13/01/2011

PEDRO SOUSA CARVALHO

Pedro Sousa Carvalho

O FMI, o assalto ao poder 

         e a Nossa Senhora de Fátima


A chegada do FMI a Portugal está por dias. Este fim-de-semana, várias publicações internacionais – o Financial Times, o El Mundo, o El País, o La Vanguardia, o Expansión e o Der Spiegel – diziam que a chegada do FMI a Portugal é uma inevitabilidade.

O alemão Der Spiegel afirmava mesmo que Merkel e Sarkozy estão a pressionar Sócrates para seguir o exemplo da Grécia e da Irlanda para evitar o contágio a outros países do euro. Estamos a ser tratados como uma espécie de leprosos do sistema financeiro europeu. A Reuters, que cita uma fonte do Eurogrupo, diz ainda que a Finlândia e a Holanda já se juntaram ao eixo franco-alemão para pressionar Portugal e avança mesmo com um valor para o auxílio a Portugal: 60 a 80 mil milhões de euros.
José Sócrates continua em negação. É o chamado esticar a corda. Brian Cowen e Georges Papandreou também mentiam com todos os dentes uma semana antes da Irlanda e da Grécia terem recorrido ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira.

A confirmação de que Portugal terá mesmo de recorrer ao FMI poderá chegar esta quarta-feira quando regressar ao mercado para vender 750 a 1.250 milhões de dívida de longo prazo. E a julgar pelo preço que pagámos na semana passada, para vender 500 milhões a curto prazo, não se augura nada de bom.

E o que é que Portugal pode fazer para evitar a chegada do FMI? Nada! Como diz o ex-ministro das Finanças e ex-governador do Banco de Portugal, Jacinto Nunes, "agora não se pode fazer mais nada. Chegou a altura de invocar a Nossa Senhora de Fátima".

E enquanto dura este chega-não-chega do FMI, o PSD e o CDS preparam o assalto ao poder. Cavaco já tinha preparado o terreno ao dizer que se o FMI chegasse a Portugal é porque o Governo "de alguma forma falhou". E o que Passos Coelho veio insinuar ontem, em entrevista ao DN/TSF, é que Cavaco seja consequente com as suas palavras. Se Passos Coelho não quer apresentar uma moção de censura quando o FMI chegar, então é porque o líder do PSD está a contar com Cavaco para derrubar Sócrates. O CDS, claro está, assina por baixo. Cavaco diz bate, Passos diz mata, Portas diz esfola.

Com a chegada do FMI e eleições antecipadas vai ser um Deus nos acuda. Jacinto Nunes diz que chegou a altura de invocar a Nossa Senhora de Fátima. Eu sugiro que comecemos a rezar pela Santa Edwiges, padroeira dos endividados; pelo São Lourenço, protector dos pobres; pelo Santo Expedito, o santo das causas urgentes e das questões financeiras; pelo Santo Onofre que nos ajude a arranjar dinheiro; pelo São Judas Tadeu, o tal das causas perdidas; e pela Santa Rita de Cássia, a padroeira da causas impossíveis. E já agora, e por que não, pela Santa Dinfna, a padroeira dos loucos.
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Subdirector

IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
10/01/11

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