08/02/2011

DANIEL BESSA






Custos políticos?

No que se refere ao nosso destino, o tempo é de espera. Diz-se que, internamente, o Governo não poderá fazer mais do que executar o orçamento e aprovar as reformas que lhe vão sendo ditadas do exterior (agora, no mercado de trabalho). Os credores, por um lado, e a liderança política europeia, por outro lado, a seu tempo, decidirão.

Não concordo com este ponto de vista. Acho sempre que podemos fazer mais. Liderar. Tomar a iniciativa. Surpreender. Porque não, por exemplo, tomarmos nós próprios a iniciativa de intervir em áreas como o sistema de justiça, ou o sistema político?

O Governo mostra-se orgulhoso das medidas que tem vindo a tomar. Invoca a coragem necessária para suportar os custos políticos destas medidas. E, sendo assim, não parece disposto a fazer mais do que o que lhe vai sendo exigido. Respeito o motivo de orgulho mas não concordo com os cálculos subsequentes.

No dia em que não terá sido seguido por mais de 12% do eleitorado na indicação de voto que deu nas Presidenciais, o partido de Governo chegou aos 30% numa sondagem à boca das urnas sobre o que, no mesmo dia, seriam os resultados de umas eleições legislativas. Foi a maior surpresa da noite das eleições Presidenciais e não validam muito a tese dos alegados custos políticos das medidas que têm vindo a ser adotadas.

IN "EXPRESSO"
29/01/11

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