20/01/2011

JOSÉ ANTÓNIO LIMA

                                                          Dito&Feito


Cavaco Silva terá sido, no mínimo, imprevidente ao não cuidar de saber em que condições de favor lhe eram oferecidas umas largas dezenas de milhar de acções da SLN/BPN nas quais aplicou, em 1999, uma parte das suas poupanças.
Se qualquer cidadão trataria de perceber como estava a ser investido o seu dinheiro, por maioria de razão ele, que fora primeiro-ministro e ministro das Finanças, deveria ter-se informado e acautelado melhor. Para não alegar agora o desconhecimento que invoca desse investimento.
Aceite-se, contudo, a explicação dada por Ramalho Eanes de que também ele, em várias ocasiões, foi convidado por instituições bancárias a adquirir acções a preços favoráveis, porque a utilização do seu nome «dava uma certa imagem ao banco».
Mas se Cavaco terá sido imprevidente, o episódio da participação de Manuel Alegre na campanha de publicidade do Banco Privado converteu-se numa historieta muito mal contada. Em especial, pelo candidato.
Primeiro, Alegre esclareceu que devolvera o cheque e cancelara a campanha. Depois, veio a saber-se que, afinal, não havia cheque nenhum (fora efectuado um depósito directo na sua conta) e que também a campanha publicitária com a sua cara e a sua assinatura seguira alegremente o seu caminho, sem cancelamentos. Alegre não se desmanchou e admitiu então que fora confusão sua ou da sua secretária (que não recambiara o tal cheque que não existia), mas que mandara proceder à devolução do dinheiro.
No momento seguinte, responsáveis do BPP e da agência de publicidade apareceram a informar que o dinheiro de Alegre nunca fora devolvido (e que outras figuras da mesma campanha haviam doado, à partida, as suas verbas a instituições de solidariedade). Continuando sem se desmanchar, Manuel Alegre reconheceu que tudo o que andara a dizer dias antes era sugestionado ou inventado. E assumiu o ónus, colocando um ponto final no assunto.
Pelo meio, Alegre ainda teve o topete de querer confundir tudo e todos, perguntando se também pretendiam impedi-lo de escrever livros, tal como o estavam a coibir de fazer textos literários para anúncios... Extraordinário argumento...
Quem diz com esta facilidade, perante todo o país, mentirolas atrás de mentirolas - pequenas, é certo, mas ainda assim mentirolas - deixa no ar as maiores dúvidas. E inquietações.

Cavaco Silva terá sido, no mínimo, imprevidente ao não cuidar de saber em que condições de favor lhe eram oferecidas umas largas dezenas de milhar de acções da SLN/BPN nas quais aplicou, em 1999, uma parte das suas poupanças.

Se qualquer cidadão trataria de perceber como estava a ser investido o seu dinheiro, por maioria de razão ele, que fora primeiro-ministro e ministro das Finanças, deveria ter-se informado e acautelado melhor. Para não alegar agora o desconhecimento que invoca desse investimento.

Aceite-se, contudo, a explicação dada por Ramalho Eanes de que também ele, em várias ocasiões, foi convidado por instituições bancárias a adquirir acções a preços favoráveis, porque a utilização do seu nome «dava uma certa imagem ao banco».

Mas se Cavaco terá sido imprevidente, o episódio da participação de Manuel Alegre na campanha de publicidade do Banco Privado converteu-se numa historieta muito mal contada. Em especial, pelo candidato.

Primeiro, Alegre esclareceu que devolvera o cheque e cancelara a campanha. Depois, veio a saber-se que, afinal, não havia cheque nenhum (fora efectuado um depósito directo na sua conta) e que também a campanha publicitária com a sua cara e a sua assinatura seguira alegremente o seu caminho, sem cancelamentos. Alegre não se desmanchou e admitiu então que fora confusão sua ou da sua secretária (que não recambiara o tal cheque que não existia), mas que mandara proceder à devolução do dinheiro.

No momento seguinte, responsáveis do BPP e da agência de publicidade apareceram a informar que o dinheiro de Alegre nunca fora devolvido (e que outras figuras da mesma campanha haviam doado, à partida, as suas verbas a instituições de solidariedade). Continuando sem se desmanchar, Manuel Alegre reconheceu que tudo o que andara a dizer dias antes era sugestionado ou inventado. E assumiu o ónus, colocando um ponto final no assunto.

Pelo meio, Alegre ainda teve o topete de querer confundir tudo e todos, perguntando se também pretendiam impedi-lo de escrever livros, tal como o estavam a coibir de fazer textos literários para anúncios... Extraordinário argumento...

Quem diz com esta facilidade, perante todo o país, mentirolas atrás de mentirolas - pequenas, é certo, mas ainda assim mentirolas - deixa no ar as maiores dúvidas. E inquietações.

IN "SOL"
17/01/11

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