um gestor, principalmente a um gestor bem pago, exige-se frieza de raciocínio, capacidade de análise e firmeza na imposição da estratégia trilhada.

Com Bettencourt, o adepto de cachecol, o sofredor do bestial e da besta, chegou ao posto mais alto do clube. E deu no que deu.

P.S. – Ainda o Sporting: Paulo Sérgio disse que, em Olhão, viu o campo inclinado. Qualquer observador desapaixonado concorda. É tão doloroso testemunhar o trabalho de um árbitro tecnicamente capaz, mas provocantemente desastrado. Depois do recital de Benquerença, o Sporting enfrenta o Benfica sem treinador e sem lateral-esquerdo. E Hélder Postiga escapou à razia só graças a um enorme autocontrolo. Aquele fora-de-jogo, escandalosamente arrancado na cara do guarda-redes, tirava do sério muito avançado cordato. Parabéns a Postiga!

IN "RECORD"
16/02/11

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